Tributo à resistência e a Humberto Teixeira
Prêmio Rival BR, entregue ontem (dia 27) no RJ, homenageou o Doutor do Baião com show de celebridades e premiou artistas independentes
Marco Antonio Barbosa
28/08/2002
Uma festa da música independente brasileira, uma homenagem a um grande nome da musicalidade nordestina e um encontro raro entre figurões consagrados da MPB. Assim, em clima de evento três-em-um, foi a entrega do primeiro Prêmio Rival BR de Música, realizada ontem (dia 27) no Teatro Rival BR (RJ). A premiação, criada pelo famoso teatro com apoio da Petrobras Distribuidora e da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, destacou os mais importantes discos e artistas surgidos no meio independente entre 2000 e este ano. Mas a entrega dos troféus - uma lira estilizada, criada pela artista Graça Coutinho - não foi a única atração da noite. Um show em tributo a Humberto Teixeira, o Grande Homenageado deste ano do prêmio, reuniu Gilberto Gil, Lenine, Elba Ramalho, Rita Ribeiro, Carmélia Alves, Zeca Pagodinho, Sivuca e o grupo Cordel do Fogo Encantado, todos fazendo releituras das principais canções do Doutor do Baião, falecido em 1979. O espetáculo foi gravado, o que irá render um CD a ser lançado em breve pela gravadora Biscoito Fino.
A gravadora carioca, aliás, levou dois dos oito troféus da premiação. Um pelo álbum Áfrico, de Sérgio Santos, ganhador do prêmio de melhor CD, e outro pelo disco O Samba É Minha Nobreza - Hermínio Bello de Carvalho ganhou na categoria produtor artístico por seu trabalho no CD duplo. Elza Soares levou o prêmio de melhor intérprete; o Paulo Sérgio Santos Trio ficou com o de melhor trabalho instrumental (pelo disco Gargalhada ); Guinga foi eleito melhor compositor, por Cine Baronesa ; o Cordel do Fogo Encantado ganhou como grupo; e o prêmio especial Resistência foi dado ao Jongo da Serrinha. A Escola de Música Zeca Pagodinho ficou com o troféu de Atitude, por seu incentivo à difusão da música popular. O júri, composto por cinco personalidades ligadas à música (o pesquisador Fred Góes, os jornalistas Tárik de Souza e Sergio Cabral e os compositores Geraldo Carneiro e Moraes Moreira), escolheu entre 250 projetos e discos, todos independentes.
Após a premiação, começou o show - que, como no Prêmio Caras, entregue semana passada, teve direção musical de Wagner Tiso. Irônico foi notar que, num evento dedicado à música independente, apenas um artista (o Cordel) não tenha contrato com uma grande gravadora. Sivuca, só com sua sanfona, abriu o espetáculo tocando Asa Branca, símbolo da parceria entre Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, parceria esta que dominou o repertório do espetáculo. Em seguida, outra veterana, Carmélia Alves, entrou em cena já acompanhada pela banda (Lula Galvão, violão; Jorge Helder, baixo; André Boxexa, bateria; Robertinho Silva e Mingo Araújo, percussão; Marcos Nimrichter, teclados; Zé Américo, sanfona; Marcio Malard, cello; Cristiano Alves, sopros; e o próprio Tiso no piano e acordeom). Carmélia cantou Adeus Maria Fulô e Baião, acompanhada por Sivuca.
Depois foi a vez do Cordel do Fogo Encantado, que dispensou a banda de apoio e veio apenas com seus tambores, violão e a performance sempre impactante do vocalista Lirinha. Ao repassar de forma visceral Zé de Salina, Mangaratiba e Trem Ô Lalá, o grupo pernambucano arrancou aplausos entusiasmados. A banda de Wagner Tiso retornou para que Rita Ribeiro cantasse Baião de São Sebastião, Sinfonia do Café (esta vindo numa bela interpretação vocal, ajudada pelo cello) e Estrada do Canindé. Gilberto Gil entrou logo depois, para mandar Juazeiro (esta com Wagner Tiso ao acordeom) e No Meu Pé de Serra.
Lenine, o próximo convidado, foi muito aplaudido ao fazer uma versão mais suingada de Qui Nem Jiló, depois de apresentar Respeita Januário. Zeca Pagodinho, o único a cantar uma só música, brincou com os músicos ("Ensaiei bastante, né?!") ao recorrer a um papel com a letra de Deus Me Perdoe. Fagner, em seguida, foi quem cantou mais. Apresentou Dono dos Teus Olhos, em versão suave, depois Xanduzinha e Calú (esta fora do roteiro original, com a participação do violonista João Lira); e encerrou sua participação num dueto com Elba Ramalho, em Légua Tirana. Sozinha, Elba cantou Paraíba e Assum Preto - que ganhou uma introdução solene e dramática, com cello e clarineta. A tristeza foi espantada pela reunião de todos os convidados (menos Pagodinho) retornando para cantar uma festiva Asa Branca.
