Rock in Rio 3 confirma mais nove nomes nacionais
Raimundos, Skank, Elba, Zé Ramalho, Cidade Negra, Kid Abelha, Carlinhos Brown, Pavilhão 9 e Cássia Eller aderem ao festival, com a promessa de que terão o mesmo status que as atrações internacionais
Rodrigo Faour
28/09/2000
Mais uma vez a produção do Rock in Rio (Por um Mundo Melhor) – com o empresário Roberto Medina à frente – reuniu a imprensa e artistas para anunciar novidades sobre o evento que tomará por sete noites a Cidade do Rock, em Jacarepaguá (mesmo local de sua primeira edição, há 15 anos), entre os dias 12 e 21 de janeiro de 2001. Os responsáveis pelo cast nacional do festival trataram de anunciar os novos artistas confirmados. Sem maiores surpresas, deram o sim Skank, Elba e Zé Ramalho, Cidade Negra, Kid Abelha, Carlinhos Brown e Cássia Eller. Os artistas se juntaram aos já anunciados Charlie Brown Jr., O Rappa, Fernanda Abreu, Moraes Moreira, Funk’n’Lata, Pato Fu, Jota Quest, Daniela Mercury, Milton Nascimento, Gilberto Gil e Barão Vermelho). A única novidade mesmo foi a adesão dos paulistanos do Pavilhão 9 e dos brasilienses Raimundos, a banda mais votada pelo público no site do festival. Apesar das críticas feitas ao festival, Fred, Digão, Rodolfo e Canisso tinham o receio, entre outras coisas, de serem escalados para a mesma noite dos ícones teens N’Sync e Britney Spears.
As reclamações sobre a discriminação que os artistas brasileiros sofreram nas duas edições anteriores – sempre abrindo os shows dos gringos, com equipamento de som inferior – não se repetirá no Rock In Rio 3, garante Medina: "Dessa vez, haverá um alinhamento de som e de estética entre os nossos artistas e os estrangeiros. A estrutura será absolutamente igual." O empresário afirmou ainda que pela primeira vez todo o aparato técnico do festival será operado apenas por brasileiros. "Hoje, 100% do evento é brasileiro, sem privilégios para ninguém. Se houver algum problema dessa vez, a culpa será minha." Outra novidade é que, ao contrário da programação dos outros anos, desta vez as atrações nacionais serão intercaladas às estrangeiras. Enfim os nossos artistas não vão apenas abrir os shows dos estrangeiros, como se fossem de uma categoria inferior.
Paula Toller e Fernanda Abreu, que sofreram na primeira edição do evento com problemas técnicos (a primeira com o Kid Abelha e a segunda, ainda como integrante da Blitz) estão otimistas em relação a esse assunto, mas ainda hesitantes no que se refere ao padrão estético da noite em que vão se apresentar. "Antes, o momento do rock nacional e do showbusiness brasileiro eram diferentes. Nós, da geração 80, estávamos fazendo vestibular ainda", explica Paula. "A pior coisa que aconteceu no primeiro Rock in Rio foi um dia em que o microfone não funcionou durante 30 segundos, algo que não é normal. Dessa vez, a organização é diferente", diz Fernanda.
Paula ainda não sabe quem vai dividir a noite com o Kid Abelha. "Temos a prerrogativa de aceitar ou não tocar numa determinada noite, isso faz parte do contrato", esclarece. Já Fernandinha parece conformada com a sua escalação no mesmo dia de N’Sync e de outros artistas de apelo teen. "Talvez não ficasse tão satisfeita, mas não sei quem está escalado para as outras noites. De qualquer forma, é melhor do que estar na mesma noite do Iron Maiden", diz.
Tocha social
Em retribuição ao prestígio dado, o empresário disse esperar dos artistas nacionais um empenho nas atividades sociais do festival – cinco por cento do lucro do festival serão destinados à educação de jovens carentes do Rio de Janeiro, entre 17 e 29 anos, que vão concluir o primeiro grau através de um programa de ensino supletivo desenvolvido pela ONG Viva Rio. "Estou feliz como cidadão por estar viabilizando este festival. Agora, quero deixar a tocha nas mãos dos artistas brasileiros e de vocês da imprensa". Mas o que se viu entre os artistas presentes à coletiva é que eles estão encarando o festival como "mais um show legal" e seu âmbito social está sendo visto apenas como uma boa ação. Paula Toller, por exemplo, diz que sempre ajudou pessoas mas nunca fez disso um marketing. "Tem duas coisas em jogo. Uma é o dia do show que não vai ter sorteio ou discurso social. Outra é todo esse negócio em torno, os artistas participando para a arrecadação de fundos", diferencia.
Grupos mais novos, como o roqueiro Charlie Brown Jr. e os rappers do Pavilhão 9 encararam o lado social do evento de forma parecida. "Qualquer mobilização pela paz, educação e saúde é válida. A pergunta que se deve fazer é ‘o que você tem feito para melhorar a situação?’", saiu-se com a máxima o vocalista Chorão, que abre um largo sorriso por ter sido escalado para a mesma noite de O Rappa e Red Hot Chili Peppers. Ortega, guitarrista do Pavilhão 9 faz coro. "Qualquer maneira de falar de paz é válida". Ro$$i, rapper do mesmo grupo, vai um pouco além. "Nossas letras falam disso pra caramba. A gente vai ter a oportunidade de mostrar nossa mensagem, levar uma banda alternativa ao mainstream. Isso é uma grande porta para falarmos dos problemas da sociedade", frisa ele, que no entanto confessa que ficou sabendo de sua participação no evento há poucos dias por seu empresário. Ou seja, o festival não foi "vendido" pessoalmente aos artistas, tampouco como um evento social acima de tudo.
