P2P: pode o alternativo ser oficial?

Ainda não dá para entender como o modelo peer to peer do Napster e do Scour pode ser patrocinado pelas grandes gravadoras

Vicente Tardin
03/11/2000
Na seqüência da aquisição de parte do Napster pela Bertelsmann, o site Listen.com candidatou-se a adquirir os bens do Scour, serviço que proporciona a troca de arquivos de forma semelhante ao Napster. Detalhe: o Scour está falido e o Listen.com pertence em parte às grandes gravadoras.

A notícia não chamou muito a atenção, talvez devido ao choque que foi a irônica união BMG-Napster. Se tudo der certo, a empresa Listen.com herda a tecnologia de troca de arquivos do Scour e pode colocá-la a serviço das majors, também conhecidas entre as empresas de internet americanas como o cartel.

Resta saber o que Napster e Scour, nas mãos de seus novos donos, vão fazer com a tecnologia peer-to-peer sem infringir os benditos direitos de autoria. Há um contradição importante a ser resolvida – aparentemente, no caso do Napster, o ambiente de livre troca de arquivos entre usuários foi um expediente criado para eximir a responsabilidade da empresa por eventuais cópias indevidas de músicas.

Se há um serviço pago por assinatura contemplando as majors, teoricamente todas as gravadoras independentes estariam sendo prejudicadas cada vez que uma música de seus catálogos for copiada. Deste modo as majors estariam atacando o conceito de propriedade que tanto defendem, não é mesmo? Ou as independentes serão pagas também? E se os arquivos forem protegidos, como se dará a troca?

Estas são apenas questões básicas, entre muitas que surgem quando se gasta uns poucos minutos tentando entender este (im)provável modelo de negócios. Vamos aguardar os próximos capítulos.

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