Titãs: mais velhos, sábios e irônicos
Sexteto se recupera da morte de Marcelo Fromer com o álbum A Melhor Banda De Todos Os Tempos da Ultima Semana
CliqueMusic
04/10/2001
Seis anos, que mais pareceram seis décadas - tal a quantidade e intensidade de eventos que ocorreram - separam Domingo, último álbum dos Titãs contendo músicas inéditas, do recente A Melhor Banda De Todos Os Tempos da Ultima Semana. O megasucesso que os dois discos acústicos (Acústico MTV, 1997 e Volume 2 , 1998) conseguiram, expandindo o público da banda de forma inesperada; a conseqüente superexposição; as acusações de exaustão criativa por parte da crítica (redobradas com o lançamento, em 1999, de As Dez Mais , um disco de covers); a saída da Warner, gravadora pela qual lançaram todos seus álbuns desde 1982, e o novo contrato com a Abril Music; os discos solo de Paulo Miklos, Nando Reis e Sérgio Britto; e, por último - mas nunca menos importante - a trágica morte do guitarrista Marcelo Fromer, em junho último. Miklos, Charles Gavin, Britto, Branco Mello e Nando, os Titãs remanescentes (menos Tony Bellotto) lançaram o álbum oficialmente com uma coletiva no último 2, em São Paulo, no melhor estilo "sacode-a-poeira-e-dá-a-volta-por-cima". Sem violões, sem covers, sem embarques na nova onda. Apenas os Titãs de sempre.
"Fazer este CD foi um desafio. Foi como se nos reinventássemos, uma nova estréia", classificou Nando Reis. A necessidade de reafirmação da permanência da banda (que, afinal, já está em seu 20º ano de atividade) também foi levantada por Branco Mello. "Mesmo - ou por causa - de tudo o que aconteceu, incluindo a morte do Marcelo, gravar este disco novo era nossa única escolha", fala o vocalista. Paulo Miklos prefere evocar a figura do falecido guitarrista para explicar o clima vamo-que-vamo. "Eu às vezes fico imaginando o que o Marcelo diria, se resolvéssemos parar e continuar com nossas carreiras solo", fala Miklos, que lançou em 2000 o álbum Vou Ser Feliz e Já Volto . "E ele certamente estaria dando um tremendo pito na gente. Iria perguntar 'Ei, e a banda? Cadê ela?' É por isso que queremos voltar com tudo", comenta, sorrindo.
Apesar do momento da banda demandar alguma gravidade, a ironia contida no disco novo não escapa nem à percepção da própria banda. Já a partir do título. "Há muitos anos queremos brincar com essa idéia das bandas que a imprensa e a mídia empurram pela goela do público abaixo, coisas inventadas a cada semana. E querendo ou não nós fazemos parte disso", afirma Branco. "Existe lista para tudo, é uma coisa ridícula. Tudo acaba se tornando superficial", fala Charles. Pendengas dos Titãs com a crítica são várias, e vêm de antes da superexposição trazida pelos Acústicos. Já nos anos 80 - quando o grupo era darling das redações, com discos como Cabeça Dinossauro - eles implicavam com os perigos da unanimidade. "Também já fomos criticados e acusados de tentar embarcar nessa ou naquela onda", lembra Sérgio Britto.
A ironia retorna nos títulos de algumas das novas canções. Vamos ao Trabalho pode ser uma referência à "inatividade" do conjunto nesses seis anos. "As pessoas pensam que com esses três últimos discos nós não trabalhamos, porque não havia música inéditas neles. Mas não foi nada fácil. Excursionamos muito, rodamos o Brasil sem parar", fala Nando. Outras, como Alma Lavada ou Não Fuja da Dor, abordam veladamente a questão da maturidade dos integrantes. "Agora que quase todos nós chegamos aos 40 anos, o melhor remédio é rir disso", diz Charles.
Outras ironias - desta vez, mais para o humor negro - poderiam ser identificadas em Epitáfio ou Um Morto de Férias. Referências ao falecido Marcelo Fromer? Pelo visto, não. "Um Morto de Férias foi uma idéia do próprio Marcelo, logo depois que voltamos das férias, no começo do ano. Ele disse que continuava cansado porque a família mora em Portugal e ele tinha que viajar muito para lá. Ele vinha com uma idéia na cabeça, algo tipo 'Já morri e nem sei'. A música surgiu daí", esclarece Charles. " O repertório já estava fechado antes da morte dele. Pusemos a música mesmo já sabendo que seria interpretada incorretamente", afirma Miklos, lembrando que Fromer co-escreveu seis das 16 faixas do disco. Incluindo a também fatalista Cuidado com Você, possivelmente a última canção escrita pelo guitarrista.
Presente como autor, Fromer não teve sua guitarra incluída no disco (produzido pelo americano Jack Endino). "Pensamos em usar algumas coisas que ele gravou como demo-tapes no ano passado, mas a qualidade estava muito precária", revela Miklos. No álbum, além de Bellotto, Endino e o guitarrista contratado Emerson Villani se encarregam das guitarras. Villani passará também a acompanhar os Titãs no palco. "Mas continuamos sendo seis, ninguém vai substituir o Marcelo. No palco, além do Villani, vamos ter também um percussionista, Marquinhos Lobo", diz Branco. Britto emenda: "O disco tem mais peso do que os anteriores, porque é um trabalho de banda, composto deste modo. Então no palco isso vai ter que se refletir, é natural." A estréia oficial do novo show (o primeiro do grupo sem Fromer) é dia 18 de outubro, no Credicard Hall (SP).
