INTUIÇÃO
Daniel Carlomagno / Zélia Duncan / Pedro Mariano / César Camargo Mariano (2002)
Crítica
Cotação:
Não raro, a intuição nos leva a palmear caminhos já conhecidos, em busca de segurança. Olhando por este prisma, o título do novo álbum de Pedro Mariano é bem adequado. O intérprete segue sua tarefa de complementar a "porção compositora" dos Artistas Reunidos, mantendo total identidade entre seu trabalho e o dos pares Jair Oliveira e Daniel Carlomagno (Max de Castro é outra história). Uma musicalidade que busca o ponto de fusão entre a black music brazuca dos anos 70, o pop-romântico contemporâneo e as influências do r'n'b e do jazz ianques. A fórmula não tem erro, já testada nos trabalhos anteriores e (principalmente) afinada nos shows. Intuição reforça o papel de PM como porta-voz do "novo som da Trama"; uma síntese sofisticada de elementos populares e cult, que mesmo nutrindo-se de referências familiares (por vezes óbvias), consegue soar com personalidade. Falta ao cantor apenas "A" canção, que possa arrebatar o público de forma categórica; a ambientação cool do disco acaba criando um distanciamento, uma sensação de emoção suspensa. Chegaria ele lá no próximo trabalho?
O típico clima "Artistas Reunidos" pode ser ouvido em faixas como O Amor se Acaba, Pode Ser ou Distante Calma, que poderiam entrar sem muitos retoques nos discos dos companheiros de PM. O approach não se limita às faixas cedidas por Jair e Carlomagno. Pedro Mariano submete tanto o pop fluido de De Repente (momento menor de Lulu Santos) quanto a bossa nova de Você Vai Ver (Tom Jobim, aqui vertido em uma balada soul) a sua proposta sônica. A produção (do próprio Pedro, com o pai Cesar Camargo e Otavio de Moraes) adiciona sofisticações extra à equação, em pequenos detalhes. Como na longa Seja Melhor, encorpada com um naipe de cellos e uma sutil guitarra jazzy. No outro extremo, no qual o suingue deveria se impôr, há as experiências de samba funkeado (ou funk sambeado?) da faixa-título e de O Furacão. E o clima black entra em primeiro plano em Por Amar e Tudo Certo. De resto, a homenagem de Pedro à mãe Elis (na regravação de 20 Anos Blues) funciona como resumo da ópera: climática, mas contida demais, sem surpresas. Falta rasgar o protocolo um pouco. (Marco Antonio Barbosa)
O típico clima "Artistas Reunidos" pode ser ouvido em faixas como O Amor se Acaba, Pode Ser ou Distante Calma, que poderiam entrar sem muitos retoques nos discos dos companheiros de PM. O approach não se limita às faixas cedidas por Jair e Carlomagno. Pedro Mariano submete tanto o pop fluido de De Repente (momento menor de Lulu Santos) quanto a bossa nova de Você Vai Ver (Tom Jobim, aqui vertido em uma balada soul) a sua proposta sônica. A produção (do próprio Pedro, com o pai Cesar Camargo e Otavio de Moraes) adiciona sofisticações extra à equação, em pequenos detalhes. Como na longa Seja Melhor, encorpada com um naipe de cellos e uma sutil guitarra jazzy. No outro extremo, no qual o suingue deveria se impôr, há as experiências de samba funkeado (ou funk sambeado?) da faixa-título e de O Furacão. E o clima black entra em primeiro plano em Por Amar e Tudo Certo. De resto, a homenagem de Pedro à mãe Elis (na regravação de 20 Anos Blues) funciona como resumo da ópera: climática, mas contida demais, sem surpresas. Falta rasgar o protocolo um pouco. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas