O show da Miss Brasil 3001
Rita Lee, que estréia este sábado em Porto Alegre a turnê de seu novo CD, aproveita para falar de música, machismo e eleições
Rodrigo Faour
29/09/2000
Rita Lee vai mostrar a partir desse sábado por que está 3001 anos-luz na frente de muita gente. É que ela estréia sua turnê nacional do show 3001 no Teatro do Sesi, em Porto Alegre (e vai para ao Rio, no ATL Hall, no dia 7). A roqueira cancelou a estréia do show prevista para a semana passada porque o equipamento de som ficou retido em Portugal. "Tínhamos ido fazer umas apresentações por lá, mas o equipamento foi extraviado na chegada aqui em Sampa e o container foi parar em Caracas!!!!... Maior preju porque, além de BH, cancelamos outros shows por aqui no interior", justifica Rita, que mais uma vez leva uma produção caprichada ao palco, com simplicidade no figurino e canções de várias fases de sua carreira. "O cenário é de Gringo Cardia, colaborador de longa data, que também assinou a arte do disco novo e, como boa hippie, meu figurino é sempre reciclado do meu velho baú. O repertório vai desde Mutantes até este 3001. Se entrar mais em detalhes perde a graça né?".
Apesar de ser basicamente calcado em rock, seu novo CD traz um flerte com a música eletrônica especialmente na faixa-título e na releitura de 2001 (do repertório dos Mutantes). No palco, os arranjos dessas faixas terão de ser levemente modificados. "Pelo fato de existir a anfetamina natural do palco, as músicas mais eletronificadas, como 3001 e 2001 ficaram mais roquenrolísticas ao vivo, apesar de mantermos as programações que foram usadas na gravação", explica. Rita ainda não arrisca dizer que música vai cair no gosto das pessoas, mas faz fé em Amor em Pedaços. "Não tenho a menor idéia de como anda o gosto popular, mas acredito na força de sedução dessa música que o casal Fernanda/John (do Pato Fu) compôs para o casal Roberto/Rita como presente de bodas de prata".
Bundalização
No repertório do show, entram ainda eternos sucessos como Fruto Proibido, Vírus do Amor, Doce Vampiro, Saúde, uma releitura de Eu Sou Terrível (Roberto e Erasmo Carlos). Do novo CD, além das citadas 3001 e 2001, entram Rebeldade, Erva Venenosa e Pagu. Essa última, aliás, é uma das mais curiosas. É uma parceria com Zélia Duncan, na qual a cantora faz uma crítica voraz à "bundalização" da mulher brasileira nos versos: "Nem toda feiticeira é corcunda/ Nem toda brasileira é bunda". De fato, Rita se confessa irritada com a onda de machismo em funks e raps. Mas por que isso estaria acontecendo? "Elementar meu caro Watson... o patriarcado, que está há milênios no poder, percebe com um certo pânico a iminência de uma retomada do matriarcado, isto faz com que o macho perca seu referencial e parta para a força bruta da cegueira existencial... Há eons o matriarcado também manipulou o poder através de sacerdotisas/oráculas... Trata-se de um ciclo que vai e volta, não é uma teoria feminista, é a história da raça humana desde quando os hermafroditas se dividiram em dois sexos distintos... Vai demorar outros tantos eons para que ambos entrem num acordo", analisa.
Rita acredita na força de uma mulher nas eleições paulistas do próximo domingo. "Acredito que Marta Suplicy vá para o segundo turno tranqüila, o mais temido vai ser a disputa dela depois com um Maluf, Tuma ou Alckimin da vida, pois como você sabe, os paulistanos na hora de votar perdem a memória sã!", ri a Miss Brasil 3001.
Apesar de ser basicamente calcado em rock, seu novo CD traz um flerte com a música eletrônica especialmente na faixa-título e na releitura de 2001 (do repertório dos Mutantes). No palco, os arranjos dessas faixas terão de ser levemente modificados. "Pelo fato de existir a anfetamina natural do palco, as músicas mais eletronificadas, como 3001 e 2001 ficaram mais roquenrolísticas ao vivo, apesar de mantermos as programações que foram usadas na gravação", explica. Rita ainda não arrisca dizer que música vai cair no gosto das pessoas, mas faz fé em Amor em Pedaços. "Não tenho a menor idéia de como anda o gosto popular, mas acredito na força de sedução dessa música que o casal Fernanda/John (do Pato Fu) compôs para o casal Roberto/Rita como presente de bodas de prata".
Bundalização
No repertório do show, entram ainda eternos sucessos como Fruto Proibido, Vírus do Amor, Doce Vampiro, Saúde, uma releitura de Eu Sou Terrível (Roberto e Erasmo Carlos). Do novo CD, além das citadas 3001 e 2001, entram Rebeldade, Erva Venenosa e Pagu. Essa última, aliás, é uma das mais curiosas. É uma parceria com Zélia Duncan, na qual a cantora faz uma crítica voraz à "bundalização" da mulher brasileira nos versos: "Nem toda feiticeira é corcunda/ Nem toda brasileira é bunda". De fato, Rita se confessa irritada com a onda de machismo em funks e raps. Mas por que isso estaria acontecendo? "Elementar meu caro Watson... o patriarcado, que está há milênios no poder, percebe com um certo pânico a iminência de uma retomada do matriarcado, isto faz com que o macho perca seu referencial e parta para a força bruta da cegueira existencial... Há eons o matriarcado também manipulou o poder através de sacerdotisas/oráculas... Trata-se de um ciclo que vai e volta, não é uma teoria feminista, é a história da raça humana desde quando os hermafroditas se dividiram em dois sexos distintos... Vai demorar outros tantos eons para que ambos entrem num acordo", analisa.
Rita acredita na força de uma mulher nas eleições paulistas do próximo domingo. "Acredito que Marta Suplicy vá para o segundo turno tranqüila, o mais temido vai ser a disputa dela depois com um Maluf, Tuma ou Alckimin da vida, pois como você sabe, os paulistanos na hora de votar perdem a memória sã!", ri a Miss Brasil 3001.