Tom Zé diverte a platéia com seu <i>chamegá</i>
Na estréia do show do disco Jogos de Armar, em São Paulo, o mais tropicalista dos tropicalistas arma um happening, no qual funde vários tipos de dança populares ao som dos mais inusitados instrumentos
Carlos Calado
23/11/2000
Tom Zé não deixaria por menos. No show de lançamento do CD Jogos de Armar
, quarta-feira à noite, no DirecTV Music Hall, em São Paulo, o irreverente compositor e cantor baiano surpreendeu e divertiu a platéia do começo ao fim. Muita gente não entendeu quando ele e sua banda surgiram no palco, antes mesmo que as portas da platéia fossem fechadas, que as luzes se apagassem e o costumeiro vídeo com as normas de segurança surgisse nos telões. Quem já conhecia o novo disco percebeu logo que a aparente maluquice tinha total sentido. Afinal, tratava-se de Passagem de Som, a divertida faixa de abertura. Que momento melhor haveria para mostrá-la, se não antes que o show propriamente dito começasse?
O palco mais parecia uma serralheria, com grandes armações e cavaletes de madeira sustentando esmeris, batedeiras, aspiradores de pó e liqüidificadores, transformados em bizarros instrumentos musicais. Em alguns números, como a nova versão da conhecida Jimi Renda-se, essa parafernália parecia ter vida própria, como um Frankenstein sonoro, capaz de desafiar os controles de Tom Zé e seus músicos. Tocando quase todas as faixas do novo álbum, o compositor e cantor baiano confirmou ser um showman completo, que sabe usar sua verve irônica e bem-humorada para conquistar a platéia. Até mesmo para ajudá-lo a cantar refrões recheados de palavrões, como os de Moeda Falsa ("Ô, cabrobó / eles vão tomar no fiofó").
Foi assim também com o impublicável refrão de Chamegá, outra invenção do compositor baiano, que lança um novo ritmo já acompanhado de uma espécie de dança, demonstrada com muita energia e graça por quatro casais de bailarinos. Trata-se, na verdade, de uma hilariante colagem de elementos de várias manifestações coreográficas populares brasileiras, como a umbigada, a lambada e o samba de gafieira, que se misturam a impagáveis tapas na região glútea e fungadas no pescoço.
Decidido a tirar o atraso das duas décadas em que viveu no ostracismo, Tom Zé não se contenta apenas em lançar ritmos e danças, ou em misturar formas e estilos musicais. Seu show ganha ares de happening visual e sonoro, quando as fagulhas elétricas dos esmeris produzem um hipnótico espetáculo de fogos de artifícios, que tem como trilha sonora os estranhos sons do hertzé, do buzinório, do enceroscópio e outros "instromzémentos". Entre a surpresa e o estranhamento, o que mais a platéia poderia esperar do mais tropicalista dos tropicalistas?
O palco mais parecia uma serralheria, com grandes armações e cavaletes de madeira sustentando esmeris, batedeiras, aspiradores de pó e liqüidificadores, transformados em bizarros instrumentos musicais. Em alguns números, como a nova versão da conhecida Jimi Renda-se, essa parafernália parecia ter vida própria, como um Frankenstein sonoro, capaz de desafiar os controles de Tom Zé e seus músicos. Tocando quase todas as faixas do novo álbum, o compositor e cantor baiano confirmou ser um showman completo, que sabe usar sua verve irônica e bem-humorada para conquistar a platéia. Até mesmo para ajudá-lo a cantar refrões recheados de palavrões, como os de Moeda Falsa ("Ô, cabrobó / eles vão tomar no fiofó").
Foi assim também com o impublicável refrão de Chamegá, outra invenção do compositor baiano, que lança um novo ritmo já acompanhado de uma espécie de dança, demonstrada com muita energia e graça por quatro casais de bailarinos. Trata-se, na verdade, de uma hilariante colagem de elementos de várias manifestações coreográficas populares brasileiras, como a umbigada, a lambada e o samba de gafieira, que se misturam a impagáveis tapas na região glútea e fungadas no pescoço.
Decidido a tirar o atraso das duas décadas em que viveu no ostracismo, Tom Zé não se contenta apenas em lançar ritmos e danças, ou em misturar formas e estilos musicais. Seu show ganha ares de happening visual e sonoro, quando as fagulhas elétricas dos esmeris produzem um hipnótico espetáculo de fogos de artifícios, que tem como trilha sonora os estranhos sons do hertzé, do buzinório, do enceroscópio e outros "instromzémentos". Entre a surpresa e o estranhamento, o que mais a platéia poderia esperar do mais tropicalista dos tropicalistas?