Zé Ramalho foi o que melhor sintetizou o caráter do festival e do discurso do anfitrião. Ao contrário do Pavilhão, foi alertado desde o começo da parcela beneficente do evento, mas não se deixou seduzir apenas pelo discurso do idealizador do festival. "Acho que falar desse lado social do evento é uma atitude política do Medina – já que ele é um misto de empresário e político – mas não o chamaria de demagogo, ele é politicamente correto. É bacana colocar o pessoal para estudar". Ele ainda não ensaiou com a prima Elba, mas adianta que tocará durante 50 minutos com ela – "que já gravou várias músicas minhas" – e que vai abrir o show com Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, de Raul Seixas e Paulo Coelho.
As reclamações sobre a discriminação que os artistas brasileiros sofreram nas duas edições anteriores – sempre abrindo os shows dos gringos, com equipamento de som inferior – não se repetirá no Rock In Rio 3, garante Medina: "Dessa vez, haverá um alinhamento de som e de estética entre os nossos artistas e os estrangeiros. A estrutura será absolutamente igual." O empresário afirmou ainda que pela primeira vez todo o aparato técnico do festival será operado apenas por brasileiros. "Hoje, 100% do evento é brasileiro, sem privilégios para ninguém. Se houver algum problema dessa vez, a culpa será minha." Outra novidade é que, ao contrário da programação dos outros anos, desta vez as atrações nacionais serão intercaladas às estrangeiras. Enfim os nossos artistas não vão apenas abrir os shows dos estrangeiros, como se fossem de uma categoria inferior.
Paula Toller e Fernanda Abreu, que sofreram na primeira edição do evento com problemas técnicos (a primeira com o Kid Abelha e a segunda, ainda como integrante da Blitz) estão otimistas em relação a esse assunto, mas ainda hesitantes no que se refere ao padrão estético da noite em que vão se apresentar. "Antes, o momento do rock nacional e do showbusiness brasileiro eram diferentes. Nós, da geração 80, estávamos fazendo vestibular ainda", explica Paula. "A pior coisa que aconteceu no primeiro Rock in Rio foi um dia em que o microfone não funcionou durante 30 segundos, algo que não é normal. Dessa vez, a organização é diferente", diz Fernanda.
Paula ainda não sabe quem vai dividir a noite com o Kid Abelha. "Temos a prerrogativa de aceitar ou não tocar numa determinada noite, isso faz parte do contrato", esclarece. Já Fernandinha parece conformada com a sua escalação no mesmo dia de N’Sync e de outros artistas de apelo teen. "Talvez não ficasse tão satisfeita, mas não sei quem está escalado para as outras noites. De qualquer forma, é melhor do que estar na mesma noite do Iron Maiden", diz.
Tocha social
Em retribuição ao prestígio dado, o empresário disse esperar dos artistas nacionais um empenho nas atividades sociais do festival – cinco por cento do lucro do festival serão destinados à educação de jovens carentes do Rio de Janeiro, entre 17 e 29 anos, que vão concluir o primeiro grau através de um programa de ensino supletivo desenvolvido pela ONG Viva Rio. "Estou feliz como cidadão por estar viabilizando este festival. Agora, quero deixar a tocha nas mãos dos artistas brasileiros e de vocês da imprensa". Mas o que se viu entre os artistas presentes à coletiva é que eles estão encarando o festival como "mais um show legal" e seu âmbito social está sendo visto apenas como uma boa ação. Paula Toller, por exemplo, diz que sempre ajudou pessoas mas nunca fez disso um marketing. "Tem duas coisas em jogo. Uma é o dia do show que não vai ter sorteio ou discurso social. Outra é todo esse negócio em torno, os artistas participando para a arrecadação de fundos", diferencia.
Grupos mais novos, como o roqueiro Charlie Brown Jr. e os rappers do Pavilhão 9 encararam o lado social do evento de forma parecida. "Qualquer mobilização pela paz, educação e saúde é válida. A pergunta que se deve fazer é ‘o que você tem feito para melhorar a situação?’", saiu-se com a máxima o vocalista Chorão, que abre um largo sorriso por ter sido escalado para a mesma noite de O Rappa e Red Hot Chili Peppers. Ortega, guitarrista do Pavilhão 9 faz coro. "Qualquer maneira de falar de paz é válida". Ro$$i, rapper do mesmo grupo, vai um pouco além. "Nossas letras falam disso pra caramba. A gente vai ter a oportunidade de mostrar nossa mensagem, levar uma banda alternativa ao mainstream. Isso é uma grande porta para falarmos dos problemas da sociedade", frisa ele, que no entanto confessa que ficou sabendo de sua participação no evento há poucos dias por seu empresário. Ou seja, o festival não foi "vendido" pessoalmente aos artistas, tampouco como um evento social acima de tudo.
Zé Ramalho foi o que melhor sintetizou o caráter do festival e do discurso do anfitrião. Ao contrário do Pavilhão, foi alertado desde o começo da parcela beneficente do evento, mas não se deixou seduzir apenas pelo discurso do idealizador do festival. "Acho que falar desse lado social do evento é uma atitude política do Medina – já que ele é um misto de empresário e político – mas não o chamaria de demagogo, ele é politicamente correto. É bacana colocar o pessoal para estudar". Ele ainda não ensaiou com a prima Elba, mas adianta que tocará durante 50 minutos com ela – "que já gravou várias músicas minhas" – e que vai abrir o show com Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, de Raul Seixas e Paulo Coelho.