Roberto Carlos: afinal, o <i>Acústico MTV</i>... em CD
O Rei fala do lançamento de seu álbum unplugged, o mais atribulado e polêmico disco de sua carreira
Marco Antonio Barbosa
12/12/2001
Ouça agora trechos do Acústico MTV
Todo ano é a mesma coisa, certo? Chega dezembro e junto com Papai Noel vem o tradicional disco de Roberto Carlos, com a capa em tom azul, dez canções que em geral dão saudade dos bons tempos do Rei, e o igualmente indefectível especial de TV da Globo. Pois bem, em 2001 o Brasa resolveu mudar essa história. Pode não ter ido tudo a contento, conforme os planos originais, mas o fato é que Acústico MTV (Sony Music), o 43º álbum da carreira do cantor, realmente não é apenas mais outro disco de Roberto Carlos. Envolto em polêmicas variadas desde sua gravação, em abril último, até sua chegada às lojas (prevista para o começo da próxima semana), o disco é sem dúvida a mais atribulada produção de RC dos últimos anos - quiçá de toda a sua carreira.
O cantor recebeu jornalistas de todo o Brasil hoje (dia 12) no suntuoso hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para falar sobre Acústico MTV e tentar desfazer o vagalhão de boatos disseminados a respeito do CD desde abril. A primeira das confusões envolveu a MTV - produtora do especial homônimo - e a Globo, que detém os direitos exclusivos da imagem de RC na televisão brasileira. Não houve acordo entre as emissoras sobre quem veicularia as imagens do programa, nem quando, nem como. Resultado: o especial repousa nas prateleiras da Music Television, que legalmente não pode exibí-lo, e que não tem vontade alguma de ceder o material à Globo.
"Atravessei esta polêmica toda entre as emissoras dentro do estúdio, finalizando o disco", fala Roberto. "Essas negociações definitivamente não são a minha praia. Claro que fui mantido a par do que estava havendo, mas me concentrei apenas na música." O Rei afirma querer que o especial chegue à telinha. Pelo menos, dos mais abastados. "Ainda não desistimos de lançar o programa, e há a possibilidade de lançarmos em DVD. Depende agora do acordo entre as emissoras, que eu espero que aconteça", diz RC. Mais diplomático, impossível. Aliás, Roberto - do alto de sua experiência de 40 anos lidando com a mídia - conservou-se bem-humorado, falante... e evasivo em suas respostas durante a entrevista coletiva.
Se o que importa é a música, como ela ficou, afinal? Acústico MTV revisita em seu repertório algumas das grandes pérolas compostas por Roberto e Erasmo, basicamente entre o final dos anos 60 e começo dos 70. O Rei se encarrega de tocar violão e piano em algumas faixas, complementando os arranjos econômicos. A maioria das faixas ficou desacelerada e esparsa em relação às gravações originais. Entretanto, nada compromete o real prazer de ouvir belezas como As Curvas da Estrada de Santos, Por Isso Corro Demais, Detalhes e Eu Te Amo, Eu Te Amo, Eu Te Amo na base do violão. O período roqueirão de RC volta com Parei na Contramão, É Proibido Fumar e Calhambeque, dando ar jovial ao conjunto.
"Essas canções representam o que eu quero dizer ao público neste momento. São mensagens de amor", diz o Rei sobre o repertório. A vontade de fazer um Acústico MTV veio da sugestão da falecida esposa, Maria Rita. "Ela me chamou a atenção para o formato do programa, uma coisa realmente muito interessante, e que já virou tradicional - gente como Eric Clapton e Tony Bennett já gravou o seu", diz Roberto. Segundo o cantor, não se trata de uma tentativa de reaproximar sua carreira de um público mais jovem, apelando ao consagrado formato. "Este disco é para todo mundo. Não só para os jovens. Quero que ele tenha uma carreira longa", fala Roberto.
