Sons alternativos para todos os gostos
Como foi o Free Jazz Project, evento que reuniu grandes nomes da nova música pop brasileira
Bernardo Araujo
13/08/2001
Guitarra distorcida com repente e batucada, música soul com berimbau e mais tambores. Tudo isso com iluminação e som de primeira, num palco às margens da Baía da Guanabara, para alguns milhares de pessoas. As gravadoras podem ainda não conhecer o Berimbrown, de Minas Gerais, e o Pau De Dá Em Doido, da Paraíba, mas o público carioca já foi apresentado e aplaudiu. Os dois grupos foram os mais aclamados nos três dias do Free Jazz Project, festival realizado na Marina da Glória (RJ) entre quinta-feira (dia 9) e sábado (11).
A noite de estréia foi a mais rica em personalidades do mundo musical. Estiveram na Marina, entre outros, o cantor Falcão, do Rappa, o compositor ianque-pernambucano Arto Lindsay (acompanhado do guitarrista Davi Moraes), o baixista Bi Ribeiro, dos Paralamas e a cantora Marisa Monte. O motivo, mais do que a curiosidade, era um só: o show da Nação Zumbi, que fecharia a noite. Foi a primeira apresentação do grupo pernambucano em um grande palco desde o lançamento de seu último disco, Rádio S.Amb.A - o primeiro sem o cantor e fundador Chico Science, morto em 1997 - do ano passado.
A noite foi aberta, ainda com a grande lona vazia, pela cantora niteroiense Arícia Mess. Ela mostrou versatilidade em sua MPB moderna, mas não chegou a empolgar. A primeira grande surpresa do FJP veio em seguida: The Payback, de James Brown, abriu o show do Berimbrown, uma multidão de dez músicos da periferia de Belo Horizonte que se dedicam à música soul com sotaque brasileiro. Na realidade, a entrosada banda comandada pelo cantor Alexandre Cardoso vai fundo na música dançante americana, com eventuais acentos da percussão brasileira. O público, que já era grande quando o Berimbrown começou a tocar, caiu na dança ao som de canções próprias do grupo e de versões para Mandamentos Black, de Gérson King Combo, e Sossego, de Tim Maia, que encerrou o show. Animados, os mineiros dedicaram uma canção ao capoeirista Manduca da Praia e foram ovacionados durante um longo solo de tambores.
A julgar pela reação do público, o Berimbrown é forte candidato a se apresentar no Free Jazz, em outubro. A batalha é árdua: serão escolhidos três artistas entre os 34 escalados para as etapas do FJP no Rio, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo. O CD do grupo foi o mais vendido na banca de discos do FJP. A Nação Zumbi fechou a noite de quinta-feira, para a satisfação dos fãs presentes. Apesar de sacudir o público com sucessos como Da Lama ao Caos, Manguetown e Quando a Maré Encher, a banda ainda sente a falta do carisma e das composições de Chico Science, substituído ao microfone por Jorge Du Peixe.
A sexta-feira foi o dia mais vazio do festival: cerca de 1500 ingressos vendidos, contra 1700 de quinta e 2000 (lotação esgotada) no sábado. A noite começou com o cantor BNegão, do Planet Hemp, mostrando seu trabalho solo para uma meia-dúzia de gatos pingados. Mesmo assim, o cantor mostrou energia e boas composições funk e hip-hop. Em uma linha parecida, o grupo paulista Mamelo Sound System pulou e desfilou gírias de sua cidade natal para os cariocas, mas sem angariar muita simpatia do público. A festa só esquentou mais com a chegada da Comunidade Nin-Jitsu: o quinteto gaúcho conseguiu uma boa sessão de aeróbica de parte do público, com canções politicamente incorretas como Ah! Eu Tô Sem Erva! e Ejaculação Precoce.
O Matanza abriu a noite de sábado para um público ainda modesto. A banda carioca faz punk rock com temática e um ligeiro sotaque country. A presença do cantor grandalhão Jimmy London e letras como Ela Roubou Meu Caminhão e Imbecil - dedicada à Ordem dos Músicos do Brasil - arrancaram aplausos. Uma roda de repente nordestino, na platéia, inaugurou o show do Pau De Dá Em Doido, da Paraíba. Os músicos foram subindo aos poucos e, quando guitarra e baixo se uniram às percussões, o pula-pula já era intenso. A garra dos músicos - que trouxeram 20 quilos de comida na bagagem, para sobreviver nos 45 dias que pretendem ficar entre Rio e São Paulo, procurando onde tocar - foi compensada com uma grande ovação da platéia.
