Som longe demais das capitais
Vitória e Brasília provam - no mesmo fim de semana - que nem só de RJ e SP vivem os festivais de rock
Marco Antonio Barbosa
25/06/2001
Quase seis meses após o Rock In Rio, a Cidade do Rock ainda está lá, abandonada em algum ponto da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Não há motivo, entretanto, para que os órfãos dos festivais de música pop se sintam abandonados: no mesmo fim de semana (o do dia 7 de julho), dois eventos vão sacudir o circuito nacional das "grandes tendas" dedicadas ao rock. Além da surpresa da coincidência de datas, outro dado torna a novidade ainda mais inusitada - os eventos não se desenrolarão no "eixão" RJ/SP. Um deles é o Festival Dia D, que ocorre em Vitória (ES) no dia 7 de julho; o outro é a edição 2001 do Porão do Rock, que agita Brasília nos dias 7 e 8.
O Porão do Rock chega este ano a sua quarta e mais bem estruturada edição, que será realizada no estacionamento do estádio de futebol Mané Garrincha. Dezenove bandas (no palco principal) e outras 16 (no chamado Palco Demo, para grupos iniciantes) vão tocar nos dois dias de festival - a organização recebeu nada menos que 298 inscrições de artistas de todo o Brasil.
A grande estrela do evento é o grupo inglês Buzzcocks, lenda viva da geração punk original (a de 1977). Dividem as atenções com os veteranos britânicos os grupos Bidê Ou Balde, Maskavo (ex-Maskavo Roots), Nação Zumbi e Pavilhão 9. Uma escalação bem afiada, pescando nomes de prestígio do cenário roqueiro brasileiro, mas evitando grupos do mainstream. Seria o Porão do Rock o último reduto dos alternativos (agora que o Abril Pro Rock caminha a passos largos em direção a bandas consagradas)? No ano passado, o evento reuniu um cerca de 130 mil pessoas, tendo como grandes atrações Raimundos e Lobão. Para este ano, mesmo com o tom mais under dos grupos selecionados, a produtora G4, que organiza o festival, conta com pelo menos 150 mil espectadores. Nunca é demais lembrar: a entrada é franca.
O pau vai comer mesmo é no Palco Demo. Dos redivivos veteranos do Detrito Federal (banda punk dos anos 80 que acaba de retornar à ativa) ao radicalismo hardcore do Megafone, passando pelo nu-metal do Optical Faze, os shows prometem ser bem animados - espectadores veteranos de outras edições do evento afirmam que o Demo costuma ser a parte mais interessante do festival. A grande maioria dos grupos incluídos vem de Brasília mesmo.
Uma das atrações mais inusitadas será a apresentação, na abertura do evento, de um concerto executado por 100 bateristas tocando simultaneamente (o que vai constituir um recorde mundial). Os músicos interpretarão uma peça de 15 minutos de duração escrita especialmente para o evento. Uma boa notícia aos interessados que não puderem comparecer ao Distrito Federal: o Porão do Rock será, pela primeira vez, transmitido ao vivo pela Internet. A organização do evento instalará webcams em diversos pontos da área do festival (não apenas dos palcos), permitindo aos internautas entrarem bem no clima da festa. As imagens estarão no ciberespaço no site www.poraodorockdf.hpg.com.br. O festival também será televisionado, mas a transmissão será feita por uma rede de alcance local.
Festa da cultura capixaba
O Dia D de Vitória se restringirá a apenas um dia (7 de julho), mas em compensação promete uma maratona de pelo menos 15 horas de som - das 15h do dia 7 às 5h30 do dia 8. A farra será na Praça do Papa, no Centro de Vitória. Diferente do festival brasiliense, centrado apenas no rock, o Dia D se pautou pelo ecletismo entre os artistas selecionados e também por um caráter mais multicultural. "Queremos nos consolidar de vez como o grande festival do Espírito Santo, não apenas da música capixaba, mas toda a cultura do estado", explica Cid Travaglia, um dos organizadores do evento.