Depois da batalha Globo x MTV, mais bochicho. Roberto teria passado os últimos meses em estúdio retocando obsessivamente o disco - algumas informações dariam conta de que o álbum inteiro foi regravado. Verdade, Roberto? "A mudança mais significativa foi a retirada de três músicas já gravadas. Não acho que tenha levado mais tempo do que o habitual para fazer este disco. Eu sou meio devagar no estúdio mesmo", fala o Rei. O fato é que, programado originalmente para sair em agosto, o disco acabou atrasado em mais de três meses. O que gerou novos comentários: RC estaria pagando uma multa - diária - à Sony pelo atraso. "Não há nada disso", desmente Roberto.
Mas o que tanto havia para mexer um disco ao vivo? Roberto tergiversa. "É preciso entender que um disco acústico não é necessariamente um disco ao vivo. É igual aos outros, mas tem menos recursos técnicos, não tem a parte eletrônica usual. Precisamos mexer, editar, reouvir. Mas refazer nunca, perderíamos a emoção da gravação feita com a platéia". Ou seja, nunca saberemos a verdade... Mais boato: o cantor teria gasto oito dias (!) apenas para dar o tom exato na palavra (!!) "displicente", em Parei na Contramão. "Isso é normal, todo mundo perde um determinado tempo refazendo vocais", minimiza RC, sem negar ou confirmar a exatidão da história.
A última das polêmicas envolve os vetos do Rei a regravações de músicas suas, que atingiram notoriamente Simone e Daniela Mercury. Boataria: RC teria uma lista de canções "malditas", que ninguém, nem mesmo ele, poderia cantar novamente. Mais diplomacia e evasivas: "São várias razões que eu tenho para negar essa ou aquela música a alguém que quer gravar. É uma situação delicada, e sempre é difícil dizer não. Mas há certas músicas que eu prefiro guardar para mim mesmo, para outros projetos", fala o cantor. A censura se estenderia até ao próprio Roberto - que modificou um verso de É Preciso Saber Viver (de "Se o bem e o mal existem", passou a cantar "Se o bem e o bem existem) e já disse que não canta mais seu cavalo de batalha Quero que Vá Tudo Pro Inferno. "Minha cabeça mudou muito desde que escrevi essas músicas. Hoje em dia, do jeito que elas são, não representam mais o meu modo de pensar. Se eu tivesse as feito agora, escreveria com outras palavras", diz Roberto.
Todo ano é a mesma coisa, certo? Chega dezembro e junto com Papai Noel vem o tradicional disco de Roberto Carlos, com a capa em tom azul, dez canções que em geral dão saudade dos bons tempos do Rei, e o igualmente indefectível especial de TV da Globo. Pois bem, em 2001 o Brasa resolveu mudar essa história. Pode não ter ido tudo a contento, conforme os planos originais, mas o fato é que Acústico MTV (Sony Music), o 43º álbum da carreira do cantor, realmente não é apenas mais outro disco de Roberto Carlos. Envolto em polêmicas variadas desde sua gravação, em abril último, até sua chegada às lojas (prevista para o começo da próxima semana), o disco é sem dúvida a mais atribulada produção de RC dos últimos anos - quiçá de toda a sua carreira.
O cantor recebeu jornalistas de todo o Brasil hoje (dia 12) no suntuoso hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para falar sobre Acústico MTV e tentar desfazer o vagalhão de boatos disseminados a respeito do CD desde abril. A primeira das confusões envolveu a MTV - produtora do especial homônimo - e a Globo, que detém os direitos exclusivos da imagem de RC na televisão brasileira. Não houve acordo entre as emissoras sobre quem veicularia as imagens do programa, nem quando, nem como. Resultado: o especial repousa nas prateleiras da Music Television, que legalmente não pode exibí-lo, e que não tem vontade alguma de ceder o material à Globo.
"Atravessei esta polêmica toda entre as emissoras dentro do estúdio, finalizando o disco", fala Roberto. "Essas negociações definitivamente não são a minha praia. Claro que fui mantido a par do que estava havendo, mas me concentrei apenas na música." O Rei afirma querer que o especial chegue à telinha. Pelo menos, dos mais abastados. "Ainda não desistimos de lançar o programa, e há a possibilidade de lançarmos em DVD. Depende agora do acordo entre as emissoras, que eu espero que aconteça", diz RC. Mais diplomático, impossível. Aliás, Roberto - do alto de sua experiência de 40 anos lidando com a mídia - conservou-se bem-humorado, falante... e evasivo em suas respostas durante a entrevista coletiva.
