Urban Jungle mistura MPB e música eletrônica

Roberto Menescal, Andréa Marquee, Bossa Cuca Nova e Simone Moreno estão em BPM Vol.1, disco inaugural de selo criado por francês e brasileiro, que traz releituras modernas para músicas de Baden Powell e Dorival Caymmi

Carlos Calado
08/09/2000
Um pocket show com participações do compositor e violonista carioca Roberto Menescal, da cantora paulista Andréa Marquee e do grupo Bossa Cuca Nova, no próximo dia 13, marca o lançamento do CD BPM Vol. 1 (Next Brazilian Vibe Experience), projeto de estréia do selo Urban Jungle Records. O evento acontece a partir das 23h, no clube Lounge (av. Nove de Julho, 5955, Jardins, São Paulo). Recém-criado pelo produtor franco-brasileiro André Bourgeois com o baixista e produtor brasileiro Geisan Varne, esse selo pretende explorar pontos de encontro entre a música brasileira e as novas correntes da música urbana.

"Não fizemos um disco de música eletrônica. Acho que BPM Vol. 1 é um disco de música popular brasileira moderna", define Bourgeois, filho de uma brasileira, que viveu a maior parte de seus 29 anos na Suíça e na França, onde nasceu. "Cada faixa do disco traz uma proposta de mistura diferente. Acho que o Brasil tem muita coisa a oferecer à música que vem vindo por aí", afirma o produtor, dizendo sentir falta de mais ritmos brasileiros na música que tem ouvido nos clubes, quando sai à noite para dançar.

As 13 faixas do CD BPM Vol. 1 (Next Brazilian Vibe Experience) foram gravadas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Salvador, entre janeiro e junho deste ano. Músicos brasileiros de diversos gêneros colaboraram no projeto. O bossanovista Menescal participa da faixa Oxalá #1, uma homenagem a João Gilberto e ao saxofonista norte-americano Stan Getz, com letra inspirada no poeta português Fernando Pessoa e vocais de Edmon Costa, em estilo bossa jungle. Andréa Marquee e os DJs do Bossa Cuca Nova encontram-se na versão trip hop de É Preciso Perdoar, que conta também com o sax de Raul Mascarenhas. A cantora baiana Simone Moreno, hoje já mais próxima do samba do que da axé music que a lançou, comparece em Ribanceira, ao lado dos percussionistas Leo BitBit, Gustavo de Dalva e Boghan.

Alguns clássicos da música popular brasileira também ganharam versões mais contemporâneas. É o caso do afro-samba Canto de Ossanha (de Baden Powell e Vinicius de Moraes), que aparece em versão acid latin jazz com a big band paulista Havana Brasil. História de Pescadores (de Dorival Caymmi) virou jungle samba, na interpretação do cantor carioca Hebert Azul e do tecladista Claudinho Andrade.

"Não foi fácil reunir todos esses músicos. Em geral, as gravadoras não gostam que seus artistas apareçam tocando ou cantando em outro estilo", observa o produtor franco-brasileiro, que se mudou para São Paulo no início do ano. Bourgeouis revela que a produção do CD BPM Vol. 2 já começou. Para esse álbum, 10 DJs do país serão convidados a trabalhar com ritmos tipicamente brasileiros, como o frevo, o maracatu e o forró. "O interessante é que os DJs vão gravar em estúdio com bateristas de verdade. Não será um disco de remixes", esclarece o produtor, prevendo que o segundo lançamento de seu selo chega às lojas até o final do ano. "Nosso próximo passo será lançar esses trabalhos na Europa e nos EUA. Espero que isso vire um movimento. Tem muita gente por aí trabalhando nessa direção."