Vozes caladas em 2000 não silenciam
Os legados de Moreira da Silva, João Nogueira, Wilson Simonal e Baden Powell continuam vivos por meio de lançamentos póstumos ou sucessores
Nana Vaz de Castro
31/12/2000
2001 começa com menos suingue, simpatia e malandragem. O ano 2000 foi de perdas em especial para o mundo do samba. Já em 11 de fevereiro a morte de Arnaldo Rosa, crooner dos Demônios da Garoa, aos 72 anos, fazia baquear uma das mais sólidas e tradicionais instituições do samba paulista.
Junho foi o mês das despedidas de dois dos maiores e mais pessoais intérpretes do samba carioca. De uma vez só deu-se o adeus a João Nogueira (5/6), aos 58 anos, e a Moreira da Silva (6/6), o Kid Morengueira, bastião da resistência do samba-de-breque aos 98, muito bem vividos. No fim do mês (25/6) veio ainda a notícia da morte de Wilson Simonal, 61, rei da pilantragem e nome obrigatório na antologia do samba-soul, há anos exilado em injusto ostracismo.
O maior dos baques, entretanto, veio em 6 de agosto, quando, depois de semanas em meio a hospitais, clínicas e aparelhos, a música brasileira e mundial perdeu Baden Powell, compositor de talento único e intérprete que durante anos assombrou as platéias mais exigentes do planeta com sua combinação perfeita de técnica e emoção. Aos 63 anos, Baden aparentava muito mais idade, em parte graças aos excessos que pontuaram sua vida e carreira, provocando manchas em uma trajetória musical que, entre outros marcos, mudou os rumos do violão brasileiro.
Obras que permanecem
Mas, como não podia deixar de ser, em se tratando de artistas de tal calibre, suas obras continuam mais que vivas em 2001. Baden deixou pronto o disco Lembranças, lançado postumamente pela Trama, e sua memória permanece nas mãos de seus dois talentosos filhos, Marcel e Philipe. Os filhos são também os seguidores do legado de Wilson Simonal. Max de Castro e Wilson Simoninha, que em 2000 desfrutaram de boa exposição da mídia, desenvolvem paralelamente trabalhos musicais que, mais longe ou mais perto, remetem ao suingue e ao balanço de Simonal.
João Nogueira, sem sucessores imediatos em seu estilo, reaparece em compilação inédita da Lumiar, que teve a boa idéia de reunir as faixas que João gravou para as diversas edições de songbooks da editora, interpretando alguns dos maiores compositores da MPB (leia crítica).
Já Moreira da Silva ganha um tributo especial no ano que vem, feito por Jards Macalé, que o próprio Morengueira escolheu como sucessor. Macalé Canta Moreira sai pela Lua Discos dentro do pacote de samba que inclui ainda discos de Guilherme de Brito e Casquinha, da Velha Guarda da Portela.
Junho foi o mês das despedidas de dois dos maiores e mais pessoais intérpretes do samba carioca. De uma vez só deu-se o adeus a João Nogueira (5/6), aos 58 anos, e a Moreira da Silva (6/6), o Kid Morengueira, bastião da resistência do samba-de-breque aos 98, muito bem vividos. No fim do mês (25/6) veio ainda a notícia da morte de Wilson Simonal, 61, rei da pilantragem e nome obrigatório na antologia do samba-soul, há anos exilado em injusto ostracismo.
O maior dos baques, entretanto, veio em 6 de agosto, quando, depois de semanas em meio a hospitais, clínicas e aparelhos, a música brasileira e mundial perdeu Baden Powell, compositor de talento único e intérprete que durante anos assombrou as platéias mais exigentes do planeta com sua combinação perfeita de técnica e emoção. Aos 63 anos, Baden aparentava muito mais idade, em parte graças aos excessos que pontuaram sua vida e carreira, provocando manchas em uma trajetória musical que, entre outros marcos, mudou os rumos do violão brasileiro.
Obras que permanecem
Mas, como não podia deixar de ser, em se tratando de artistas de tal calibre, suas obras continuam mais que vivas em 2001. Baden deixou pronto o disco Lembranças, lançado postumamente pela Trama, e sua memória permanece nas mãos de seus dois talentosos filhos, Marcel e Philipe. Os filhos são também os seguidores do legado de Wilson Simonal. Max de Castro e Wilson Simoninha, que em 2000 desfrutaram de boa exposição da mídia, desenvolvem paralelamente trabalhos musicais que, mais longe ou mais perto, remetem ao suingue e ao balanço de Simonal.
João Nogueira, sem sucessores imediatos em seu estilo, reaparece em compilação inédita da Lumiar, que teve a boa idéia de reunir as faixas que João gravou para as diversas edições de songbooks da editora, interpretando alguns dos maiores compositores da MPB (leia crítica).
Já Moreira da Silva ganha um tributo especial no ano que vem, feito por Jards Macalé, que o próprio Morengueira escolheu como sucessor. Macalé Canta Moreira sai pela Lua Discos dentro do pacote de samba que inclui ainda discos de Guilherme de Brito e Casquinha, da Velha Guarda da Portela.