O show também foi filmado, em película 16mm, para integrar o documentário que a atriz Denise Dummond (filha de Humberto Teixeira) está preparando, junto ao diretor Lírio Ferreira, sobre seu pai compositor. Ano que vem, o homenageado do Prêmio Rival BR será o sambista Jamelão, no ano que completa seu 90º aniversário.
A gravadora carioca, aliás, levou dois dos oito troféus da premiação. Um pelo álbum Áfrico, de Sérgio Santos, ganhador do prêmio de melhor CD, e outro pelo disco O Samba É Minha Nobreza - Hermínio Bello de Carvalho ganhou na categoria produtor artístico por seu trabalho no CD duplo. Elza Soares levou o prêmio de melhor intérprete; o Paulo Sérgio Santos Trio ficou com o de melhor trabalho instrumental (pelo disco Gargalhada ); Guinga foi eleito melhor compositor, por Cine Baronesa ; o Cordel do Fogo Encantado ganhou como grupo; e o prêmio especial Resistência foi dado ao Jongo da Serrinha. A Escola de Música Zeca Pagodinho ficou com o troféu de Atitude, por seu incentivo à difusão da música popular. O júri, composto por cinco personalidades ligadas à música (o pesquisador Fred Góes, os jornalistas Tárik de Souza e Sergio Cabral e os compositores Geraldo Carneiro e Moraes Moreira), escolheu entre 250 projetos e discos, todos independentes.
Após a premiação, começou o show - que, como no Prêmio Caras, entregue semana passada, teve direção musical de Wagner Tiso. Irônico foi notar que, num evento dedicado à música independente, apenas um artista (o Cordel) não tenha contrato com uma grande gravadora. Sivuca, só com sua sanfona, abriu o espetáculo tocando Asa Branca, símbolo da parceria entre Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, parceria esta que dominou o repertório do espetáculo. Em seguida, outra veterana, Carmélia Alves, entrou em cena já acompanhada pela banda (Lula Galvão, violão; Jorge Helder, baixo; André Boxexa, bateria; Robertinho Silva e Mingo Araújo, percussão; Marcos Nimrichter, teclados; Zé Américo, sanfona; Marcio Malard, cello; Cristiano Alves, sopros; e o próprio Tiso no piano e acordeom). Carmélia cantou Adeus Maria Fulô e Baião, acompanhada por Sivuca.
Depois foi a vez do Cordel do Fogo Encantado, que dispensou a banda de apoio e veio apenas com seus tambores, violão e a performance sempre impactante do vocalista Lirinha. Ao repassar de forma visceral Zé de Salina, Mangaratiba e Trem Ô Lalá, o grupo pernambucano arrancou aplausos entusiasmados. A banda de Wagner Tiso retornou para que Rita Ribeiro cantasse Baião de São Sebastião, Sinfonia do Café (esta vindo numa bela interpretação vocal, ajudada pelo cello) e Estrada do Canindé. Gilberto Gil entrou logo depois, para mandar Juazeiro (esta com Wagner Tiso ao acordeom) e No Meu Pé de Serra.
Lenine, o próximo convidado, foi muito aplaudido ao fazer uma versão mais suingada de Qui Nem Jiló, depois de apresentar Respeita Januário. Zeca Pagodinho, o único a cantar uma só música, brincou com os músicos ("Ensaiei bastante, né?!") ao recorrer a um papel com a letra de Deus Me Perdoe. Fagner, em seguida, foi quem cantou mais. Apresentou Dono dos Teus Olhos, em versão suave, depois Xanduzinha e Calú (esta fora do roteiro original, com a participação do violonista João Lira); e encerrou sua participação num dueto com Elba Ramalho, em Légua Tirana. Sozinha, Elba cantou Paraíba e Assum Preto - que ganhou uma introdução solene e dramática, com cello e clarineta. A tristeza foi espantada pela reunião de todos os convidados (menos Pagodinho) retornando para cantar uma festiva Asa Branca.
O show também foi filmado, em película 16mm, para integrar o documentário que a atriz Denise Dummond (filha de Humberto Teixeira) está preparando, junto ao diretor Lírio Ferreira, sobre seu pai compositor. Ano que vem, o homenageado do Prêmio Rival BR será o sambista Jamelão, no ano que completa seu 90º aniversário.
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