Roberto Menescal burila vozes das atrizes
O produtor prepara os discos de Marília Pêra e Zezé Motta, que serão lançados em outubro, acompanhados de espetáculos. Enquanto Marília canta canções tropicais, Zezé lembra os 80 anos de Elizeth Cardoso
Rodrigo Faour
14/08/2000
Foi uma questão de coincidência. Mas o fato é que o produtor Roberto Menescal investe simultaneamente em dois discos de atrizes consagradas do Brasil: Marília Pêra e Zezé Motta. Ambas lançam no começo de outubro discos relendo clássicos da MPB, cada qual com seu gancho. Marília cantando canções brasileiras bem tropicais de várias fases de nosso cancioneiro e Zezé prestando tributo à cantora Elizeth Cardoso, falecida há dez anos, e que completaria 80 anos de idade no mês passado.
Menescal desmente os boatos de que Marília estaria prestando um tributo unicamente a Carmen Miranda em seus novos CD e espetáculo e explica que ela está encarnando uma "estrela tropical". "Ela canta algo de Carmen Miranda, mas na verdade passa por todas as estrelas tropicais brasileiras, incluindo também os astros", diz. O repertório inclui Cartola (O Sol Nascerá e As Rosas Não Falam), Dorival Caymmi (Sábado em Copacabana, Nunca Mais e Nem Eu), Tim Maia (Sossego, Não Quero Dinheiro e Você), Jorge Ben (País tropical, Mas que Nada e Chove Chuva), mais um pot-pourri de bossa nova (Samba de Verão, Você, entre outras) e algumas marchas carnavalescas (Sassaricando, Chiquita Bacana, A Filha de Chiquita Bacana, entre outras).
"São todas músicas de muito sucesso e que são muito brasileiras", sublinha ele, que já trabalhou com a atriz no início dos anos 60. Ele compôs a trilha sonora e assinou a direção musical da peça A Úlcera de Ouro, no qual ela contracenava com Ary Leite e Augusto César Vanucci. O convite foi feito a Menescal por Marcus Montenegro, empresário de Marília. "Ele não sabia nem exatamente o que queria quando me procurou. Só sabia que não seria um disco com ela imitando alguém, mas um que ela passaria por todas essas estrelas tropicais", conta.
Segundo Menescal, Marília pretende correr o Brasil durante um ano com seu novo show, mas vai estrear o espetáculo fora do eixo Rio-São Paulo. Estréia em Campos (RJ), vai a Portugal para depois chegar no Rio, no Teatro Rival, dia 27 de setembro (em temporada que vai até dia 8 de outubro). "É um pouco mais que um show, mas não chega a ser um musical. É um espetáculo em que ela é a estrela, com banda e backing vocals. Tem texto, mas muito pouco, apenas como elo explicativo, ligando as músicas", esmiúça.
Arranjos atualizados
O caso de Divina Saudade, disco de Zezé, também está associado a um espetáculo, simultâneo ao lançamento do CD. Ela estréia em Belém, no dia 29 de setembro no Teatro Margarida Sckiwazapa e chega a São Paulo dia 27 de outubro no Teatro Renaissance. "Elizeth é uma pessoa importantíssima na MPB, que não se pode fechar o século sem que seja prestada a ela uma bela homenagem", diz. Menescal garante que não houve problemas por parte da produção do disco com o filho de Elizeth, Paulo Valdez, que já barrou algumas outras homenagens a sua mãe este ano.
Menescal conta que está adorando trabalhar com a atriz que, assim como Marília, também já havia cruzado o seu caminho por ocasião do filme Xica da Silva, de Cacá Diegues, em 1976, cujas trilha sonora e direção musical foram suas (à exceção da canção-tema, de autoria de Jorge Ben). "É uma doçura trabalhar com Zezé. Mas, vira e mexe nos encontramos. Ela está mais por perto do que a Marília. Outro dia mesmo, num show com o Marcos Valle e Wanda Sá, a Zezé apareceu. Chamei-a ao palco e ela cantou junto conosco", conta o compositor que pode ser visto ao vivo sexta-feira, no palco do Bar do Tom (RJ) com o referido show.
