O retorno de Jair Oliveira com <i>3.1</i>
Cantor e compositor reforça imagem adulta em novo álbum repleto de parcerias inéditas
Marco Antonio Barbosa
04/10/2003
O primeiro foi o disco da chegada à vida adulta. O segundo, o álbum para (re)afirmar seu
próprio nome. E o terceiro, que cara teria? Essa e outras perguntas sobraram para Jair
Oliveira responder, no momento em que o cantor, compositor e produtor lança seu
terceiro disco solo - 3.1, pela Trama. Ou, ao menos, o terceiro disco da fase
madura de sua trajetória musical. "Esse foi um disco feito com muita tranquilidade",
garante Jair, em entrevista coletiva concedida no Espaço Clube, espécie de
lounge que a gravadora paulista abriu em sua sede (em São Paulo) para eventos
especiais. "Acho que todo novo trabalho representa, de alguma forma, uma guinada na
carreira. Mas também não deixa de ser uma continuação natural do que mostrei nos
discos anteriores", fala o filho de Jair Rodrigues, referindo-se aos CDs Dis'Ritmia
(2000) e Outro
(2002).
Segundo o próprio músico, o fio conceitual de 3.1 segue sendo o mesmo dos anteriores. "É a mistura da música brasileira com minhas influências de música negra americana, soul, jazz, rhythm'n'blues", afirma. Mas ele também marca de cara o que há de diferente. "O fato de eu ter aberto o repertório para novas parcerias foi marcante. E também houve maior uso de recursos eletrônicos", explica. Jair tem razão quanto aos parceiros. Se em todo o seu repertório anterior apenas uma canção (Amor e Saudade, em parceria com Ed Motta) não levava sua assinatura exclusiva, em 3.1 há seis compositores escalados junto a Jair. "Isso teve a ver também com o fato de eu ter me livrado da ansiedade que me marcava anteriormente. No primeiro era natural, pois era a estréia. No segundo, eu quis me reafimar. Agora trabalhei de forma bem mais tranqüila", diz o cantor, justificando a mudança de modus operandi.
No rol das amizades convocadas, há de Otto (Fome Danada) a Arnaldo Antunes (Sozinho Sem Solidão), sem falar em presenças aparentemente díspares em relação ao universo musical de Jair - como Tom Zé (co-autor de Pacote Pacato, e que deu as caras na coletiva) e a dupla de emboladores Caju & Castanha (Arrepio). "Era importante para mim colocar as visões dessas pessoas todas em meu trabalho", conta Jair. "Neste álbum, coloquei de lado um pouco a necessidade de me sobressair como compositor, da forma que aconteceu nos outros". Completa o time de amizades Daniel Carlomagno, amigo do coletivo Artistas Reunidos (que dá uma mão em Anjo Guardião).
Outro fator bastante claro é a chegada de outros temas - além do amor - nas letras. "O amor é sempre o tema mais freqüente para o artista", começa Jair, que emenda: "Mas antes eu escrevia muito mais sobre as relações amorosas e acho que nunca vou deixar de escrever, mas outros temas andam passando pela minha cabeça". Na faixa Língua Quente, Jair rebate as críticas daqueles que só o vêem capaz de compor músicas românticas. Reflexões sobre a crise no Oriente Médio ("Resolvida da pior forma possível", ressalta o cantor) e também a respeito do tríptico mídia/dinheiro/arte marcam a nova safra de Jair Oliveira. Resultado claro disso é Todo Mundo Famoso, surpreendente crítica ao culto às celebridades pré-fabricadas. "Antigamente - no tempo do meu pai, por exemplo - a fama vinha por causa do talento. Agora é o contrário, primeiro o cara fica famoso, depois vê o que vai fazer", ironiza.
Ainda assim, apesar da diversidade sonora, Jair afirma que continua o mesmo: essencialmente fiel a si mesmo. "É por isso também que eu produzo a mim mesmo, é mais fácil do que ficar tentando explicar a alguém como eu quero que o disco soe", fala. O samba sacolejante, influenciado por Djavan e João Bosco, mas misturado a toques black/eletrônicos está de volta, temperado por essas novas visões. Excelentes exemplos da arte ainda intocada de Jair estão em A Ladeira Leva, ou a bela balada Sorriso Insistente. Candidatas a hit, quem sabe? "Acho que uma música como A Ladeira poderia virar sucesso. Ligar o rádio e ouvir uma música sua é uma coisa boa". Ao mesmo tempo, desconversa. "Só que não dá para ter compromisso com isso, assumir como prioridade."
