Paulo Miklos: nem sempre se pode ser feliz
Em seu segundo disco solo, titã dá preferência às sonoridades acústicas, mas carrega na intensidade interpretativa, andando numa corda-bamba de emoções
Silvio Essinger
14/03/2001
"Do sofrimento vem a melhor poesia, é coisa que não se pode falsear", diz o titã Paulo Miklos, num começo de papo que dá bem a idéia do que é o seu segundo álbum solo, Vou Ser Feliz e Já Volto , lançado esta semana pela Abril Music, a nova gravadora de sua banda. Nas letras das músicas desse disco, ele acredita estar expondo os vários ângulos da paixão - resultado de um processo de composição que não raramente foi bastante dolorido. "Isso exige que se ponha o fígado no trabalho. Mas gosto de alcançar esse estágio", conta. Oscilando entre a total ternura de Sinos Entre os Anjos (que foi "muito escancarada"), o anti-romantismo de Orgia ("A letra é sobre como às vezes não adianta procurar nada além da atração física", diz) e a densidade de texto de um Lâmina de Vidro (sobre o desamor), Vou Ser Feliz tem como tema recorrente a busca da felicidade. "Falo desse movimento de lançar-se atrás, que também tem seus riscos", explica o titã, andando na corda bamba de emoções.
Com a experiência de quem há mais de 20 anos trabalha com música, Paulo Miklos tece comparações entre o novo disco e o seu primeiro solo, Paulo Miklos , gravado e lançado em 1994, nas primeiras férias dos Titãs (quando o baixista Nando Reis gravou seu primeiro solo, 12 de Janeiro , e os vocalistas Sérgio Britto e Branco Melo gravaram Con El Mundo A Mis Pies , com a banda Kleiderman). "Aquele foi um disco solo por excelência - produzi, toquei, arregimentei os músicos, marquei estúdio... Nesse agora, pude me preocupar com outras coisas - se faltava escrever um pedaço da letra, se estava cantando certo, se precisava arrancar o vocal mais lá de dentro. Não foi um disco solo, foi... um disco", explica.
Em Vou Ser Feliz e Já Volto, Paulo Miklos contou com a produção de Dudu Marote, com quem nunca havia trabalhado - mas que, por sua vez, já havia trabalhado com Émerson Villani (guitarra) e James Muller, comparsas de Miklos nos seus dois discos solo. Quem conhece Dudu das eletrônicas que pôs em discos de Skank e Pato Fu vai estranhar o caráter acústico, predominantemente light do CD do titã. "Ele é como as fitas demo das músicas, feitas só com baixo, violão e voz. Mas, mesmo aparentando ser leve, o disco tem uma intensidade", conta. Basicamente, Vou Ser Feliz reúne composições dos dois últimos anos. Mas havia casos como o da delicada música Todo Tempo, que é de 1982.
Todas as composições do disco são de Paulo Miklos (Sem Amor, em parceria com o ex-titã Arnaldo Antunes). A exceção é a canção sertaneja O Milagre do Ladrão, de Léo Canhoto e Zilo, que encerra o disco, travestida de blues. Esta, o titã acabou gravando por insistência do diretor artístico da Abril Music, João Augusto, pois era uma das músicas que mais animava o público num show de voz-gaita-violão que vinha fazendo em São Paulo, antes de pensar no disco solo. "Cantava coisas bastante diferentes nele, como Não Me Acabo (parceria com Arnaldo Antunes, gravada pelo Barão Vermelho), e comecei a colocar coisas absurdas", conta. Uma delas era justamente O Milagre do Ladrão, que ele descobriu no disco Clássicos Sertanejos, de Chitãozinho e Xororó. "Saquei até minha gaitinha de bolso na gravação", diz.
