O metal do Sepultura dá a volta por cima
Grupo comemora nova fase em sua carreira lançando o EP de covers Revolusongs e gravando novo disco
Marco Antonio Barbosa
20/02/2003
Não seria tão fácil assim derrubar a banda brasileira de maior sucesso na história do rock. Quem apostava que o Sepultura iria, com o perdão do trocadilho, ser enterrrado depois de perder o vocalista Max Cavalera e de se desligar, de forma controversa, da gravadora Roadrunner, perdeu. O grupo já passou a limpo completamente a transição entre cantores - com o americano Derrick Green 100% incorporado - arranjou gravadora nova, a FNM, e neste momento dá os retoques finais naquele que será seu nono disco de estúdio. Para comemorar o momento de virada, o quarteto lança seu primeiro disco pelo novo selo, Revolusongs - um EP com sete covers que contém algumas escolhas surpreendentes, tratando-se de um grupo de heavy metal. A conclusão do plano será a tentativa de retomar o espaço perdido no mercado internacional com a saída de Max, com a volta do grupo aos grandes festivais europeus.
"É uma experiência nova para nós. Agora não tem mais aquela coisa dos caras (da gravadora) verem o passado do Sepultura, ao invés de acreditar no futuro", afirma Andreas Kisser, guitarrista que completa a formação da banda com Green, Igor Cavalera (bateria) e Paulo Jr. (baixo). Ele se refere ao relacionamento do grupo com o novo selo, que tem distribuição nacional pela Universal Music. "Desde a época em que saímos da Roadrunner, estivemos pesquisando e procurando gravadoras aqui (no Brasil) e lá fora, e acabamos fechando com a FNM aqui, a JVC no Japão e a SPV na Europa", conta Kisser, adicionando que as negociações para (re)lançar a banda no mercado norte-americano já estão adiantadas.
Revolusongs é um disco que pode confundir a cabeça de muitos metaleiros mais ortodoxos, ainda que o Sepultura esteja longe de fazer o estereótipo da banda heavy bitolada. "Tocar essas músicas é uma maneira de tentarmos coisas que normalmente não tentaríamos no Sepultura", admite Andreas. As sete canções do disco atiram para várias direções: há, por exemplo, rap (Black Steel in the Hour of Chaos, do Public Enemy), música eletrônica (Angel, do Massive Attack) e new wave (Mongoloid, do Devo). A predileção pela dobradinha peso & velocidade se evidencia nas versões para Messiah (da banda de death metal Hellhammer) e Piranha (do Exodus), mas ainda há mais cartas na manga - Mountain Song, do Jane's Addiction, e o primeiro single do disco, Bullet the Blue Sky (U2). Tudo, claro, submetido a um tratamento extra-pesado. "O nome do disco vem do desafio musical que nós topamos; é uma revolução para nós, nossa forma de sepulturizar essas músicas", diz o guitarrista. Como convidado especial no cover do Public Enemy, o recentemente falecido rapper paulistano Sabotage.
"É fundamental para qualquer músico ouvir todas as tendências. Mesmo o mínimo de influência que você recebe de outros estilos, outras músicas, abre espaços para você se desenvolver e estar sempre com as idéias rolando", acredita Andreas. "Fazer essas covers foi algo que motivou muito a gente e sempre fez parte do Sepultura. São desafios para os quais estamos preparados", completa o guitarrista, lembrando que, entre outras, a banda já gravou anteriormente versões de músicas do Motorhead e dos Titãs. O grupo se diz despreocupado quanto à reação dos fãs mais intransigentes - e o metal está cheio deles - à essa coleção tão variada e até ousada. "Se formos pensar nisso não fazemos mais nada", diz Andreas. "Você acaba parado no meio do caminho e não vai a lugar algum. É bem limitante ficar escutando um só estilo. Você fica parado no tempo."
O EP é, declaradamente, um disco de transição, uma ponte para a nova fase do grupo. "Estávamos escrevendo algumas músicas, mas sem muita motivação, pois não tínhamos nada definido em relação à gravadora", lembra Andreas. "Depois que resolvemos a parte burocrática, começamos a ter mais confiança para escrever material novo para o próximo álbum. Então fazer o Revolusongs serviu para motivar a gente e como uma maneira de voltarmos um pouco para a mídia."
