Patife ganha paulistanos e londrinos

O DJ de drum’n’bass, que discotecou para cinco mil pessoas no centro de São Paulo, é sucesso na Inglaterra com remix de música de Max de Castro

Silvio Essinger
01/11/2000
O Brasil e o drum’n’bass não são mais uma dessas combinações esdrúxulas, do tipo de Cingapura e polca ou Cazaquistão e samba. Que o diga o paulistano DJ Patife, que duas sextas-feiras atrás, junto com o DJ Marky e o duo de DJs/produtores Drumagick, tocou seus discos para cerca de cinco mil passantes na Avenida São João, no Centro de São Paulo, numa grande festa d’n’b que começou às seis da tarde. "O pessoal que estava saindo do serviço tirou gravata, paletó e sapato e foi dançar abraçado com a secretária", conta Patife que agora está devolvendo aos ingleses, em forma de sucesso, a influência que deles sofreu: seu remix da música Pra Você Lembrar, de Max de Castro, tornou-se um inacreditável hit nas festas drum’n’bass de Londres.

Esta faixa (ainda inédita em disco), o remix que ele fez de Samba Sim, da cantora Fernanda Porto, e uma faixa que o DJ Marky ainda está aprontando serão atrações da coletânea Brazil EP, que sairá em breve na Inglaterra pela V Recordings (selo que é representado no Brasil pela Trama). Um detalhe: Marky (que junto com Patife é reconhecido como a grande revelação brasileira do drum’n’bass) está na trupe de DJs da festa londrina Movement, que até o fim do ano percorrerá a Inglaterra, Brasil, Canadá, Austrália, França e Nova Zelândia, lançando o primeiro álbum com a sua chancela.

A história de sucesso de Pra Você Lembrar começou em junho passado, quando Patife encontrou o inglês Fabio, um dos grandes DJs/produtores do drum’n’bass, que estava em São Paulo participando do festival Skol Beats de música eletrônica. O DJ venceu a timidez e mostrou a música no CD player do carro, quando percorriam a marginal do Tietê – Fabio quis logo saber que faixa era aquela, com uma aliciante levada de piano Fender Rhodes. Ele voltou para Londres com um CD-R do remix, a partir dele fez uma cópia em acetato (procedimento comum entre os DJs de drum’n’bass, que só tocam bolachonas pretas) e começou a rodar o disco em suas festas e em seu programa na BBC. Logo, interessaram-se pelo remix outros top DJs como Paul Oakenfold e Giles Peterson. Hoje, a faixa figura nos playlists das principais revistas de dance music do país. Em janeiro do ano que vem, Fabio estará de volta ao Brasil para tocar com Patife e o DJ Calbuque no Rock In Rio – quem sabe leve uns outros CDs brasileiros para estourar nas pistas londrinas.

Enquanto o festival não se realiza, o DJ paulistano aproveita para preparar o seu segundo CD (a estréia foi ano passado, com o álbum de discotecagem DJ Patife Presents Sounds of Drum’n’Bass). Desta vez, ele pretende trazer suas próprias produções, que em breve começa a compor, usando programas de computador como o Logic e o Pro Tools. Será um álbum duplo, Patife avisa – o disco 2 vai ser interativo, com cenas em festas em Londres e depoimentos de DJs ingleses. Patife encerra o CD-Rom com uma gravação ao vivo, a ser feita em festa em São Paulo ("É para rachar o coração", promete), com a participação do MC inglês Exterminator, que improvisará raps sobre as músicas. Em fevereiro, o DJ fecha a tampa do álbum, pois, no mês seguinte, vai discotecar nos Estados Unidos e Escócia, passando em seguida por Londres e Amsterdam. Em abril, ele quer estar no Brasil, firme e forte, para o lançamento dos discos.