"Trata-se de um festival fundamental, porque vem ajudando a afirmar cada vez mais a música capixaba, tanto no mercado local quanto no nacional", continua Cid. As atrações musicais são todas oriundas do Espírito Santo. Serão cinco palcos (Vitória, Moqueca, Capixaba, Das Artes e Expressão) nos quais vão se apresentar 52 artistas. Vai ter muito reggae (Rasta Clone, Simbol Jah, Java Roots, Kaya Line, Komando Kaya), mas com espaço para o thrash metal (Siecrist), hardcore (Mukeka di Rato, Dead Fish), blues (Big Bat Blues Band), forró (Forró Raiz), jazz (Afonso Abreu Trio), pop rock (Lucy), folclore (Banda Congo Mestre Alcides) guitar rock (Superbacanas) e até para gêneros inéditos, como um tal "rock neolítico" (com o grupo Símios). Visite o site www.festivaldiad.com.br para conferir a lista completa das atrações e os detalhes da programação.
"Hoje em dia, a cena rock no Espírito Santo cresce cada vez mais, com novas e boas bandas surgindo constantemente. O público capixaba também merece ser reverenciado, pois hoje está muito mais receptivo aos artistas locais do que há alguns anos", diz Cid Travaglia. O caldeirão sonoro do Dia D será registrado em um CD ao vivo, capturando os melhores momentos dos shows do dia 7.
Além das 15 horas ininterruptas de som, o Dia D ainda terá uma Tenda Eletrônica, com discotecagem rolando várias estilos de electronica. Uma fusão que promete dar pé é a junção da bateria da escola de samba local Unidos de Jucutuquara com DJs operando samplers e sintetizadores ao vivo, num projeto denominado Bamba Groove Samba.
Fora do âmbito musical, também vai haver espaço para apresentações de poesia, exibições de vídeo, performances de dança e teatro, exposições de artes plásticas (com fotógrafos, desenhistas e escultores), praça de esportes radicais com direito a rampa de skate e muro para rapel, praça de alimentação com lojinha de conveniência... ufa! Esta é a terceira edição do evento - a maior de todas até agora. "Tivemos oito mil pessoas na primeira edição, e no ano passado foram 15 mil. Desta vez esperamos 20 mil pessoas. É um número excepcional, ainda mais por se tratar de um evento totalmente alternativo", afirma Cid Travaglia.
O Porão do Rock chega este ano a sua quarta e mais bem estruturada edição, que será realizada no estacionamento do estádio de futebol Mané Garrincha. Dezenove bandas (no palco principal) e outras 16 (no chamado Palco Demo, para grupos iniciantes) vão tocar nos dois dias de festival - a organização recebeu nada menos que 298 inscrições de artistas de todo o Brasil.
A grande estrela do evento é o grupo inglês Buzzcocks, lenda viva da geração punk original (a de 1977). Dividem as atenções com os veteranos britânicos os grupos Bidê Ou Balde, Maskavo (ex-Maskavo Roots), Nação Zumbi e Pavilhão 9. Uma escalação bem afiada, pescando nomes de prestígio do cenário roqueiro brasileiro, mas evitando grupos do mainstream. Seria o Porão do Rock o último reduto dos alternativos (agora que o Abril Pro Rock caminha a passos largos em direção a bandas consagradas)? No ano passado, o evento reuniu um cerca de 130 mil pessoas, tendo como grandes atrações Raimundos e Lobão. Para este ano, mesmo com o tom mais under dos grupos selecionados, a produtora G4, que organiza o festival, conta com pelo menos 150 mil espectadores. Nunca é demais lembrar: a entrada é franca.
O pau vai comer mesmo é no Palco Demo. Dos redivivos veteranos do Detrito Federal (banda punk dos anos 80 que acaba de retornar à ativa) ao radicalismo hardcore do Megafone, passando pelo nu-metal do Optical Faze, os shows prometem ser bem animados - espectadores veteranos de outras edições do evento afirmam que o Demo costuma ser a parte mais interessante do festival. A grande maioria dos grupos incluídos vem de Brasília mesmo.
