Xis analisa o movimento

Uma das grandes revelações do rap brasileiro em 2000 fala sobre o ano que passou e arrisca prognósticos para 2001

Silvia D
21/12/2000
Marcelo Santos, Preto Bomba, ou simplesmente Xis foi um dos mais ativos nomes da cena rap no biênio 99-2000. Abriu sua própria gravadora, a 4P, lançou um disco solo, Seja Como For, e conquistou o público, a crítica e as rádios com Us Mano As Mina, que levou ainda o prêmio de Melhor Video de Rap. Contrastando com a imagem violenta que ilustra a capa de seu disco (que põe em primeiro plano uma arma), Xis deu, com a maior simpatia, um depoimento exclusivo a CliqueMusic sobre o ano rap 2000.

"Este foi um dos melhores anos para o rap brasileiro, não só pra mim, mas para vários grupos, 509-E, MV Bill, SNJ, DMN e outros. Quem faz rap está mais profissional, acreditando mais na musicalidade, pesquisando mais. Ainda existe a barreira econômica, o acesso a estúdios e equipamentos ainda é limitado, mas quem possui um ou outro, usa solidariamente, é de um, é de todos. A criatividade compensa a falta de equipamento; o rapper brasileiro tem que estar preparado para vender 500 mil discos.

No primeiro disco, eu usei só sampler, não tive grana pra fazer nada mais pretensioso, horas de estúdio... aos poucos estou montando um estúdio caseiro. Mas a estrutura de shows continua bem mais precária, pra todos nós. Quero fazer shows com efeitos visuais, cenários, figurinos. Muitos artistas produzem discos elaborados, difíceis de reproduzir ao vivo sem uma estrutura apropriada. Estamos na correria pra viabilizar isso aí.

Mas se esse ano foi bom, 2001 vai pegar fogo. Já produzimos (através da 4p, companhia de discos/produtora de Xis e KL Jay) dois eventos de grande porte, trazendo atrações internacionais; esse intercâmbio é muito importante. Agora em janeiro, o Millenium Rap vai juntar 50, 60 mil pessoas, de novo com nomes importantes do rap internacional. Já estou planejando os próximos lançamentos. Gravei uma música (Tudo Por Você Também) pro disco do KL Jay e penso em fazer um disco só com as minhas participações em discos de outros artistas (Estado Crítico, DJ Jamaika, Maurício Manieri, Possementezulu, e outros). Por causa desse trampo conjunto, meu próximo disco deve se chamar Fortificando a Desobediência. Pela 4p também vamos lançar a Cohab 2 Lado Leste Itaquera, um tipo de jam session, só com grupos lá da minha área."

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