Sonic Junior: a eletrônica orgânica de Alagoas
Surgida na periferia do mangue bit, dupla aguarda o lançamento no fim do mês, pela Nikita Records, de seu disco de estréia, gravado no computador do vocalista
Silvia D
19/10/2000
No fim do mês, o selo Nikita Records, cujo repertório nacional estava concentrado no samba, lança o CD de estréia de uma originalíssima dupla de música eletrônica-orgânica: o Sonic Junior, de Maceió (cidade de onde saiu Djavan e que revelou recentemente a banda de rock Mopho). Batidas e baixos programados com temperos de voz e guitarra jazz/psicodélica são a tônica de Sonic Junior, disco com uma combinação de timbres e texturas que favorece tanto o lado dançante, através de bons e contagiantes grooves, quanto o lado da reflexão ou relaxamento, com a inserção de ruídos suaves e belas melodias de guitarra. "Produzimos e gravamos o disco no micro do [vocalista e programador] Juninho, ou seja, o custo foi zero", esclarece o guitarrista Aldo Jones, satisfeito com o resultado. Das 16 músicas do CD, apenas uma não foi composta pela dupla: O Telefone Tocou Novamente, pérola de Jorge Ben gravada em 1970 (no disco Força Bruta), que ganhou uma versão respeitável e cheia de balanço, como convém.
Morando num estado que não tem a mesma tradição de preservação do folclore e da cultura regional que Pernambuco, Bahia e Maranhão, os jovens alagoanos que se dedicam à música têm a possibilidade de explorá-la livres de conceitos por vezes limitadores que buscam identidade pop através de "misturas de ritmos locais e estrangeiros". Por outro lado, a ausência de algum tipo de movimentação coletiva sob uma mesma bandeira – como o mangue bit – prejudica a visibilidade que os artistas possam conquistar em outras regiões do país. Assim, novas sonoridades vão sendo buriladas quase em segredo – quase.
Juninho (ex- Living In The Shit) e Aldo (ex-Dread) se juntaram no final do ano passado e logo começaram a gravar. Em março, já se apresentavam no megafestival Rec Beat, no carnaval de Recife. Com um excelente CD demo nas mãos, seguiram em maio para São Paulo e Rio de Janeiro, onde cumpriram o périplo de visitas a gravadoras, até que conseguiram o contrato para prensagem e distribuição dos discos pela Nikita. "Ninguém veio atrás da gente, não. Nós é que fomos procurá-los", diverte-se Aldo.
Um ponto a favor do SJ são as letras. "Normalmente, na hora que a gente tá fazendo a música usa o método embromation; só depois as letras são encaixadas pelo Juninho", revela o guitarrista. Essa maneira aparentemente descompromissada de compor não impede o aparecimento de frases bem sacadas, que podem descrever relações entre negros e brancos ("A raça toda tem que ter libertação", em A Negra) ou simplesmente propor uma espécie de relaxamento hipnótico ("Rir, como é bom!" repetida várias vezes em Brito Bolão). Algumas vezes a brincadeira com pedacinhos de palavras ou palavras inteiras repetidas em mantras termina por modificar o entendimento original, caso de Acelerou, Bateu: "acê, acê, acê, acê, acê, acê, acelerou, bateu". Há ainda uma calmante faixa instrumental, U41/42, que sintetiza a psicodelia moderna do Sonic Junior.
Seguindo o lançamento do bem vindo disco, a dupla alagoana parte para shows em Recife (no festival Soul do Mangue, em novembro) e temporadas de shows nas regiões Sul e Sudeste, nos meses de novembro e dezembro.
Morando num estado que não tem a mesma tradição de preservação do folclore e da cultura regional que Pernambuco, Bahia e Maranhão, os jovens alagoanos que se dedicam à música têm a possibilidade de explorá-la livres de conceitos por vezes limitadores que buscam identidade pop através de "misturas de ritmos locais e estrangeiros". Por outro lado, a ausência de algum tipo de movimentação coletiva sob uma mesma bandeira – como o mangue bit – prejudica a visibilidade que os artistas possam conquistar em outras regiões do país. Assim, novas sonoridades vão sendo buriladas quase em segredo – quase.
Juninho (ex- Living In The Shit) e Aldo (ex-Dread) se juntaram no final do ano passado e logo começaram a gravar. Em março, já se apresentavam no megafestival Rec Beat, no carnaval de Recife. Com um excelente CD demo nas mãos, seguiram em maio para São Paulo e Rio de Janeiro, onde cumpriram o périplo de visitas a gravadoras, até que conseguiram o contrato para prensagem e distribuição dos discos pela Nikita. "Ninguém veio atrás da gente, não. Nós é que fomos procurá-los", diverte-se Aldo.
Um ponto a favor do SJ são as letras. "Normalmente, na hora que a gente tá fazendo a música usa o método embromation; só depois as letras são encaixadas pelo Juninho", revela o guitarrista. Essa maneira aparentemente descompromissada de compor não impede o aparecimento de frases bem sacadas, que podem descrever relações entre negros e brancos ("A raça toda tem que ter libertação", em A Negra) ou simplesmente propor uma espécie de relaxamento hipnótico ("Rir, como é bom!" repetida várias vezes em Brito Bolão). Algumas vezes a brincadeira com pedacinhos de palavras ou palavras inteiras repetidas em mantras termina por modificar o entendimento original, caso de Acelerou, Bateu: "acê, acê, acê, acê, acê, acê, acelerou, bateu". Há ainda uma calmante faixa instrumental, U41/42, que sintetiza a psicodelia moderna do Sonic Junior.
Seguindo o lançamento do bem vindo disco, a dupla alagoana parte para shows em Recife (no festival Soul do Mangue, em novembro) e temporadas de shows nas regiões Sul e Sudeste, nos meses de novembro e dezembro.