Tem filho de peixe no samba
Almmirzinho, filho de Almir Guineto, lança seu primeiro CD
Mônica Loureiro
18/06/2001
Avó compositora, avô violonista, tia presidente da ala de baianas do Salgueiro, tio ex-integrante do Originais do Samba, pai cantor e compositor. Cercado por uma família assim, é quase impossível não se dedicar à música. Almmirzinho, filho de Almir Guineto, não escapou desta "sina" e está lançando "Samba", seu primeiro álbum - pelo selo independente CD Solution.
Ele começou a tocar aos 9 anos e compor aos 15. Resolveu colocar mais um "M" em seu nome, para diferenciar do Almir pai. Há cinco anos, mudou-se do subúrbio carioca para São Paulo. "O samba é muito forte em Sampa. Há todo um circuito de casas noturnas no qual os artistas podem sobreviver mesmo sem gravar disco ou tocar em rádio", justifica ele. O CD, lançado foi gravado ao vivo na casa Terra Brasil, na Vila Mariana, na cidade paulista. "Eu me apresentei lá por muito tempo, remando contra a maré do pagode romântico. Às vezes era muito difícil insistir num som mais autêntico, tradicional. Hoje o Terra Brasil é o local mais tradicional de samba de raiz na cidade, a cada domingo comparecem 1800 pessoas para sambar", conta.
Almmirzinho diz que ficou preocupado quando decidiu lançar um disco ao vivo: "É atípico você começar com um CD ao vivo e cheio de músicas inéditas. Mas valeu, o resultado foi muito bom. Deu para captar bem o calor e vibração do meu show." Das 16 faixas, nove são inéditas, incluindo as sete de sua autoria. "Sou um pouco ciumento com minhas músicas, por isso não tenho muita coisa gravada. Começo uma música e, de repente, acho que a letra combina com um ou outro e aí convido o pessoal para participar", explica.
Curioso é o processo de parceria entre pai e filho: "Eu nunca consegui compor uma música por inteiro com meu pai. Ele faz muitas coisas ao mesmo tempo e acaba dizendo: 'ah, termina aí...'. Ainda por cima tem que ter paciência, ele troca a letra umas cinco, seis vezes!", brinca. Mesmo com toda essa "dificuldade", Almir Guineto comparece no disco com cinco composições - três em parceria com o filho (Sedução, dividida também com Mazinho Xerife; Ainda Menino, com Mi Barros e Gilson de Souza; e Dor da Saudade). No encarte, papai deseja ao filho "boa sorte, sucesso e acima de tudo DEUS e muito samba."
Quem dá uma forcinha ao sambista estreante é Beth Carvalho, que divide com ele os vocais de Sete Chaves (numa participação que merece destaque até na capa do disco). "A Beth é uma grande madrinha, muito amiga do meu pai, e que viu toda a minha carreira nascendo e se desenvolvendo", conta Almmirzinho. "Ela canta em uma música muito bonita, composta pelo Arlindo Cruz (com Marquinhos PQD e Franco) e acabou dando o maior calor para a gravação. Ela sabe tudo de samba", fala o jovem Guineto.
Segundo o cantor e compositor, ter pai famoso é uma faca de dois gumes: "Ser filho do Almir pode abrir muitas portas, mas a cobrança é grande. Sempre ouvimos comparações que não são legais", explica. Além da família musical, Almmirzinho também vive cercado da rapaziada do samba. "Eu soube que o Zeca (Pagodinho) ficou muito feliz quando viu meu disco. Eu toquei com ele no começo de sua carreira, quando eu tinha uns 18 anos", diz. De Zeca, Almmirzinho incluiu A Vaca no álbum, em um pout-pourri junto a Destino de Maria e Papagaio. E tem também Dudu Nobre, "afilhado" de Pagodinho, que acabou de lançar seu segundo CD, "Moleque Dudu", com uma música de Guineto ("Orai por nós", em parceria com Lu Verci). "Para o meu próximo CD já tem uma música dele e do Luizinho SP", adianta.
Na seleção de músicas de Samba, predominam de partidos-altos e sambas de terreiro, mas com toques de romantismo. "Todo sambista tem seu lado romântico... Nosso amor, por exemplo, eu fiz para a minha mulher Mariela e até Gravatá, que tem um ritmo mais puxado, fala de amor", justifica. O show de lançamento de "Samba" aconteceu no Terra Brasil, no dia 14. O cantor e compositor ainda não tem data para shows no resto do país, onde a divulgação do CD está apenas começando. Enquanto isso, Almmirzinho garante que está se "desapegando" de suas composições (ele tem mais de 150 músicas guardadas): "O Fundo de Quintal já gravou uma e tem muita gente me ligando para pedir músicas", conta orgulhoso.