Chama a atenção também o novo visual de Jair, tanto pessoalmente (o cantor assumiu trancinhas semi-rasta, reforçando sua identidade black) quanto na arte do disco (que investe em uma imagem mais estilosa e agressiva, diferente das soluções clean dos trabalhos anteriores). "Não me sinto mais negro por causa do meu cabelo, nem acho que minha música tenha ficado mais black por isso. Mas é certo que eu queria explorar uma outra imagem, criar uma visão mais forte do artista, mesmo para impressionar quem ainda tem a idéia do garotinho do Balão Mágico na cabeça", diz o cantor. "Mas não é porque o disco veio um pouco diferente visualmente que eu vou mudar a minha atitude."
Segundo o próprio músico, o fio conceitual de 3.1 segue sendo o mesmo dos anteriores. "É a mistura da música brasileira com minhas influências de música negra americana, soul, jazz, rhythm'n'blues", afirma. Mas ele também marca de cara o que há de diferente. "O fato de eu ter aberto o repertório para novas parcerias foi marcante. E também houve maior uso de recursos eletrônicos", explica. Jair tem razão quanto aos parceiros. Se em todo o seu repertório anterior apenas uma canção (Amor e Saudade, em parceria com Ed Motta) não levava sua assinatura exclusiva, em 3.1 há seis compositores escalados junto a Jair. "Isso teve a ver também com o fato de eu ter me livrado da ansiedade que me marcava anteriormente. No primeiro era natural, pois era a estréia. No segundo, eu quis me reafimar. Agora trabalhei de forma bem mais tranqüila", diz o cantor, justificando a mudança de modus operandi.
No rol das amizades convocadas, há de Otto (Fome Danada) a Arnaldo Antunes (Sozinho Sem Solidão), sem falar em presenças aparentemente díspares em relação ao universo musical de Jair - como Tom Zé (co-autor de Pacote Pacato, e que deu as caras na coletiva) e a dupla de emboladores Caju & Castanha (Arrepio). "Era importante para mim colocar as visões dessas pessoas todas em meu trabalho", conta Jair. "Neste álbum, coloquei de lado um pouco a necessidade de me sobressair como compositor, da forma que aconteceu nos outros". Completa o time de amizades Daniel Carlomagno, amigo do coletivo Artistas Reunidos (que dá uma mão em Anjo Guardião).
Outro fator bastante claro é a chegada de outros temas - além do amor - nas letras. "O amor é sempre o tema mais freqüente para o artista", começa Jair, que emenda: "Mas antes eu escrevia muito mais sobre as relações amorosas e acho que nunca vou deixar de escrever, mas outros temas andam passando pela minha cabeça". Na faixa Língua Quente, Jair rebate as críticas daqueles que só o vêem capaz de compor músicas românticas. Reflexões sobre a crise no Oriente Médio ("Resolvida da pior forma possível", ressalta o cantor) e também a respeito do tríptico mídia/dinheiro/arte marcam a nova safra de Jair Oliveira. Resultado claro disso é Todo Mundo Famoso, surpreendente crítica ao culto às celebridades pré-fabricadas. "Antigamente - no tempo do meu pai, por exemplo - a fama vinha por causa do talento. Agora é o contrário, primeiro o cara fica famoso, depois vê o que vai fazer", ironiza.
Ainda assim, apesar da diversidade sonora, Jair afirma que continua o mesmo: essencialmente fiel a si mesmo. "É por isso também que eu produzo a mim mesmo, é mais fácil do que ficar tentando explicar a alguém como eu quero que o disco soe", fala. O samba sacolejante, influenciado por Djavan e João Bosco, mas misturado a toques black/eletrônicos está de volta, temperado por essas novas visões. Excelentes exemplos da arte ainda intocada de Jair estão em A Ladeira Leva, ou a bela balada Sorriso Insistente. Candidatas a hit, quem sabe? "Acho que uma música como A Ladeira poderia virar sucesso. Ligar o rádio e ouvir uma música sua é uma coisa boa". Ao mesmo tempo, desconversa. "Só que não dá para ter compromisso com isso, assumir como prioridade."
Chama a atenção também o novo visual de Jair, tanto pessoalmente (o cantor assumiu trancinhas semi-rasta, reforçando sua identidade black) quanto na arte do disco (que investe em uma imagem mais estilosa e agressiva, diferente das soluções clean dos trabalhos anteriores). "Não me sinto mais negro por causa do meu cabelo, nem acho que minha música tenha ficado mais black por isso. Mas é certo que eu queria explorar uma outra imagem, criar uma visão mais forte do artista, mesmo para impressionar quem ainda tem a idéia do garotinho do Balão Mágico na cabeça", diz o cantor. "Mas não é porque o disco veio um pouco diferente visualmente que eu vou mudar a minha atitude."