Suingue no escurinho do cinema
Produtora paulista finaliza documentário sobre o presente e o passado do movimento samba-rock
Marco Antonio Barbosa
20/07/2001
Como que cumprindo uma profecia, em 2001 o samba-rock retornou com força total à evidência na MPB; depois de anos relegado ao esquecimento, taxado de brega e vulgar, e após ver os artistas que o criaram (Simonal, Bebeto, Trio Mocotó e poucos outros), caindo no ostracismo, nunca esteve tão na moda falar do gênero. Que o digam os casts das gravadoras Trama e Regata, que investem pesado nas diversas variantes do estilo (da sofisticação soul de Paula Lima à síntese pop de Max de Castro). E, em breve, nem mesmo no escurinho do cinema poder-se-á escapar da sacolejante batida do samba-rock. Pelo menos, é o que promete a produtora paulista Black Ninja Filmes (com o apoio da Regata), que está em pleno processo de finalização de Suingue, documentário em média-metragem contando toda a história do dito "movimento samba-rock" - do nascimento nos anos 60 até os novos e animados bailes nos quais a classe média se sacode todo fim de semana, em São Paulo.
"O conceito do samba-rock é muito amplo. Tanto que Suingue é só um título provisório, é difícil definir num nome só. Era um projeto que começou pequeno, e acabou virando um trabalho sobre a cultura black dos anos 70 até os dias de hoje no Brasil", explicam (via e-mail) Daniel Lieff e Tocha Alves, os diretores do filme. Tudo começou, indiretamente, por causa da gravadora Regata, de Bernardo Vilhena - que vem arregimentando artistas da nova geração do samba-rock (Seu Jorge, Clube do Balanço). "Fomos convidados pela Regata a fazer uma apresentação (em forma de video-release) para o CD do Clube do Balanço, que está para sair. Começamos a pesquisar e vimos que o assunto era muito grande; resolvemos nos aprofundar e fazer um documentário mesmo", conta a dupla de diretores.
Então, o que pode se esperar de Suingue? Basicamente, justiça aos criadores de um gênero músical legitimamente brasileiro que, de uma maneira ou outra, acabaram sumindo na poeira. Além dos artistas citados acima, muito mais gente vai estar no filme, que também vai enfocar os célebres bailões de subúrbio, o ostracismo que o samba-rock enfrentou a partir do fim dos anos 70 e o ressurgimento nos anos 90, com especial força em São Paulo.
"Temos um pesquisador em nossa equipe, o Cauê Alves, que foi atrás de livros, artigos, entrevistas sobre o samba-rock. Fomos vendo também quem era importante pro movimento, incluindo depoimentos de músicos, DJs, dançarinos, produtores e apreciadores desse gênero do balanço", adiantam Daniel e Tocha. O filme também será pródigo em entrevistas. "Preferimos não usar um locutor em off, portanto nosso documentário é todo narrado por depoimentos. Procuramos conversar com os primeiros discotecários e equipes de som, os "pirateiros" - que compilam vinis em CDs - e principalmente os artistas. Caras como Erasmo Carlos, Bebeto, Ed Motta, Marku Ribas, Luís Wagner, Cassiano, Ivo Meirelles, Carlos Dafé, Luiz Melodia, e outros que ainda estão para ser captados, além de grupos como Trio Mocotó e Banda Black Rio e a nova geração: Paula Lima, Seu Jorge, Max de Castro, Simoninha."
As entrevistas vão se juntar a diversas imagens de arquivo, captando shows de várias épocas, as famosas "feijoadas dançantes" que reuniam a elite do movimento nos anos 70 em São Paulo, festas e bailes. Daniel e Tocha já têm mais de 50 horas de material filmado (tudo em vídeo digital), juntando as partes de arquivo com as entrevistas (que foram feitas a partir de março deste ano). A idéia é montar um filme de 45 minutos ao final do processo. "Mas como em todo documentário, só depois de montado é que o roteiro se completa", afirmam os diretores.
A renovação do movimento samba-rock sem dúvida influenciou Daniel e Tocha na escolha do tema. "O samba-rock na verdade existe desde a década de 60, e surgiu como um modo de se dancar musicas em bailes de musica black em SP. E ele sempre continuou existindo: há bailes semanais em São Paulo já há mais de 25 anos consecutivos", argumentam os cineastas. "Essa nova onda talvez tenha feito com que nós também descobríssemos o movimento e fossemos pesquisar, e daí percebemos que não se trata de uma coisa passageira, como várias outras que vemos na musica brasileira atual como o axé, o novo funk, o pagode comercial."
"O fato é que os pioneiros desse estilo têm um som muito consistente", continuam Daniel e Tocha, "que agora volta a ser ouvido tanto aqui como fora do Brasil. O Trio Mocotó e Orlanndivo, por exemplo, tocam muito nas pistas de dança na Inglaterra e França. E agora há novos artistas conhecedores e admiradores desse movimento, todos baseados em uma só fonte: a música brasileira de boa qualidade."