Ele começou a tocar aos 9 anos e compor aos 15. Resolveu colocar mais um "M" em seu nome, para diferenciar do Almir pai. Há cinco anos, mudou-se do subúrbio carioca para São Paulo. "O samba é muito forte em Sampa. Há todo um circuito de casas noturnas no qual os artistas podem sobreviver mesmo sem gravar disco ou tocar em rádio", justifica ele. O CD, lançado foi gravado ao vivo na casa Terra Brasil, na Vila Mariana, na cidade paulista. "Eu me apresentei lá por muito tempo, remando contra a maré do pagode romântico. Às vezes era muito difícil insistir num som mais autêntico, tradicional. Hoje o Terra Brasil é o local mais tradicional de samba de raiz na cidade, a cada domingo comparecem 1800 pessoas para sambar", conta.
Almmirzinho diz que ficou preocupado quando decidiu lançar um disco ao vivo: "É atípico você começar com um CD ao vivo e cheio de músicas inéditas. Mas valeu, o resultado foi muito bom. Deu para captar bem o calor e vibração do meu show." Das 16 faixas, nove são inéditas, incluindo as sete de sua autoria. "Sou um pouco ciumento com minhas músicas, por isso não tenho muita coisa gravada. Começo uma música e, de repente, acho que a letra combina com um ou outro e aí convido o pessoal para participar", explica.
Curioso é o processo de parceria entre pai e filho: "Eu nunca consegui compor uma música por inteiro com meu pai. Ele faz muitas coisas ao mesmo tempo e acaba dizendo: 'ah, termina aí...'. Ainda por cima tem que ter paciência, ele troca a letra umas cinco, seis vezes!", brinca. Mesmo com toda essa "dificuldade", Almir Guineto comparece no disco com cinco composições - três em parceria com o filho (Sedução, dividida também com Mazinho Xerife; Ainda Menino, com Mi Barros e Gilson de Souza; e Dor da Saudade). No encarte, papai deseja ao filho "boa sorte, sucesso e acima de tudo DEUS e muito samba."
Quem dá uma forcinha ao sambista estreante é Beth Carvalho, que divide com ele os vocais de Sete Chaves (numa participação que merece destaque até na capa do disco). "A Beth é uma grande madrinha, muito amiga do meu pai, e que viu toda a minha carreira nascendo e se desenvolvendo", conta Almmirzinho. "Ela canta em uma música muito bonita, composta pelo Arlindo Cruz (com Marquinhos PQD e Franco) e acabou dando o maior calor para a gravação. Ela sabe tudo de samba", fala o jovem Guineto.
Segundo o cantor e compositor, ter pai famoso é uma faca de dois gumes: "Ser filho do Almir pode abrir muitas portas, mas a cobrança é grande. Sempre ouvimos comparações que não são legais", explica. Além da família musical, Almmirzinho também vive cercado da rapaziada do samba. "Eu soube que o Zeca (Pagodinho) ficou muito feliz quando viu meu disco. Eu toquei com ele no começo de sua carreira, quando eu tinha uns 18 anos", diz. De Zeca, Almmirzinho incluiu A Vaca no álbum, em um pout-pourri junto a Destino de Maria e Papagaio. E tem também Dudu Nobre, "afilhado" de Pagodinho, que acabou de lançar seu segundo CD, "Moleque Dudu", com uma música de Guineto ("Orai por nós", em parceria com Lu Verci). "Para o meu próximo CD já tem uma música dele e do Luizinho SP", adianta.
Na seleção de músicas de Samba, predominam de partidos-altos e sambas de terreiro, mas com toques de romantismo. "Todo sambista tem seu lado romântico... Nosso amor, por exemplo, eu fiz para a minha mulher Mariela e até Gravatá, que tem um ritmo mais puxado, fala de amor", justifica. O show de lançamento de "Samba" aconteceu no Terra Brasil, no dia 14. O cantor e compositor ainda não tem data para shows no resto do país, onde a divulgação do CD está apenas começando. Enquanto isso, Almmirzinho garante que está se "desapegando" de suas composições (ele tem mais de 150 músicas guardadas): "O Fundo de Quintal já gravou uma e tem muita gente me ligando para pedir músicas", conta orgulhoso.