Uma das atrações mais inusitadas será a apresentação, na abertura do evento, de um concerto executado por 100 bateristas tocando simultaneamente (o que vai constituir um recorde mundial). Os músicos interpretarão uma peça de 15 minutos de duração escrita especialmente para o evento. Uma boa notícia aos interessados que não puderem comparecer ao Distrito Federal: o Porão do Rock será, pela primeira vez, transmitido ao vivo pela Internet. A organização do evento instalará webcams em diversos pontos da área do festival (não apenas dos palcos), permitindo aos internautas entrarem bem no clima da festa. As imagens estarão no ciberespaço no site www.poraodorockdf.hpg.com.br. O festival também será televisionado, mas a transmissão será feita por uma rede de alcance local.
Festa da cultura capixaba
O Dia D de Vitória se restringirá a apenas um dia (7 de julho), mas em compensação promete uma maratona de pelo menos 15 horas de som - das 15h do dia 7 às 5h30 do dia 8. A farra será na Praça do Papa, no Centro de Vitória. Diferente do festival brasiliense, centrado apenas no rock, o Dia D se pautou pelo ecletismo entre os artistas selecionados e também por um caráter mais multicultural. "Queremos nos consolidar de vez como o grande festival do Espírito Santo, não apenas da música capixaba, mas toda a cultura do estado", explica Cid Travaglia, um dos organizadores do evento.
"Trata-se de um festival fundamental, porque vem ajudando a afirmar cada vez mais a música capixaba, tanto no mercado local quanto no nacional", continua Cid. As atrações musicais são todas oriundas do Espírito Santo. Serão cinco palcos (Vitória, Moqueca, Capixaba, Das Artes e Expressão) nos quais vão se apresentar 52 artistas. Vai ter muito reggae (Rasta Clone, Simbol Jah, Java Roots, Kaya Line, Komando Kaya), mas com espaço para o thrash metal (Siecrist), hardcore (Mukeka di Rato, Dead Fish), blues (Big Bat Blues Band), forró (Forró Raiz), jazz (Afonso Abreu Trio), pop rock (Lucy), folclore (Banda Congo Mestre Alcides) guitar rock (Superbacanas) e até para gêneros inéditos, como um tal "rock neolítico" (com o grupo Símios). Visite o site www.festivaldiad.com.br para conferir a lista completa das atrações e os detalhes da programação.
"Hoje em dia, a cena rock no Espírito Santo cresce cada vez mais, com novas e boas bandas surgindo constantemente. O público capixaba também merece ser reverenciado, pois hoje está muito mais receptivo aos artistas locais do que há alguns anos", diz Cid Travaglia. O caldeirão sonoro do Dia D será registrado em um CD ao vivo, capturando os melhores momentos dos shows do dia 7.
Além das 15 horas ininterruptas de som, o Dia D ainda terá uma Tenda Eletrônica, com discotecagem rolando várias estilos de electronica. Uma fusão que promete dar pé é a junção da bateria da escola de samba local Unidos de Jucutuquara com DJs operando samplers e sintetizadores ao vivo, num projeto denominado Bamba Groove Samba.
Fora do âmbito musical, também vai haver espaço para apresentações de poesia, exibições de vídeo, performances de dança e teatro, exposições de artes plásticas (com fotógrafos, desenhistas e escultores), praça de esportes radicais com direito a rampa de skate e muro para rapel, praça de alimentação com lojinha de conveniência... ufa! Esta é a terceira edição do evento - a maior de todas até agora. "Tivemos oito mil pessoas na primeira edição, e no ano passado foram 15 mil. Desta vez esperamos 20 mil pessoas. É um número excepcional, ainda mais por se tratar de um evento totalmente alternativo", afirma Cid Travaglia.