Um recorde e 42 anos para Renato e Seus Blue Caps

Grupo quer entrar no Guiness como banda de rock há mais tempo em atividade, e lança disco ao vivo com inéditas

Marco Antonio Barbosa
17/01/2002
O Brasil pode ganhar mais uma inclusão no Guiness Book of Records, vinda desta vez de uma fonte bem insuspeita. Renato Barros, eterno líder do grupo Renato & Seus Blue Caps, está pleiteando junto aos editores do famoso livro o reconhecimento de seu grupo como a banda de rock que está há mais tempo em atividade no mundo. "Começamos em 1960 e nunca paramos, são 42 anos de carreira ininterrupta. Todo mundo só fica falando dos Rolling Stones, mas eles só começaram em 1962!", afirma Renato, animado. A história é séria, tão séria quanto o comeback do grupo, com o álbum Ao Vivo! 2001 ouvir 30s (WEA), lançado no finalzinho do ano passado. Trata-se do primeiro registro alive da história do grupo, gravado em Fortaleza e com o reforço de cinco faixas inéditas.

Renato fala como surgiu a tal história do Guiness : "Foi um jornalista de São Paulo quem chamou a atenção para o fato. Entramos em contato com os editores do livro para saber como é que se faz para provar o recorde. A única dúvida que eu tinha era em relação aos Stones.". Não vai ser tão mole, no entanto, entrar para o livro dos recordes. "Fizeram um monte de exigências, querem depoimentos de várias pessoas para comprovar tudo - até de gente que já morreu! Fazem questão, por exemplo, que o Roberto Carlos dê uma entrevista contando como conheceu o grupo... vai ser complicado isso", reconhece Renato.

O grupo, composto oficialmente hoje de Renato (voz e guitarra), Cid (vocal) e Gelson (bateria), estava sem gravar desde 1996. "Esse último disco (Renato e Seus Blue Caps) era só de regravações, em estúdio, de músicas antigas. Não era o que queríamos fazer agora. Sempre quisemos gravar um álbum ao vivo, mas ao mesmo tempo estávamos com vontade de mostrar nossas novidades, como estamos progredindo. Daí juntamos as duas coisas", fala Renato. "Estávamos prestes a lançar o disco de forma independente, daí surgiu a Warner com uma proposta legal. Em 1999 e 2000 recebemos convites para gravar, mas não sentimos firmeza... veteranos como nós às vezes sofrem com o descaso das gravadoras", diz.

Ao Vivo! 2001 tem vários dos muitos sucessos dos Blue Caps, grande parte versões de hits estrangeiros. Não te Esquecerei (California Dreamin'), Meu Bem Não me Quer (My Baby Don't Care) e O Meu Primeiro Amor (You're Going to Lose that Girl) são alguns exemplos. Originais compostos pelo grupo, como A Primeira Lágrima e Não me Diga Adeus também batem ponto. "Nos shows era incrível, ver um monte de jovens cantando aquelas músicas de 35 anos atrás. A garotada vem falar com a gente e diz 'Não sabíamos que vocês eram tão legais!'", conta Renato.

As músicas novas foram gravadas em estúdio no Rio. Atriz, Só Falta Você, Pensamento, Que Saudade de Você e Sereia são da safra mais recente de Barros (exceto Pensamento, de Ricardo Ayres e Lúcio Mauro Filho). "Tive uma injeção de ânimo com o sucesso que a Adriana Calcanhotto fez com Devolva-me (parceria de Renato e Lilian também incluída no disco dos Blue Caps). Sinto-me em condição de concorrer com gente nova que admiro, como o Carlinhos Brown ou Herbert Vianna", fala Renato. O estilo das novas composições ainda exala a aura da Jovem Guarda. "Sempre tentei compor coisas parecidas com as dos Beatles. Nunca as igualei, claro, mas eu tento...", diz o líder dos Blue Caps.

O disco ao vivo na verdade é uma conseqüência natural da realidade que o grupo vem vivendo nos últimos anos. "Nossa vida agora é fazer shows - sempre foi, mas com nosso afastamento das gravadoras as excursões passaram a ser mais importantes que nunca", conta Renato. "Nunca paramos, apenas sumimos da mídia. Mas o nosso contato com os fãs não pára, os shows estão sempre cheios e de gente cada vez mais jovem. Sofremos um pouco na época do estouro do rock nacional, nos anos 80. Viemos recuperando nosso espaço e agora damos shows para milhares de pessoas, como quando vamos ao Nordeste", relata.