O pernambucano Otto veio em seguida, e conseguiu boa resposta, principalmente no longo medley de samba - acompanhando-se apenas por um pandeiro - que encerrou o show. Moderninhos de piercing e cabelos coloridos caíram no miudinho. Para acabar a festa, mais Nordeste eletrônico, na apresentação do DJ Dolores. Feliz, o público dançava ao deixar a Marina ao som de sampler e rabeca.
A noite de estréia foi a mais rica em personalidades do mundo musical. Estiveram na Marina, entre outros, o cantor Falcão, do Rappa, o compositor ianque-pernambucano Arto Lindsay (acompanhado do guitarrista Davi Moraes), o baixista Bi Ribeiro, dos Paralamas e a cantora Marisa Monte. O motivo, mais do que a curiosidade, era um só: o show da Nação Zumbi, que fecharia a noite. Foi a primeira apresentação do grupo pernambucano em um grande palco desde o lançamento de seu último disco, Rádio S.Amb.A - o primeiro sem o cantor e fundador Chico Science, morto em 1997 - do ano passado.
A noite foi aberta, ainda com a grande lona vazia, pela cantora niteroiense Arícia Mess. Ela mostrou versatilidade em sua MPB moderna, mas não chegou a empolgar. A primeira grande surpresa do FJP veio em seguida: The Payback, de James Brown, abriu o show do Berimbrown, uma multidão de dez músicos da periferia de Belo Horizonte que se dedicam à música soul com sotaque brasileiro. Na realidade, a entrosada banda comandada pelo cantor Alexandre Cardoso vai fundo na música dançante americana, com eventuais acentos da percussão brasileira. O público, que já era grande quando o Berimbrown começou a tocar, caiu na dança ao som de canções próprias do grupo e de versões para Mandamentos Black, de Gérson King Combo, e Sossego, de Tim Maia, que encerrou o show. Animados, os mineiros dedicaram uma canção ao capoeirista Manduca da Praia e foram ovacionados durante um longo solo de tambores.
A julgar pela reação do público, o Berimbrown é forte candidato a se apresentar no Free Jazz, em outubro. A batalha é árdua: serão escolhidos três artistas entre os 34 escalados para as etapas do FJP no Rio, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo. O CD do grupo foi o mais vendido na banca de discos do FJP. A Nação Zumbi fechou a noite de quinta-feira, para a satisfação dos fãs presentes. Apesar de sacudir o público com sucessos como Da Lama ao Caos, Manguetown e Quando a Maré Encher, a banda ainda sente a falta do carisma e das composições de Chico Science, substituído ao microfone por Jorge Du Peixe.
A sexta-feira foi o dia mais vazio do festival: cerca de 1500 ingressos vendidos, contra 1700 de quinta e 2000 (lotação esgotada) no sábado. A noite começou com o cantor BNegão, do Planet Hemp, mostrando seu trabalho solo para uma meia-dúzia de gatos pingados. Mesmo assim, o cantor mostrou energia e boas composições funk e hip-hop. Em uma linha parecida, o grupo paulista Mamelo Sound System pulou e desfilou gírias de sua cidade natal para os cariocas, mas sem angariar muita simpatia do público. A festa só esquentou mais com a chegada da Comunidade Nin-Jitsu: o quinteto gaúcho conseguiu uma boa sessão de aeróbica de parte do público, com canções politicamente incorretas como Ah! Eu Tô Sem Erva! e Ejaculação Precoce.
O Matanza abriu a noite de sábado para um público ainda modesto. A banda carioca faz punk rock com temática e um ligeiro sotaque country. A presença do cantor grandalhão Jimmy London e letras como Ela Roubou Meu Caminhão e Imbecil - dedicada à Ordem dos Músicos do Brasil - arrancaram aplausos. Uma roda de repente nordestino, na platéia, inaugurou o show do Pau De Dá Em Doido, da Paraíba. Os músicos foram subindo aos poucos e, quando guitarra e baixo se uniram às percussões, o pula-pula já era intenso. A garra dos músicos - que trouxeram 20 quilos de comida na bagagem, para sobreviver nos 45 dias que pretendem ficar entre Rio e São Paulo, procurando onde tocar - foi compensada com uma grande ovação da platéia.
O pernambucano Otto veio em seguida, e conseguiu boa resposta, principalmente no longo medley de samba - acompanhando-se apenas por um pandeiro - que encerrou o show. Moderninhos de piercing e cabelos coloridos caíram no miudinho. Para acabar a festa, mais Nordeste eletrônico, na apresentação do DJ Dolores. Feliz, o público dançava ao deixar a Marina ao som de sampler e rabeca.