O novo álbum de Flora Purim
Aclamado nos EUA, o CD Perpetual Emotion chega agora ao Brasil
Marco Antonio Barbosa
31/05/2001
"Flora Purim is the reigning queen of Brazilian jazz", diz, com orgulho, o release que acompanha o CD Perpetual Emotion, que a cantora lançou em fevereiro... nos EUA. Só agora, via Virgin Brasil, o álbum chega à terra natal da cantora. "É sempre difícil lançar as coisas no Brasil", afirmou Flora por e-mail ao Cliquemusic sobre o atraso na chegada de seu álbum. Lançado pela gravadora Narada Jazz, o disco recebeu críticas entusiasmadas nos EUA e tem tudo para agradar os fãs de Flora que gostariam de ouvi-la num disco de puro jazz. Mesmo que seja Brazilian jazz.
"Fazer este álbum me trouxe muita felicidade. Fico gratificada só pela constatação de que ainda sou capaz de cantar este tipo de música, mesmo nesta época em que os instrumentos eletrônicos estão dominando tudo. Eu realmente pus meu coração nesse trabalho", afirma Flora. Este "tipo de música" é, na verdade, a conjunção entre uma visão bem ampla da MPB (com ênfase na bossa nova, mas sem se prender a ela) e a liberdade de improvisação trazida pelo contato com o jazz fusion. Escoltada pelo marido, o percussionista Airto Moreira, ela resolveu fazer um retorno às suas próprias raizes jazzisticas.
"No começo de minha carreira, eu era muito influenciada por cantoras como Billie Holiday e Dinah Washington. Esses foram meus primeiros instintos musicais", lembra Flora. "E já há algum tempo eu vinha querendo cantar mais nessa veia, com um feeling mais jazzistico. A idéia de fazer um disco nesse estilo veio de um amigo meu, o produtor Dom Camardella". Quem resolveu o dilema de Flora foi o saxofonista Gary Meek, instrumentista que acompanhou a cantora e Airto em turnês pelos EUA. "Gary disse para mim: 'Você tem canções maravilhosas e eu posso transformá-las em jazz'. Ele então escreveu sete novos arranjos para músicas que eu já vinha cantando, e foi assim que o projeto começou", conta Flora.
Perpetual Light, assim, tornou-se o primeiro disco que Flora e Airto gravaram nos EUA desde Three-way Mirror (de 87, registrado junto a Joe Farrell). "Desde o começo dos anos 90 nós nos dedicamos muito mais aos shows e à vida na estrada do que aos estúdios", diz Flora. Mas esse retorno aos estúdios - Flora não lançava um álbum desde 1995 - não foi nem um pouco traumático. "Fizemos todas as bases do CD em apenas dois dias", conta a cantora. Ela credita isso ao entrosamento entre os músicos do disco: além de Gary Meek, tocam o pianista Christian Jacob, o baixista Trey Henry e, claro, Airto na percussão e encarregado da produção. "Eles (os músicos) se 'encaixaram' muito bem uns com os outros, especialmente nas partes mais free jazz, de improvisação. Já no primeiro ou segundo take a coisa estava no ponto".
No ponto para Flora encaixar sua voz, junto à participação de um convidado bem especial: Oscar Castro Neves, que toca violão e assina os arranjos das faixas Carinhoso (Pixinguinha) e Fotografia (Tom Jobim). "A visão que o Oscar trouxe para essas músicas fez toda a diferença, especialmente da música do Tom, que ele conhece tão bem", afirma Flora. Além dos clássicos já citados, Flora adicionou números de Ira Gershwin/Kurt Weill (My Ship) e Chick Corea (Crystal Silence). O resto das faixas do álbum é assinado pela própria cantora, começando por San Francisco River, justamente nosso Rio São Francisco, o "rio da integração nacional". Flora diz: "É uma música sobre o tempo em que eu queria deixar o Brasil". Em Flora & Airto, ela declara seu amor ao marido e parceiro. "Nada mais me importa além dele. Airto me traz muita paz e felicidade", afirma a cantora. O maridão ganha ainda mais espaço na instrumental Airto's Jazz Dance, feita de encomenda para seus talentos percussivos.
