AQUI, ALI, EM QUALQUER LUGAR
Rita Lee (2001)
Crítica
Cotação:
Rita Lee é como Paul McCartney. Quando todo mundo pensa que ela já disse tudo o que tinha pra dizer, Rita entra na área, dribla todos os adversários e faz um golaço. Como em tudo o que suscite paixões (e trangressões), há os que aplaudam e os que vaiem. A despeito de despertar a ira de beatlemaníacos radicais, muitos dos quais a esta altura devem estar planejando um ataque terrorista às carótidas de Rita, Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar é uma bem-sucedida leitura - pra lá de livre - de intocáveis clássicos de Lennon-McCartney. Clássicos que Lovely Rita, com a cumplicidade de Roberto de Carvalho, ousou tocar.
Quatro canções receberam letras em português, distantes da literalidade ingênua das versões da Jovem Guarda (quem se lembra do "Ah, deixa essa boneca faça-me o favor", que Renato e seus Blue Caps fizeram de I Should Have Known Better?). In My Life, uma das mais belas baladas escritas por Lennon, tem em Minha Vida uma adaptação fiel à melancolia nostálgica da matriz britânica. Aqui, Ali Em Qualquer Lugar (Here, There and Everywhere) alcança a porção mutante de Canção Para Inglês Ver (Lamartine Babo), ao rimar "I love you pra chuchu" com "fico jururu". Em Tudo Por Amor (Can't Buy Me Love), Rita transmuta "ferrari" em "se ferrar", "dindim" em "chinfrim", ajusta milionário com ranário. Michelle desvenda, na sanfona de Toninho Ferragutti, o contraponto impressionista que o pop beatle encobriu. With a Little Help From My Friends e Lucy in the Sky with Diamonds transpiram jazz e bossa, na cadência do piano de João Donato. A Hard Day's Night, I Wanna Hold Your Hand (ambas com João Barone na batera) e Pra Você Eu Digo Sim, versão de If I Fell, reaproximam a ruiva das FMs. O triângulo xote de All My Loving, ao refazer o elo entre o gênero e seu ancestral, scottish, encontra uma raiz nada quadrada, comum à dinastia escocesa dos McCartney.(Julio Moura)
Quatro canções receberam letras em português, distantes da literalidade ingênua das versões da Jovem Guarda (quem se lembra do "Ah, deixa essa boneca faça-me o favor", que Renato e seus Blue Caps fizeram de I Should Have Known Better?). In My Life, uma das mais belas baladas escritas por Lennon, tem em Minha Vida uma adaptação fiel à melancolia nostálgica da matriz britânica. Aqui, Ali Em Qualquer Lugar (Here, There and Everywhere) alcança a porção mutante de Canção Para Inglês Ver (Lamartine Babo), ao rimar "I love you pra chuchu" com "fico jururu". Em Tudo Por Amor (Can't Buy Me Love), Rita transmuta "ferrari" em "se ferrar", "dindim" em "chinfrim", ajusta milionário com ranário. Michelle desvenda, na sanfona de Toninho Ferragutti, o contraponto impressionista que o pop beatle encobriu. With a Little Help From My Friends e Lucy in the Sky with Diamonds transpiram jazz e bossa, na cadência do piano de João Donato. A Hard Day's Night, I Wanna Hold Your Hand (ambas com João Barone na batera) e Pra Você Eu Digo Sim, versão de If I Fell, reaproximam a ruiva das FMs. O triângulo xote de All My Loving, ao refazer o elo entre o gênero e seu ancestral, scottish, encontra uma raiz nada quadrada, comum à dinastia escocesa dos McCartney.(Julio Moura)
Faixas