CANÇÕES DE TOM E VINÍCIUS
Jane Duboc / Tetê Espíndola / Vânia Bastos / Mônica Salmaso / O Mestre Leo Peracchi e a Jazz Sinfônica / Ná Ozzetti (2002)
Crítica
Cotação:
Mais do que um tributo emocionante, mais do que uma rara reunião de um
punhado de ótimas cantoras brasileiras, este álbum é também a tentativa de
reparação de uma injustiça: o pouco valor dado hoje em dia à obra do maestro
Leo Peracchi. O arranjador paulistano, influência decisiva no desenvolvimento da
musicalidade de Tom Jobim, tem recriado neste CD seu trabalho mais
marcante - as orquestrações criadas para o LP Por Toda a Minha Vida, de
Lenita Bruno (1959), composto apenas por canções de Tom e Vinicius de Morais.
Não faltam críticos e estudiosos da MPB para apontar a importância do disco de
59; os arranjos orquestrais de Peracchi deram régua e compasso para as
sonoridades que Tom Jobim iria trabalhar no seu período pós-bossa. Sob a
supervisão de Eduardo Gudin, reuniram-se no Sesc Pompéia em agosto do ano
passado as cantoras Jane Duboc, Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Celine Imbert,
Tetê Espíndola, Vânia Bastos e Myriam Peracchi (filha de Leo) para dar voz às
músicas de Tom e Vinicius. As partituras seguiam fielmente os arranjos originais de
Peracchi. E o resultado foi pura beleza; encontro das belas vozes das moças com
a orquestração interpretada pela Jazz Sinfônica (regida por João Maurício
Galindo), sobre canções hoje clássicas, que dispensam maiores
comentários.
São 13 faixas, nas quais as cantoras se alternam num crescendo de emoção que desemboca ao final com a reunião das sete afinadíssimas intérpretes. Nos arranjos pensados por Peracchi e preservados por Gudin, pode-se notar a adequação pioneira do ambiente orquestral às sutilezas da canções de Jobim/Vinicius. Peracchi preferiu a elegância contida, sublinhando as melodias ao invés de sufocá-las. Como não é todo mundo que tem acesso às gravações originais de Por Toda a Minha Vida, hoje, mais de 40 anos depois, o trabalho de Peracchi soa novo, quase inédito. A força que as cantoras emprestam às músicas completa o efeito. Vale destacar a tocante interpretação de Mônica Salmaso para As Praias Desertas e o arrepio que Jane Duboc causa em sua versão para Canção do Amor Demais - ainda que qualquer uma das interpretações do álbum mereça elogios iguais. Ao final, com todas as cantoras mandando ver em Eu Sei que Vou Te Amar, fica a certeza da qualidade vocal de todas, da expertise orquestral de Peracchi e do acerto total que foi o lançamento deste tributo. (Marco Antonio Barbosa)
São 13 faixas, nas quais as cantoras se alternam num crescendo de emoção que desemboca ao final com a reunião das sete afinadíssimas intérpretes. Nos arranjos pensados por Peracchi e preservados por Gudin, pode-se notar a adequação pioneira do ambiente orquestral às sutilezas da canções de Jobim/Vinicius. Peracchi preferiu a elegância contida, sublinhando as melodias ao invés de sufocá-las. Como não é todo mundo que tem acesso às gravações originais de Por Toda a Minha Vida, hoje, mais de 40 anos depois, o trabalho de Peracchi soa novo, quase inédito. A força que as cantoras emprestam às músicas completa o efeito. Vale destacar a tocante interpretação de Mônica Salmaso para As Praias Desertas e o arrepio que Jane Duboc causa em sua versão para Canção do Amor Demais - ainda que qualquer uma das interpretações do álbum mereça elogios iguais. Ao final, com todas as cantoras mandando ver em Eu Sei que Vou Te Amar, fica a certeza da qualidade vocal de todas, da expertise orquestral de Peracchi e do acerto total que foi o lançamento deste tributo. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas