Sérgio Britto abandona pessimismo em estréia solo
Vocalista dos Titãs lança A Minha Cara, disco de sonoridade simples e repleto de canções de amor
Tom Cardoso
08/12/2000
À frente dos Titãs, Sérgio Britto nunca foi um compositor dos mais otimistas. No começo de carreira nem se fala - ele dizia que não conseguia amar e que o mundo era frio demais (Insensível). Hoje, mais velho, casado e mais sereno, Britto decidiu que seu primeiro disco solo falaria de amor, mas de uma forma singela, quase ingênua. A Minha Cara (que vem a ser o primeiro disco de um titã na gravadora Abril Music, que contratou a banda este ano - leia a crítica) chega às lojas revelando uma face menos cética do compositor, que já tinha sido discretamente anunciada em músicas como Nem 5 Minutos Guardados (em parceria com Marcelo Fromer): "Faça calor ou faça frio/ é sempre carnaval no Brasil".
"Realmente a minha cara mudou nesses últimos anos. Hoje não assinaria uma canção como Insensível. Mas que bom que essa mudança ocorreu, é muito chato ser sempre igual", diz Britto, com a segurança e maturidade de quem hoje só faz aquilo o que quer. "Não tenho receio de soar piegas. Acho que essa maneia de compor, de falar do cotidiano das pessoas, é uma temática muito comum na história do rock. Tanto caras como Brian Wilson (Beach Boys) ou Renato Russo faziam isso de uma forma muito natural e descompromissada".
Se músicas como A Minha Cara, Cama, Mesa e Banho, Igual a Todo Mundo, Eu e Você, C.VV, Boa Noite, Carrosel e O Que Querem que Eu Faça (Com Tanto Sol) funcionam como canções passionais, quase como um diário de Britto, outras são mais sofisticadas e abstratas, longe do formato do disco. É o caso de Os Olhos do Sol e Pensamento # 2 (com Arnaldo Antunes), de Cinco Bombas Atômicas (da parceria Mautner e Jacobina) e O Bem, O Mal, poema de Torquato Neto musicado por Britto, que já tinha feito o mesmo com Go Back. "Herdei dos tropicalistas e de Chico Buarque a minha paixão por boas letras. E tenho o privilégio de ter grandes poetas neste disco: Arnaldo, Jacobina e Torquato".
Essa não é a primeira investida musical de Britto fora dos Titãs. Ele e Branco Mello, juntos com a baterista Roberta, formaram em 1994 o Kleiderman, trio com uma sonoridade pesada, oposta da apresentada neste disco. "Aquilo foi criado para não ser levado a sério. Era uma paródia de bandas de rock pesadas, uma brincadeira", lembra Britto, que tem outra postura em relação à sua carreira solo. "Acho que daqui para frente, com um controle maior na agenda dos Titãs, será possível todo mundo seguir firme com seus trabalhos, sem prejudicar o andamento do grupo".
Grude
Apesar do anunciado descanso dos Titãs, os sete integrantes continuam se vendo e fazendo coisas juntos. Britto compôs neste disco com Fromer, que tem jantando sempre com Toni Belloto, que compôs recentemente com Nando Reis, que participou do disco de Paulo Mikos, que foi ao show solo de Branco Mello, assim como Britto, que agradeceu no encarte do disco os instrumentos emprestados por Charles Gavin. "A gente está de férias dos Titãs, não um dos outros. Somos antes de tudo grandes amigos e temos prazer de estarmos juntos".
Britto já está montando uma banda - que deve seguir a mesma formação do disco, com Tuco Marcondes (violão), Cesinha (bateria) e Dé (baixo) - e pretende agendar uma grande turnê nacional. Enquanto isso, ele pode ser ouvido Rock In Rio Café, na próxima quinta-feira, dia 14, e em São Paulo, no Donna, no dia 18.
"Realmente a minha cara mudou nesses últimos anos. Hoje não assinaria uma canção como Insensível. Mas que bom que essa mudança ocorreu, é muito chato ser sempre igual", diz Britto, com a segurança e maturidade de quem hoje só faz aquilo o que quer. "Não tenho receio de soar piegas. Acho que essa maneia de compor, de falar do cotidiano das pessoas, é uma temática muito comum na história do rock. Tanto caras como Brian Wilson (Beach Boys) ou Renato Russo faziam isso de uma forma muito natural e descompromissada".
Se músicas como A Minha Cara, Cama, Mesa e Banho, Igual a Todo Mundo, Eu e Você, C.VV, Boa Noite, Carrosel e O Que Querem que Eu Faça (Com Tanto Sol) funcionam como canções passionais, quase como um diário de Britto, outras são mais sofisticadas e abstratas, longe do formato do disco. É o caso de Os Olhos do Sol e Pensamento # 2 (com Arnaldo Antunes), de Cinco Bombas Atômicas (da parceria Mautner e Jacobina) e O Bem, O Mal, poema de Torquato Neto musicado por Britto, que já tinha feito o mesmo com Go Back. "Herdei dos tropicalistas e de Chico Buarque a minha paixão por boas letras. E tenho o privilégio de ter grandes poetas neste disco: Arnaldo, Jacobina e Torquato".
Essa não é a primeira investida musical de Britto fora dos Titãs. Ele e Branco Mello, juntos com a baterista Roberta, formaram em 1994 o Kleiderman, trio com uma sonoridade pesada, oposta da apresentada neste disco. "Aquilo foi criado para não ser levado a sério. Era uma paródia de bandas de rock pesadas, uma brincadeira", lembra Britto, que tem outra postura em relação à sua carreira solo. "Acho que daqui para frente, com um controle maior na agenda dos Titãs, será possível todo mundo seguir firme com seus trabalhos, sem prejudicar o andamento do grupo".
Grude
Apesar do anunciado descanso dos Titãs, os sete integrantes continuam se vendo e fazendo coisas juntos. Britto compôs neste disco com Fromer, que tem jantando sempre com Toni Belloto, que compôs recentemente com Nando Reis, que participou do disco de Paulo Mikos, que foi ao show solo de Branco Mello, assim como Britto, que agradeceu no encarte do disco os instrumentos emprestados por Charles Gavin. "A gente está de férias dos Titãs, não um dos outros. Somos antes de tudo grandes amigos e temos prazer de estarmos juntos".
Britto já está montando uma banda - que deve seguir a mesma formação do disco, com Tuco Marcondes (violão), Cesinha (bateria) e Dé (baixo) - e pretende agendar uma grande turnê nacional. Enquanto isso, ele pode ser ouvido Rock In Rio Café, na próxima quinta-feira, dia 14, e em São Paulo, no Donna, no dia 18.