Rodolfo sai e os Raimundos se separam

O vocalista tornou-se evangélico e abandonou o grupo

Marco Antonio Barbosa
13/06/2001
Acredite se quiser: os Raimundos acabam de se separar, por conta da saída do vocalista Rodolfo Abrantes - que deixou a banda porque se tornou evangélico. A notícia foi veiculada por Sérgio Affonso, presidente da Warner, gravadora dos Raimundos desde 1995. O grupo de Brasília tinha acabado de lançar o DVD MTV Ao Vivo, marcando o fim da turnê do álbum de mesmo nome - a última apresentação do grupo foi no dia 10, na cidade paulista de Americana.

Rodolfo anunciou aos companheiros de banda que estava ingressando em uma igreja evangélica (o comunicado oficial da gravadora não especificava qual) e que, por isso, não "teria mais o perfil necessário para tocar em uma banda como os Raimundos" - que ficaram notórios pelo uso liberal de palavrões e temáticas sexuais em suas letras.

Diante da saída do vocalista, os integrantes remanescentes (o baixista Canisso, o guitarrista Digão e o baterista Fred) nem tentaram achar um substituto: preferiram decretar o fim do grupo, alegando que sem Rodolfo "a banda perderia seu sentido". Nenhum dos integrantes do grupo foi encontrado para prestar maiores esclarecimentos sobre o fim da banda. O grupo estava prestes a comemorar dez anos de carreira.

Encerra-se assim a existência de uma das mais bem-sucedidas bandas surgidas no rock nacional dos anos 90. Os Raimundos criaram o forrocore, mistura de ritmos nordestinos com punk rock, e influenciaram toda uma leva de bandas que vieram depois - do Sheik Tosado ao Cabruêra, passando pelo som pesado de grupos como Charlie Brown Jr., Tihuana e O Surto. Aos poucos, se distanciaram dos sons regionais, desenvolvendo um rock pesado e agressivo mas ao mesmo tempo bastante acessível.

Eles começaram a chamar a atenção da mídia em 1993. Com o primeiro disco, Raimundos ouvir 30s, chegaram a vender mais de 250 mil cópias (número ainda mais notável pelo som pesado do disco e por ter sido lançado pelo selo Banguela, uma gravadora independente bancada pelos Titãs). O álbum mais bem sucedido comercialmente foi o último de estúdio, Só no Forévis ouvir 30s, de 1999, que ultrapassou as 700 mil cópias. Ao todo, os seis álbuns da banda (dois ao vivo) superaram a marca dos dois milhões de cópias vendidas. O grupo estava em plena atividade nas últimas semanas, e no dia 10 encerraram o festival Brasília Fest Rock - apresentando-se para o público de sua cidade natal.