Com Suingue, Daniel Lieff, Tocha Alves e a Regata pretendem resgatar de vez o samba-rock do underground. "Queremos atingir o máximo de público possível. As pessoas têm que conhecer esse som, esses artistas que estão meio esquecidos por aí", afirmam os dois cineastas. A idéia é que o filme tenha lançamento comercial nos cinemas, chegue ao circuito dos festivais e também seja exibido na TV, no Brasil e no exterior. Mas nada disso tem uma data definida ainda para se concretizar. "Estamos buscando apoio para montar e finalizar o documentário propriamente dito. E ainda falta captar algumas coisas. E incrível como é rico esse período; quanto mais mexemos, mais coisa surge à tona", contam Daniel e Tocha. Só não vale dançar enquanto segura a câmera, senão a imagem sai tremida.
"O conceito do samba-rock é muito amplo. Tanto que Suingue é só um título provisório, é difícil definir num nome só. Era um projeto que começou pequeno, e acabou virando um trabalho sobre a cultura black dos anos 70 até os dias de hoje no Brasil", explicam (via e-mail) Daniel Lieff e Tocha Alves, os diretores do filme. Tudo começou, indiretamente, por causa da gravadora Regata, de Bernardo Vilhena - que vem arregimentando artistas da nova geração do samba-rock (Seu Jorge, Clube do Balanço). "Fomos convidados pela Regata a fazer uma apresentação (em forma de video-release) para o CD do Clube do Balanço, que está para sair. Começamos a pesquisar e vimos que o assunto era muito grande; resolvemos nos aprofundar e fazer um documentário mesmo", conta a dupla de diretores.
Então, o que pode se esperar de Suingue? Basicamente, justiça aos criadores de um gênero músical legitimamente brasileiro que, de uma maneira ou outra, acabaram sumindo na poeira. Além dos artistas citados acima, muito mais gente vai estar no filme, que também vai enfocar os célebres bailões de subúrbio, o ostracismo que o samba-rock enfrentou a partir do fim dos anos 70 e o ressurgimento nos anos 90, com especial força em São Paulo.
"Temos um pesquisador em nossa equipe, o Cauê Alves, que foi atrás de livros, artigos, entrevistas sobre o samba-rock. Fomos vendo também quem era importante pro movimento, incluindo depoimentos de músicos, DJs, dançarinos, produtores e apreciadores desse gênero do balanço", adiantam Daniel e Tocha. O filme também será pródigo em entrevistas. "Preferimos não usar um locutor em off, portanto nosso documentário é todo narrado por depoimentos. Procuramos conversar com os primeiros discotecários e equipes de som, os "pirateiros" - que compilam vinis em CDs - e principalmente os artistas. Caras como Erasmo Carlos, Bebeto, Ed Motta, Marku Ribas, Luís Wagner, Cassiano, Ivo Meirelles, Carlos Dafé, Luiz Melodia, e outros que ainda estão para ser captados, além de grupos como Trio Mocotó e Banda Black Rio e a nova geração: Paula Lima, Seu Jorge, Max de Castro, Simoninha."
As entrevistas vão se juntar a diversas imagens de arquivo, captando shows de várias épocas, as famosas "feijoadas dançantes" que reuniam a elite do movimento nos anos 70 em São Paulo, festas e bailes. Daniel e Tocha já têm mais de 50 horas de material filmado (tudo em vídeo digital), juntando as partes de arquivo com as entrevistas (que foram feitas a partir de março deste ano). A idéia é montar um filme de 45 minutos ao final do processo. "Mas como em todo documentário, só depois de montado é que o roteiro se completa", afirmam os diretores.
A renovação do movimento samba-rock sem dúvida influenciou Daniel e Tocha na escolha do tema. "O samba-rock na verdade existe desde a década de 60, e surgiu como um modo de se dancar musicas em bailes de musica black em SP. E ele sempre continuou existindo: há bailes semanais em São Paulo já há mais de 25 anos consecutivos", argumentam os cineastas. "Essa nova onda talvez tenha feito com que nós também descobríssemos o movimento e fossemos pesquisar, e daí percebemos que não se trata de uma coisa passageira, como várias outras que vemos na musica brasileira atual como o axé, o novo funk, o pagode comercial."
"O fato é que os pioneiros desse estilo têm um som muito consistente", continuam Daniel e Tocha, "que agora volta a ser ouvido tanto aqui como fora do Brasil. O Trio Mocotó e Orlanndivo, por exemplo, tocam muito nas pistas de dança na Inglaterra e França. E agora há novos artistas conhecedores e admiradores desse movimento, todos baseados em uma só fonte: a música brasileira de boa qualidade."
Com Suingue, Daniel Lieff, Tocha Alves e a Regata pretendem resgatar de vez o samba-rock do underground. "Queremos atingir o máximo de público possível. As pessoas têm que conhecer esse som, esses artistas que estão meio esquecidos por aí", afirmam os dois cineastas. A idéia é que o filme tenha lançamento comercial nos cinemas, chegue ao circuito dos festivais e também seja exibido na TV, no Brasil e no exterior. Mas nada disso tem uma data definida ainda para se concretizar. "Estamos buscando apoio para montar e finalizar o documentário propriamente dito. E ainda falta captar algumas coisas. E incrível como é rico esse período; quanto mais mexemos, mais coisa surge à tona", contam Daniel e Tocha. Só não vale dançar enquanto segura a câmera, senão a imagem sai tremida.
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