Se o que importa é a música, como ela ficou, afinal? Acústico MTV revisita em seu repertório algumas das grandes pérolas compostas por Roberto e Erasmo, basicamente entre o final dos anos 60 e começo dos 70. O Rei se encarrega de tocar violão e piano em algumas faixas, complementando os arranjos econômicos. A maioria das faixas ficou desacelerada e esparsa em relação às gravações originais. Entretanto, nada compromete o real prazer de ouvir belezas como As Curvas da Estrada de Santos, Por Isso Corro Demais, Detalhes e Eu Te Amo, Eu Te Amo, Eu Te Amo na base do violão. O período roqueirão de RC volta com Parei na Contramão, É Proibido Fumar e Calhambeque, dando ar jovial ao conjunto.
"Essas canções representam o que eu quero dizer ao público neste momento. São mensagens de amor", diz o Rei sobre o repertório. A vontade de fazer um Acústico MTV veio da sugestão da falecida esposa, Maria Rita. "Ela me chamou a atenção para o formato do programa, uma coisa realmente muito interessante, e que já virou tradicional - gente como Eric Clapton e Tony Bennett já gravou o seu", diz Roberto. Segundo o cantor, não se trata de uma tentativa de reaproximar sua carreira de um público mais jovem, apelando ao consagrado formato. "Este disco é para todo mundo. Não só para os jovens. Quero que ele tenha uma carreira longa", fala Roberto.
Depois da batalha Globo x MTV, mais bochicho. Roberto teria passado os últimos meses em estúdio retocando obsessivamente o disco - algumas informações dariam conta de que o álbum inteiro foi regravado. Verdade, Roberto? "A mudança mais significativa foi a retirada de três músicas já gravadas. Não acho que tenha levado mais tempo do que o habitual para fazer este disco. Eu sou meio devagar no estúdio mesmo", fala o Rei. O fato é que, programado originalmente para sair em agosto, o disco acabou atrasado em mais de três meses. O que gerou novos comentários: RC estaria pagando uma multa - diária - à Sony pelo atraso. "Não há nada disso", desmente Roberto.
Mas o que tanto havia para mexer um disco ao vivo? Roberto tergiversa. "É preciso entender que um disco acústico não é necessariamente um disco ao vivo. É igual aos outros, mas tem menos recursos técnicos, não tem a parte eletrônica usual. Precisamos mexer, editar, reouvir. Mas refazer nunca, perderíamos a emoção da gravação feita com a platéia". Ou seja, nunca saberemos a verdade... Mais boato: o cantor teria gasto oito dias (!) apenas para dar o tom exato na palavra (!!) "displicente", em Parei na Contramão. "Isso é normal, todo mundo perde um determinado tempo refazendo vocais", minimiza RC, sem negar ou confirmar a exatidão da história.
A última das polêmicas envolve os vetos do Rei a regravações de músicas suas, que atingiram notoriamente Simone e Daniela Mercury. Boataria: RC teria uma lista de canções "malditas", que ninguém, nem mesmo ele, poderia cantar novamente. Mais diplomacia e evasivas: "São várias razões que eu tenho para negar essa ou aquela música a alguém que quer gravar. É uma situação delicada, e sempre é difícil dizer não. Mas há certas músicas que eu prefiro guardar para mim mesmo, para outros projetos", fala o cantor. A censura se estenderia até ao próprio Roberto - que modificou um verso de É Preciso Saber Viver (de "Se o bem e o mal existem", passou a cantar "Se o bem e o bem existem) e já disse que não canta mais seu cavalo de batalha Quero que Vá Tudo Pro Inferno. "Minha cabeça mudou muito desde que escrevi essas músicas. Hoje em dia, do jeito que elas são, não representam mais o meu modo de pensar. Se eu tivesse as feito agora, escreveria com outras palavras", diz Roberto.