A "volta com tudo" a que Miklos se referiu também deve estar sendo aguardada com ansiedade pela Abril Music, de olho nos quase três milhões de cópias vendidos pelos Titãs nos últimos cinco anos. Tanto que, seguindo o exemplo de gravadoras como a Universo Paralelo e Net Records, vai lançar A Melhor Banda... também em bancas de jornal, por tempo limitado. Junto com o CD, vai uma revista que traz uma história em quadrinhos estrelada pela banda. O preço (máximo sugerido) é de R$ 19,90. "Isso é bom. Tem lugares no Brasil onde não há loja de disco, mas banca de jornal tem em qualquer esquina", opina Charles.
"Fazer este CD foi um desafio. Foi como se nos reinventássemos, uma nova estréia", classificou Nando Reis. A necessidade de reafirmação da permanência da banda (que, afinal, já está em seu 20º ano de atividade) também foi levantada por Branco Mello. "Mesmo - ou por causa - de tudo o que aconteceu, incluindo a morte do Marcelo, gravar este disco novo era nossa única escolha", fala o vocalista. Paulo Miklos prefere evocar a figura do falecido guitarrista para explicar o clima vamo-que-vamo. "Eu às vezes fico imaginando o que o Marcelo diria, se resolvéssemos parar e continuar com nossas carreiras solo", fala Miklos, que lançou em 2000 o álbum Vou Ser Feliz e Já Volto . "E ele certamente estaria dando um tremendo pito na gente. Iria perguntar 'Ei, e a banda? Cadê ela?' É por isso que queremos voltar com tudo", comenta, sorrindo.
Apesar do momento da banda demandar alguma gravidade, a ironia contida no disco novo não escapa nem à percepção da própria banda. Já a partir do título. "Há muitos anos queremos brincar com essa idéia das bandas que a imprensa e a mídia empurram pela goela do público abaixo, coisas inventadas a cada semana. E querendo ou não nós fazemos parte disso", afirma Branco. "Existe lista para tudo, é uma coisa ridícula. Tudo acaba se tornando superficial", fala Charles. Pendengas dos Titãs com a crítica são várias, e vêm de antes da superexposição trazida pelos Acústicos. Já nos anos 80 - quando o grupo era darling das redações, com discos como Cabeça Dinossauro - eles implicavam com os perigos da unanimidade. "Também já fomos criticados e acusados de tentar embarcar nessa ou naquela onda", lembra Sérgio Britto.
A ironia retorna nos títulos de algumas das novas canções. Vamos ao Trabalho pode ser uma referência à "inatividade" do conjunto nesses seis anos. "As pessoas pensam que com esses três últimos discos nós não trabalhamos, porque não havia música inéditas neles. Mas não foi nada fácil. Excursionamos muito, rodamos o Brasil sem parar", fala Nando. Outras, como Alma Lavada ou Não Fuja da Dor, abordam veladamente a questão da maturidade dos integrantes. "Agora que quase todos nós chegamos aos 40 anos, o melhor remédio é rir disso", diz Charles.
Outras ironias - desta vez, mais para o humor negro - poderiam ser identificadas em Epitáfio ou Um Morto de Férias. Referências ao falecido Marcelo Fromer? Pelo visto, não. "Um Morto de Férias foi uma idéia do próprio Marcelo, logo depois que voltamos das férias, no começo do ano. Ele disse que continuava cansado porque a família mora em Portugal e ele tinha que viajar muito para lá. Ele vinha com uma idéia na cabeça, algo tipo 'Já morri e nem sei'. A música surgiu daí", esclarece Charles. " O repertório já estava fechado antes da morte dele. Pusemos a música mesmo já sabendo que seria interpretada incorretamente", afirma Miklos, lembrando que Fromer co-escreveu seis das 16 faixas do disco. Incluindo a também fatalista Cuidado com Você, possivelmente a última canção escrita pelo guitarrista.
Presente como autor, Fromer não teve sua guitarra incluída no disco (produzido pelo americano Jack Endino). "Pensamos em usar algumas coisas que ele gravou como demo-tapes no ano passado, mas a qualidade estava muito precária", revela Miklos. No álbum, além de Bellotto, Endino e o guitarrista contratado Emerson Villani se encarregam das guitarras. Villani passará também a acompanhar os Titãs no palco. "Mas continuamos sendo seis, ninguém vai substituir o Marcelo. No palco, além do Villani, vamos ter também um percussionista, Marquinhos Lobo", diz Branco. Britto emenda: "O disco tem mais peso do que os anteriores, porque é um trabalho de banda, composto deste modo. Então no palco isso vai ter que se refletir, é natural." A estréia oficial do novo show (o primeiro do grupo sem Fromer) é dia 18 de outubro, no Credicard Hall (SP).
A "volta com tudo" a que Miklos se referiu também deve estar sendo aguardada com ansiedade pela Abril Music, de olho nos quase três milhões de cópias vendidos pelos Titãs nos últimos cinco anos. Tanto que, seguindo o exemplo de gravadoras como a Universo Paralelo e Net Records, vai lançar A Melhor Banda... também em bancas de jornal, por tempo limitado. Junto com o CD, vai uma revista que traz uma história em quadrinhos estrelada pela banda. O preço (máximo sugerido) é de R$ 19,90. "Isso é bom. Tem lugares no Brasil onde não há loja de disco, mas banca de jornal tem em qualquer esquina", opina Charles.