Vida longa ao Charlie Brown Jr.

Depois de passar por momentos complicados no início do ano, banda paulista lança o terceiro disco e lamenta ter saído do Rock in Rio 3

Tom Cardoso
24/11/2000
Disco novo, vida nova. Após passar por momentos tumultuados, que incluíram a morte do pai do vocalista Chorão e uma briga feia entre os seus integrantes, o Charlie Brown Jr. volta a sua boa mistura de rap, funk e hardcore no álbum Nadando com os Tubarões ouvir 30s. Como as músicas ainda não foram muito trabalhadas nas rádios e TVs, a coletiva concedida pela banda ontem num hotel em São Paulo girou em torno de outros assuntos, como a saída do grupo do Rock in Rio e a recente viagem de Chorão aos Estados Unidos.

O vocalista falou sem parar durante toda a entrevista. Vestido como um rapper norte-americano, com camiseta e boné do New York Knicks, ele era só elogios a Nova York, lugar onde ele confessa buscar inspiração na hora de compor boa parte das letras. "É a cidade dos meus sonhos. As pessoas andam pelas ruas do jeito que elas querem, cada um na sua, sem preconceito", elogia o vocalista, que assistiu à famosa maratona da cidade e deu de cara com o prefeito de São Paulo, Celso Pitta. "O cara estava correndo tranqüilo, numa boa, na maior cara-de-pau. Não resisti e soltei alguns palavrões pra ele."

Sobre a saída (com mais cinco bandas nacionais) do Rock in Rio 3, após desentendimentos com os organizadores, Chorão não consegue disfarçar um certo arrependimento. "Eu tenho um sentimento de perda muito grande em relação ao Rock in Rio. A banda teve uma grande votação no site do festival e com certeza iria arrebentar na sua noite", diz o vocalista, que confessa ter montado o Charlie Brown depois de assistir aos shows do Rock in Rio 2, em 1991.

Momento difícil
Meses antes de gravar o terceiro disco, o grupo passou por momentos complicados. O pai de Chorão faleceu e a tensão entre os integrantes aumentou. "Eu fiquei seis meses sem poder fazer nada, completamente perturbado com a morte de meu pai. Tive uma briga com Champignon (baixista), mas nada que não pudesse ser resolvido", diz. O álbum Nadando com os Tubarões foi o último lançado pela gravadora Virgin. A banda acabou de acertar um contrato com a EMI e espera contar com uma estrutura maior nos próximos anos. "O nosso relacionamento na Virgin estava desgastado, o que é normal depois de alguns anos de convivência. Tudo que é novo é bom", assegura o vocalista.

Enquanto o novo disco não é divulgado com mais força nas rádios, Chorão e companhia vão curtindo a versão acústica de Proibida pra Mim ouvir 30s, gravada recentemente por Zeca Baleiro no disco Líricas. Apesar de ela estar muito distante do original ouvir 30s, um grande sucesso do grupo, os skatistas (é assim que eles gostam de ser chamados) são só elogios ao músico maranhense. "Foi maravilhoso o Zeca ter regravado uma canção nossa. É um cara que faz bossa nova (sic), bem distante do nosso universo, mas que nos emocionou muito", diz o guitarrista Tiago. "Vamos sugerir que ele regrave esse nosso disco inteirinho", brinca Chorão. Detalhe: foi o maranhense quem escreveu o press release de Nadando com os Tubarões.