Rock in Rio: Surto, o império do <i>cover</i>

Silvio Essinger
21/01/2001
CIDADE DO ROCK, 20h - A falta das bandas Charlie Brown Jr. e Raimundos foi bastante sentida no Rock In Rio. Mas os cearenses d´O Surto (que freqüentam as rádios com seu primeiro e até agora único hit, A Cera, aquela do "me pirou o cabeção") se encarregaram de repará-la, como atração do Palco Mundo (posição a que foram alçados justamente por causa da ausência dos titulares). Eles tocaram covers de Tudo Que Ela Gosta de Escutar (do Charlie) e Eu Quero é Ver o Oco (dos Raimundos). Como se não fosse pouco, ainda repetiram a releitura heavy do tema do filme Missão Impossível (feita recentemente pela banda americana Limp Bizkit) e arriscaram uma versão da música Californication, dos grandes astros da noite, o Red Hot Chili Peppers. A coisa beirou o trash nessa última: como nos tempos da jovem guarda, a música ganhou letra em português, intitulada Triste, Mas Eu Não Me Queixo ("Minha vida é uma desgraça, mas eu não me queixo/ Caí da bicicleta e ralei os ovos nos eixo).

Para completar, a banda de rap-metal ainda atacou de Ramones (Biltzkrieg Bob), que apenas serviu serviu de introdução para Até Quando Esperar, sucesso da Plebe Rude que, pouco tempo antes, tinha tocado na Tenda Brasil. Da lavra d´O Surto mesmo, o que se ouviu foi A Cera (duas vezes!) e a maconheira Hempadura. De qualquer forma, o som dos cearenses acabou empolgando o público, no dia mais cheio do festival (os 250 mil ingressos para a noite foram vendidos, o que provocou confusão na entrada, aglomeração insuportável e uma incessante nuvem de poeira no gramado). A lotação já se fazia perceber às 18h, quando entrou a primeira atração do Palco Mundo, a banda mineira Diesel, vencedora do concurso Escalada do Rock, promovido pela organização do Rock In Rio. Com letras em inglês, os músicos distraíram o público presente, mas não disfarçavam a enorme influência de bandas de rap-metal como o Korn.