Zezé Motta grava homenagem a Elizeth Cardoso
Disco da cantora é a única homenagem aos 80 anos da Divina
Rodrigo Faour e Nana Vaz de Castro
14/07/2000
Divina Saudade é o nome do novo CD de Zezé Motta, depois de cinco anos ausente dos estúdios. Como o próprio nome sugere, é um tributo à memória de Elizeth Cardoso – única homenagem confirmada nos 80 anos de seu nascimento. A cantora entra em estúdio no dia 16, dia do aniversário da homenageada, para começar a gravar as 20 canções escolhidas por ela e seu produtor Roberto Menescal. "Acho que no momento em que a indústria da música dá espaço para tanta gente que não canta, que acorda e pensa que é cantora, acho bom lembrar que temos uma Elizeth", afirma Zezé.
Zezé diz que não se ligou em efemérides. Quando teve a idéia do disco, não sabia que Elizeth estaria completando 80 anos neste ano e nem que já faz dez anos que ela nos deixou, vítima de câncer. "Foi uma coisa meio mágica", afirma."Quando estava gravando a minha última novela, assim que relaxei com meu personagem, já comecei a pensar no que faria depois que ela terminasse. Um dia acordei, talvez por ter ouvido alguma música dela na véspera e pensei: vou homenagear Elizeth!", justifica. Como as gravadoras têm estado mais abertas para projetos especiais do que para discos de músicas inéditas de MPB, Zezé preferiu deixar na gaveta músicas inéditas para uma outra oportunidade. "Tenho um material enorme de excelentes compositores – veteranos e estreantes – para fazer vários discos. Mas o momento era o de Elizeth".
No repertório há grandes clássicos como Nossos Momentos, Tudo É Magnífico, Feitio de Oração, Prece, Barracão, A Noite do Meu Bem, Chega de Saudade, entre outras. "Difícil foi escolher 20 músicas pois ela só gravou pérolas de Pixinguinha, Vinicius, Haroldo Barbosa, Haroldo Lobo, Antonio Maria... uma loucura!". Zezé confessa que para reviver cantora de tal importância, tratou de seguir certa disciplina. "Como respeito muito a Divina, voltei para a aula de canto para cantar bem o repertório dela. Entrei também numa academia. Estou com seis quilinhos a mais (risos), tenho que emagrecer porque ela era muito chique e elegante", diverte-se.
Direitos autorais inviabilizam projetos
A escassez de homenagens a uma cantora do porte de Elizeth é lamentada pelo biógrafo da cantora, Sérgio Cabral. "A falta de eventos comemorativos contribui para o esquecimento", teme o jornalista. Segundo Cabral, algumas homenagens foram interditadas pela família da cantora. Um exemplo foi o espetáculo Divina 80 Anos, montado em abril no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ) com as cantoras Soraya Ravenle, Alaíde Costa, Áurea Martins e Zezé Gonzaga interpretando canções celebrizadas por Elizeth. Previsto para ficar em cartaz por quatro semanas, só ficou uma e meia e foi cancelado, por causa de um processo por uso de imagem impetrado pelo filho de Elizeth.
Dono da gravadora Lumiar, o produtor Almir Chediak tentou lançar no Brasil o CD duplo com a íntegra do show de Elizeth, Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbro Trio em 1968 no teatro João Caetano. A gravação do show, considerado antológico, foi lançada na época pelo Museu da Imagem e do Som em um LP duplo, e relançado em CD no Japão. Mas a quantia pedida pelo filho da cantora para a liberação dos direitos autorais, segundo Almir, inviabilizou o projeto. "Cheguei a ir na casa dele duas vezes, tínhamos acertado que ele receberia royalties como todos os outros músicos e herdeiros, mas quando fui tratar com a advogada dele, tudo havia mudado. O valor pedido era um absurdo", diz. Para ele, o lançamento seria muito mais importante pelo registro e preservação de memória do que pelo caráter comercial.
Zezé diz que não se ligou em efemérides. Quando teve a idéia do disco, não sabia que Elizeth estaria completando 80 anos neste ano e nem que já faz dez anos que ela nos deixou, vítima de câncer. "Foi uma coisa meio mágica", afirma."Quando estava gravando a minha última novela, assim que relaxei com meu personagem, já comecei a pensar no que faria depois que ela terminasse. Um dia acordei, talvez por ter ouvido alguma música dela na véspera e pensei: vou homenagear Elizeth!", justifica. Como as gravadoras têm estado mais abertas para projetos especiais do que para discos de músicas inéditas de MPB, Zezé preferiu deixar na gaveta músicas inéditas para uma outra oportunidade. "Tenho um material enorme de excelentes compositores – veteranos e estreantes – para fazer vários discos. Mas o momento era o de Elizeth".
No repertório há grandes clássicos como Nossos Momentos, Tudo É Magnífico, Feitio de Oração, Prece, Barracão, A Noite do Meu Bem, Chega de Saudade, entre outras. "Difícil foi escolher 20 músicas pois ela só gravou pérolas de Pixinguinha, Vinicius, Haroldo Barbosa, Haroldo Lobo, Antonio Maria... uma loucura!". Zezé confessa que para reviver cantora de tal importância, tratou de seguir certa disciplina. "Como respeito muito a Divina, voltei para a aula de canto para cantar bem o repertório dela. Entrei também numa academia. Estou com seis quilinhos a mais (risos), tenho que emagrecer porque ela era muito chique e elegante", diverte-se.
Direitos autorais inviabilizam projetos
A escassez de homenagens a uma cantora do porte de Elizeth é lamentada pelo biógrafo da cantora, Sérgio Cabral. "A falta de eventos comemorativos contribui para o esquecimento", teme o jornalista. Segundo Cabral, algumas homenagens foram interditadas pela família da cantora. Um exemplo foi o espetáculo Divina 80 Anos, montado em abril no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ) com as cantoras Soraya Ravenle, Alaíde Costa, Áurea Martins e Zezé Gonzaga interpretando canções celebrizadas por Elizeth. Previsto para ficar em cartaz por quatro semanas, só ficou uma e meia e foi cancelado, por causa de um processo por uso de imagem impetrado pelo filho de Elizeth.
Dono da gravadora Lumiar, o produtor Almir Chediak tentou lançar no Brasil o CD duplo com a íntegra do show de Elizeth, Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbro Trio em 1968 no teatro João Caetano. A gravação do show, considerado antológico, foi lançada na época pelo Museu da Imagem e do Som em um LP duplo, e relançado em CD no Japão. Mas a quantia pedida pelo filho da cantora para a liberação dos direitos autorais, segundo Almir, inviabilizou o projeto. "Cheguei a ir na casa dele duas vezes, tínhamos acertado que ele receberia royalties como todos os outros músicos e herdeiros, mas quando fui tratar com a advogada dele, tudo havia mudado. O valor pedido era um absurdo", diz. Para ele, o lançamento seria muito mais importante pelo registro e preservação de memória do que pelo caráter comercial.
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