Pérolas entre montanhas de óxido
As péssimas condições de algumas das fitas master dificultaram o trabalho do titã, que encontrou várias delas, dadas como desaparecidas, em depósito no interior de São Paulo
Silvio Essinger
09/08/2000
Charles Gavin conta que os artistas colaboraram bastante com as reedições, seja fornecendo material ou suprevisionando o resultado das remasterizações. "Quem não pode ajudar mais é porque estava viajando, em turnê", diz. Entre os problemas, há o de muitas editoras terem se recusado a negociar as músicas. "O Brasil não tem muito essa cultura da reedição. Na Europa, elas só facilitam", lamenta. Outro, foi o do estado em que estavam as fitas master. No caso dos discos do soulman Carlos Dafé (Pra Que Vou Recordar e Venha Matar Saudades), Gavin conta que foi "um milagre" o CD ter saído – as fitas tiveram que ser postas num forno para voltarem a poder ser tocadas, e havia o risco de que o processo arruinasse os registros sonoros.
Outro caso sério foi o do disco Correio da Estação do Brás, de Tom Zé. "A fita master soltou uma tonelada de óxido e virou durex", conta. O jeito foi deixar o purismo de lado e simplesmente remixar o disco, que entrou em CD junto com o clássico Estudando o Samba. Num outro CD, entraram mais dois LPs de Tom Zé, os raríssimos Se o Caso é Chorar e Todos os Olhos. Alguns masters, dos discos de Novos Baianos (Novos Baianos e Novos Baianos F.C.), A Cor do Som (Frutificar e Ao Vivo em Montreux) e Zezé Motta (Zezé Motta e Dengo, que entraram inteiros no CD com uma faixa bônus, Chica da Silva) tinham sido simplesmente dados como perdidos pela gravadora – o baterista foi achá-los num depósito no interior de São Paulo.
A coleção Dois Momentos traz várias curiosidades para quem começou a consumir música a partir dos anos 90. Como o folk-rock de espírito irremediavelmente hippie da Barca do Sol (nos discos A Barca do Sol e Durante o Verão), que contava com o violoncelista Jacques Morelembaum (hoje arranjador de meia MPB), o violonista Muri Costa (hoje integrante do grupo de samba Arranco) e, em breve participação não registrada em disco (mas em foto, que está no encarte do CD) do futuro pop-star Ritchie, naquela época tocando flauta.
Outra é bem vinda curiosidade é o astro do samba-rock Branca Di Neve. Percussionista de vários artistas da MPB, ele volta com os discos Branca Mete Bronca (de 1987, cuja faixa Pensamento Verde, virou sucesso do pagode dois anos atrás na regravação do Molejo) e Branca Mete Bronca Vol.2 (de 89, que foi lançado apenas com a voz-guia, já que o sambista morreu de aneurisma cerebral durante as gravações).
Alegrias, Gavin teve várias na realização da série Dois Momentos. Uma delas, foi enfim fazer uma reedição digital decente dos dois LPs clássicos de Walter Franco, Ou Não e Revolver. Eles vêm em CD com as vinhetas originais dos vinis e uma faixa-bônus, Por um Triz, que estava no primeiro compacto que o cantor e compositor gravou para a Continental. Outra, foi a de trabalhar com Paulinho da Viola, remasterizando os discos Paulinho da Viola e A Toda Hora Rola uma História. "Era um desejo meu de muitos anos me envolver com algo que ele fez", diz. "Ouvi todas as recomendações dele."
Outro caso sério foi o do disco Correio da Estação do Brás, de Tom Zé. "A fita master soltou uma tonelada de óxido e virou durex", conta. O jeito foi deixar o purismo de lado e simplesmente remixar o disco, que entrou em CD junto com o clássico Estudando o Samba. Num outro CD, entraram mais dois LPs de Tom Zé, os raríssimos Se o Caso é Chorar e Todos os Olhos. Alguns masters, dos discos de Novos Baianos (Novos Baianos e Novos Baianos F.C.), A Cor do Som (Frutificar e Ao Vivo em Montreux) e Zezé Motta (Zezé Motta e Dengo, que entraram inteiros no CD com uma faixa bônus, Chica da Silva) tinham sido simplesmente dados como perdidos pela gravadora – o baterista foi achá-los num depósito no interior de São Paulo.
A coleção Dois Momentos traz várias curiosidades para quem começou a consumir música a partir dos anos 90. Como o folk-rock de espírito irremediavelmente hippie da Barca do Sol (nos discos A Barca do Sol e Durante o Verão), que contava com o violoncelista Jacques Morelembaum (hoje arranjador de meia MPB), o violonista Muri Costa (hoje integrante do grupo de samba Arranco) e, em breve participação não registrada em disco (mas em foto, que está no encarte do CD) do futuro pop-star Ritchie, naquela época tocando flauta.
Outra é bem vinda curiosidade é o astro do samba-rock Branca Di Neve. Percussionista de vários artistas da MPB, ele volta com os discos Branca Mete Bronca (de 1987, cuja faixa Pensamento Verde, virou sucesso do pagode dois anos atrás na regravação do Molejo) e Branca Mete Bronca Vol.2 (de 89, que foi lançado apenas com a voz-guia, já que o sambista morreu de aneurisma cerebral durante as gravações).
Alegrias, Gavin teve várias na realização da série Dois Momentos. Uma delas, foi enfim fazer uma reedição digital decente dos dois LPs clássicos de Walter Franco, Ou Não e Revolver. Eles vêm em CD com as vinhetas originais dos vinis e uma faixa-bônus, Por um Triz, que estava no primeiro compacto que o cantor e compositor gravou para a Continental. Outra, foi a de trabalhar com Paulinho da Viola, remasterizando os discos Paulinho da Viola e A Toda Hora Rola uma História. "Era um desejo meu de muitos anos me envolver com algo que ele fez", diz. "Ouvi todas as recomendações dele."
|
Leia também:
|