Para o disco de Zezé, a cantora e o produtor escolheram os maiores sucessos da cantora, enfocando muito os sambas-canções, como Canção de Amor e Tudo é Magnífico. "Mas estamos atualizando as harmonias, para uma coisa do presente. Estamos arranjando as músicas de acordo como a Elizeth as cantaria hoje". A mesma coisa está sendo feita com relação ao disco de Marília. "Estamos procurando levadas bem modernas, da forma como Carmen, Gal ou Jorge Ben estariam cantando hoje essas músicas. Marília, por exemplo, está vestida como uma estrela tropical de hoje, com uma jóia bonita na cabeça. Porque se Carmen vivesse atualmente, teria uma cabeça eletrônica, com lanternas, sei lá. Mais Internet do que frutas", diverte-se.
Menescal desmente os boatos de que Marília estaria prestando um tributo unicamente a Carmen Miranda em seus novos CD e espetáculo e explica que ela está encarnando uma "estrela tropical". "Ela canta algo de Carmen Miranda, mas na verdade passa por todas as estrelas tropicais brasileiras, incluindo também os astros", diz. O repertório inclui Cartola (O Sol Nascerá e As Rosas Não Falam), Dorival Caymmi (Sábado em Copacabana, Nunca Mais e Nem Eu), Tim Maia (Sossego, Não Quero Dinheiro e Você), Jorge Ben (País tropical, Mas que Nada e Chove Chuva), mais um pot-pourri de bossa nova (Samba de Verão, Você, entre outras) e algumas marchas carnavalescas (Sassaricando, Chiquita Bacana, A Filha de Chiquita Bacana, entre outras).
"São todas músicas de muito sucesso e que são muito brasileiras", sublinha ele, que já trabalhou com a atriz no início dos anos 60. Ele compôs a trilha sonora e assinou a direção musical da peça A Úlcera de Ouro, no qual ela contracenava com Ary Leite e Augusto César Vanucci. O convite foi feito a Menescal por Marcus Montenegro, empresário de Marília. "Ele não sabia nem exatamente o que queria quando me procurou. Só sabia que não seria um disco com ela imitando alguém, mas um que ela passaria por todas essas estrelas tropicais", conta.
Segundo Menescal, Marília pretende correr o Brasil durante um ano com seu novo show, mas vai estrear o espetáculo fora do eixo Rio-São Paulo. Estréia em Campos (RJ), vai a Portugal para depois chegar no Rio, no Teatro Rival, dia 27 de setembro (em temporada que vai até dia 8 de outubro). "É um pouco mais que um show, mas não chega a ser um musical. É um espetáculo em que ela é a estrela, com banda e backing vocals. Tem texto, mas muito pouco, apenas como elo explicativo, ligando as músicas", esmiúça.
Arranjos atualizados
O caso de Divina Saudade, disco de Zezé, também está associado a um espetáculo, simultâneo ao lançamento do CD. Ela estréia em Belém, no dia 29 de setembro no Teatro Margarida Sckiwazapa e chega a São Paulo dia 27 de outubro no Teatro Renaissance. "Elizeth é uma pessoa importantíssima na MPB, que não se pode fechar o século sem que seja prestada a ela uma bela homenagem", diz. Menescal garante que não houve problemas por parte da produção do disco com o filho de Elizeth, Paulo Valdez, que já barrou algumas outras homenagens a sua mãe este ano.
Menescal conta que está adorando trabalhar com a atriz que, assim como Marília, também já havia cruzado o seu caminho por ocasião do filme Xica da Silva, de Cacá Diegues, em 1976, cujas trilha sonora e direção musical foram suas (à exceção da canção-tema, de autoria de Jorge Ben). "É uma doçura trabalhar com Zezé. Mas, vira e mexe nos encontramos. Ela está mais por perto do que a Marília. Outro dia mesmo, num show com o Marcos Valle e Wanda Sá, a Zezé apareceu. Chamei-a ao palco e ela cantou junto conosco", conta o compositor que pode ser visto ao vivo sexta-feira, no palco do Bar do Tom (RJ) com o referido show.
Para o disco de Zezé, a cantora e o produtor escolheram os maiores sucessos da cantora, enfocando muito os sambas-canções, como Canção de Amor e Tudo é Magnífico. "Mas estamos atualizando as harmonias, para uma coisa do presente. Estamos arranjando as músicas de acordo como a Elizeth as cantaria hoje". A mesma coisa está sendo feita com relação ao disco de Marília. "Estamos procurando levadas bem modernas, da forma como Carmen, Gal ou Jorge Ben estariam cantando hoje essas músicas. Marília, por exemplo, está vestida como uma estrela tropical de hoje, com uma jóia bonita na cabeça. Porque se Carmen vivesse atualmente, teria uma cabeça eletrônica, com lanternas, sei lá. Mais Internet do que frutas", diverte-se.