Rock in Rio: Brown protagoniza o primeiro escândalo do festival

"Podem jogar o que quiserem, eu sou da paz e nada me atinge", disse o músico baiano sob uma chuva de garrafas plásticas

Nana Vaz de Castro
14/01/2001
CIDADE DO ROCK, 20h30 - A situação é sempre a mesma e já se repetiu em outros festivais. Fãs exaltados de uma banda que se apresentará apenas no fim da noite chegam ao local com muitas horas de antecedência para assegurar um local no "gargarejo", bem perto de seus ídolos. Ali são obrigados a permanecer por muito tempo para não perder o posto, e ainda por cima têm que assistir a todos os shows precedentes, aos quais recebem com tremenda má-vontade.

Foi o que aconteceu agora há pouco no show de Carlinhos Brown no Rock in Rio, em uma noite será encerrada com a apresentação do grupo norte-americano Guns N'Roses, que teve o auge de seu sucesso no Brasil há dez anos (se apresentando inclusive em suas noites do Rock in Rio 2, em 1991) e que, a despeito de sua melancólica decadência desde então, ainda conta com uma extensa e fiel legião de fãs.

Brown subiu no palco por volta das 19h20, cantando Omelete Man, faixa-título de seu último disco, de 1998. Em seguida, veio Uma Brasileira, hit que ainde deu uma levantada no público. Entretanto, logo começaram a chover garrafas plásticas e outros objetos no palco, o que levou o baiano a pedir "Por favor, parem de jogar essas coisas e se liguem no som". Descontente, um pouco mais tarde pediu que a equipe de apoio parasse com os jatos de água jogados para refrescar o público: "Aí, mermão, pára de jogar essa água que está dispersando toda a atenção do show", pediu. Depois de tocar seu maior sucesso, A Namorada, Brown encampou o clima de trio elétrico ao cantar Rapunzel, quando teve a não tão boa idéia de descer para a passarela que liga o palco à platéia. A chuva de garrafas foi tão grande que o música teve que parar e passar um pito: "Vocês que são do rock, aprendam a amar o Brasil", disse, angariando aplausos de grande parte dos espectadores que, mais afastados do palco, dançavam e curtiam o show normalmente.

Em seguida Brown parou por um instante, fez silêncio e disse: "Eles querem rock, então vou fazer uma pequena improvisação", e cantou a melodia do Hino Nacional sem letra (apenas com la la la), empunhando uma guitarra - sem no entanto tocar. Depois do ato de protesto, desceu novamente para perto do público, recebendo ainda mais garrafas e ventarolas. A resposta veio à altura: "Podem jogar o que quiser, eu sou da paz e nada me atinge", disse, recebendo aplausos e vaias.

Brown não se intimidou e levou seu show até o final, cantando ainda uma série de músicas como Segue o Seco, Tribal United Dance, Lagoinha.