O próximo disco está sendo finalizado no estúdio AR, no Rio de Janeiro, sob a produção do americano Steve Evetts. Ele produziu Nation
, último disco de estúdio do grupo, de 2001. "O novo disco vai ser mais objetivo. Nossos três últimos álbuns foram longos, com 16 músicas, coisas instrumentais, vários convidados... este novo deve ter só dez músicas, doze no máximo, nenhuma passando os quatro minutos de duração", fala Andreas. Ele busca referências na história do Sepultura para situar melhor: "É um trabalho mais direto, sem 'encheção de lingüiça', como foi o Chaos A.D.
, nosso disco mais objetivo. Estamos pegando três ou quatro riffs, montando a estrutura da música, deixando-a um pouco de lado e partindo para outra." No site oficial do grupo ( www.uol.com.br/sepultura), os internautas podem conferir o making-of do disco, com fotos e vídeos do trabalho do Sepultura no estúdio. Com empresário novo (o americano Jim Lewis), o Sepultura se apronta para, em maio, ir rumo ao lucrativo circuito de festivais na Europa, que consagraram o grupo na fase Max Cavalera.
"É uma experiência nova para nós. Agora não tem mais aquela coisa dos caras (da gravadora) verem o passado do Sepultura, ao invés de acreditar no futuro", afirma Andreas Kisser, guitarrista que completa a formação da banda com Green, Igor Cavalera (bateria) e Paulo Jr. (baixo). Ele se refere ao relacionamento do grupo com o novo selo, que tem distribuição nacional pela Universal Music. "Desde a época em que saímos da Roadrunner, estivemos pesquisando e procurando gravadoras aqui (no Brasil) e lá fora, e acabamos fechando com a FNM aqui, a JVC no Japão e a SPV na Europa", conta Kisser, adicionando que as negociações para (re)lançar a banda no mercado norte-americano já estão adiantadas.
Revolusongs é um disco que pode confundir a cabeça de muitos metaleiros mais ortodoxos, ainda que o Sepultura esteja longe de fazer o estereótipo da banda heavy bitolada. "Tocar essas músicas é uma maneira de tentarmos coisas que normalmente não tentaríamos no Sepultura", admite Andreas. As sete canções do disco atiram para várias direções: há, por exemplo, rap (Black Steel in the Hour of Chaos, do Public Enemy), música eletrônica (Angel, do Massive Attack) e new wave (Mongoloid, do Devo). A predileção pela dobradinha peso & velocidade se evidencia nas versões para Messiah (da banda de death metal Hellhammer) e Piranha (do Exodus), mas ainda há mais cartas na manga - Mountain Song, do Jane's Addiction, e o primeiro single do disco, Bullet the Blue Sky (U2). Tudo, claro, submetido a um tratamento extra-pesado. "O nome do disco vem do desafio musical que nós topamos; é uma revolução para nós, nossa forma de sepulturizar essas músicas", diz o guitarrista. Como convidado especial no cover do Public Enemy, o recentemente falecido rapper paulistano Sabotage.
"É fundamental para qualquer músico ouvir todas as tendências. Mesmo o mínimo de influência que você recebe de outros estilos, outras músicas, abre espaços para você se desenvolver e estar sempre com as idéias rolando", acredita Andreas. "Fazer essas covers foi algo que motivou muito a gente e sempre fez parte do Sepultura. São desafios para os quais estamos preparados", completa o guitarrista, lembrando que, entre outras, a banda já gravou anteriormente versões de músicas do Motorhead e dos Titãs. O grupo se diz despreocupado quanto à reação dos fãs mais intransigentes - e o metal está cheio deles - à essa coleção tão variada e até ousada. "Se formos pensar nisso não fazemos mais nada", diz Andreas. "Você acaba parado no meio do caminho e não vai a lugar algum. É bem limitante ficar escutando um só estilo. Você fica parado no tempo."
O EP é, declaradamente, um disco de transição, uma ponte para a nova fase do grupo. "Estávamos escrevendo algumas músicas, mas sem muita motivação, pois não tínhamos nada definido em relação à gravadora", lembra Andreas. "Depois que resolvemos a parte burocrática, começamos a ter mais confiança para escrever material novo para o próximo álbum. Então fazer o Revolusongs serviu para motivar a gente e como uma maneira de voltarmos um pouco para a mídia."
O próximo disco está sendo finalizado no estúdio AR, no Rio de Janeiro, sob a produção do americano Steve Evetts. Ele produziu Nation