Fechando um pacote que incluiu o segundo disco solo de Nando Reis (Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro ) e o primeiro de Sérgio Britto (A Minha Cara ), Paulo Miklos vê seus discos como experiências que revertem em bons resultados para os Titãs. "É bom, não deixa criar calo. A pior coisa é se acomodar, se supervalorizar", diz. Enquanto a banda não se reúne de novo (mês que vem os integrantes começam a planejar o novo disco, o primeiro pela Abril Music depois de quase duas décadas de Warner), ele sai em turnê com um show solo. "Vou satisfazer minhas vontades", brinca. Miklos canta e toca guitarra, acompanhado por três mulheres: Geórgia Branco (guitarra), Lelena Anhaia (baixo) e Simone Soul (bateria). Sobre o novo disco dos Titãs, ele diz ter algumas músicas compostas em seu estúdio caseiro de quatro canais. Mas conta que o barato vai ser sair colando os pedaços de músicas dos vários integrantes: "O melhor da banda é quando vai moer tudo, é o que dá a liga."
Com a experiência de quem há mais de 20 anos trabalha com música, Paulo Miklos tece comparações entre o novo disco e o seu primeiro solo, Paulo Miklos , gravado e lançado em 1994, nas primeiras férias dos Titãs (quando o baixista Nando Reis gravou seu primeiro solo, 12 de Janeiro , e os vocalistas Sérgio Britto e Branco Melo gravaram Con El Mundo A Mis Pies , com a banda Kleiderman). "Aquele foi um disco solo por excelência - produzi, toquei, arregimentei os músicos, marquei estúdio... Nesse agora, pude me preocupar com outras coisas - se faltava escrever um pedaço da letra, se estava cantando certo, se precisava arrancar o vocal mais lá de dentro. Não foi um disco solo, foi... um disco", explica.
Em Vou Ser Feliz e Já Volto, Paulo Miklos contou com a produção de Dudu Marote, com quem nunca havia trabalhado - mas que, por sua vez, já havia trabalhado com Émerson Villani (guitarra) e James Muller, comparsas de Miklos nos seus dois discos solo. Quem conhece Dudu das eletrônicas que pôs em discos de Skank e Pato Fu vai estranhar o caráter acústico, predominantemente light do CD do titã. "Ele é como as fitas demo das músicas, feitas só com baixo, violão e voz. Mas, mesmo aparentando ser leve, o disco tem uma intensidade", conta. Basicamente, Vou Ser Feliz reúne composições dos dois últimos anos. Mas havia casos como o da delicada música Todo Tempo, que é de 1982.
Todas as composições do disco são de Paulo Miklos (Sem Amor, em parceria com o ex-titã Arnaldo Antunes). A exceção é a canção sertaneja O Milagre do Ladrão, de Léo Canhoto e Zilo, que encerra o disco, travestida de blues. Esta, o titã acabou gravando por insistência do diretor artístico da Abril Music, João Augusto, pois era uma das músicas que mais animava o público num show de voz-gaita-violão que vinha fazendo em São Paulo, antes de pensar no disco solo. "Cantava coisas bastante diferentes nele, como Não Me Acabo (parceria com Arnaldo Antunes, gravada pelo Barão Vermelho), e comecei a colocar coisas absurdas", conta. Uma delas era justamente O Milagre do Ladrão, que ele descobriu no disco Clássicos Sertanejos, de Chitãozinho e Xororó. "Saquei até minha gaitinha de bolso na gravação", diz.
Fechando um pacote que incluiu o segundo disco solo de Nando Reis (Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro ) e o primeiro de Sérgio Britto (A Minha Cara ), Paulo Miklos vê seus discos como experiências que revertem em bons resultados para os Titãs. "É bom, não deixa criar calo. A pior coisa é se acomodar, se supervalorizar", diz. Enquanto a banda não se reúne de novo (mês que vem os integrantes começam a planejar o novo disco, o primeiro pela Abril Music depois de quase duas décadas de Warner), ele sai em turnê com um show solo. "Vou satisfazer minhas vontades", brinca. Miklos canta e toca guitarra, acompanhado por três mulheres: Geórgia Branco (guitarra), Lelena Anhaia (baixo) e Simone Soul (bateria). Sobre o novo disco dos Titãs, ele diz ter algumas músicas compostas em seu estúdio caseiro de quatro canais. Mas conta que o barato vai ser sair colando os pedaços de músicas dos vários integrantes: "O melhor da banda é quando vai moer tudo, é o que dá a liga."