"Minha música tem a mesma energia dos tempos em que comecei minha carreira", acredita Flora. "Mas apenas resolvi baixar o tom um pouco. Simplesmente não há mais a necessidade de se ter um som forte, potente a cada música. Posso mandar a mesma mensagem de maneira mais sutil. É nossa nova força criativa, mais refinada do que antes".
"Fazer este álbum me trouxe muita felicidade. Fico gratificada só pela constatação de que ainda sou capaz de cantar este tipo de música, mesmo nesta época em que os instrumentos eletrônicos estão dominando tudo. Eu realmente pus meu coração nesse trabalho", afirma Flora. Este "tipo de música" é, na verdade, a conjunção entre uma visão bem ampla da MPB (com ênfase na bossa nova, mas sem se prender a ela) e a liberdade de improvisação trazida pelo contato com o jazz fusion. Escoltada pelo marido, o percussionista Airto Moreira, ela resolveu fazer um retorno às suas próprias raizes jazzisticas.
"No começo de minha carreira, eu era muito influenciada por cantoras como Billie Holiday e Dinah Washington. Esses foram meus primeiros instintos musicais", lembra Flora. "E já há algum tempo eu vinha querendo cantar mais nessa veia, com um feeling mais jazzistico. A idéia de fazer um disco nesse estilo veio de um amigo meu, o produtor Dom Camardella". Quem resolveu o dilema de Flora foi o saxofonista Gary Meek, instrumentista que acompanhou a cantora e Airto em turnês pelos EUA. "Gary disse para mim: 'Você tem canções maravilhosas e eu posso transformá-las em jazz'. Ele então escreveu sete novos arranjos para músicas que eu já vinha cantando, e foi assim que o projeto começou", conta Flora.
Perpetual Light, assim, tornou-se o primeiro disco que Flora e Airto gravaram nos EUA desde Three-way Mirror (de 87, registrado junto a Joe Farrell). "Desde o começo dos anos 90 nós nos dedicamos muito mais aos shows e à vida na estrada do que aos estúdios", diz Flora. Mas esse retorno aos estúdios - Flora não lançava um álbum desde 1995 - não foi nem um pouco traumático. "Fizemos todas as bases do CD em apenas dois dias", conta a cantora. Ela credita isso ao entrosamento entre os músicos do disco: além de Gary Meek, tocam o pianista Christian Jacob, o baixista Trey Henry e, claro, Airto na percussão e encarregado da produção. "Eles (os músicos) se 'encaixaram' muito bem uns com os outros, especialmente nas partes mais free jazz, de improvisação. Já no primeiro ou segundo take a coisa estava no ponto".
No ponto para Flora encaixar sua voz, junto à participação de um convidado bem especial: Oscar Castro Neves, que toca violão e assina os arranjos das faixas Carinhoso (Pixinguinha) e Fotografia (Tom Jobim). "A visão que o Oscar trouxe para essas músicas fez toda a diferença, especialmente da música do Tom, que ele conhece tão bem", afirma Flora. Além dos clássicos já citados, Flora adicionou números de Ira Gershwin/Kurt Weill (My Ship) e Chick Corea (Crystal Silence). O resto das faixas do álbum é assinado pela própria cantora, começando por San Francisco River, justamente nosso Rio São Francisco, o "rio da integração nacional". Flora diz: "É uma música sobre o tempo em que eu queria deixar o Brasil". Em Flora & Airto, ela declara seu amor ao marido e parceiro. "Nada mais me importa além dele. Airto me traz muita paz e felicidade", afirma a cantora. O maridão ganha ainda mais espaço na instrumental Airto's Jazz Dance, feita de encomenda para seus talentos percussivos.
"Minha música tem a mesma energia dos tempos em que comecei minha carreira", acredita Flora. "Mas apenas resolvi baixar o tom um pouco. Simplesmente não há mais a necessidade de se ter um som forte, potente a cada música. Posso mandar a mesma mensagem de maneira mais sutil. É nossa nova força criativa, mais refinada do que antes".