LUIZ AVELLAR, NICO ASSUMPÇÃO E KIKO FREITAS TOCANDO VICTOR ASSIS BRASIL
Victor Assis Brasil / Nico Assumpção / Luiz Avellar / Kiko Freitas (2000)
2000
Combo Music
C-06001
Crítica
Cotação:
Gravado ao vivo no Mistura Fina do Rio dias 30 e 31 de março e 1º de abril de 2000, este disco reaviva a obra de um dos maiores jazzistas brasileiros, o saxofonista carioca Victor Assis Brasil (1945-1981). Iniciado no acordeon, depois gaita e bateria, ele descobriu o sax aos 17 anos e estudou com Paulo Moura, um dos maiores do instrumento. Em 1966, aos 21 anos, levado por Friedrich Gulda, classificou-se em terceiro lugar no concurso internacional de Viena, julgado por seu descobridor e mais o recém-falecido ás do trombone jazzístico, J.J. Johnson, o tecladista do Weather Report Joe Zawinul e o saxofonista Cannonball Adderley, um dos ídolos de Victor como o também saxofonista Phil Woods, a quem ele dedica Waltz for Phil. É o tema que abre o disco gravado por um trio de rara coesão formado por Luiz Avellar (piano, que Victor incentivou no início da carreira), o recém-falecido baixista Nico Assumpção (provavelmente em seu último registro) e o baterista Kiko Freitas.
A liberdade de improviso à serviço da imaginação, que sempre norteou a carreira do saxofonista - um dos ases da cena jazz & bossa a partir dos anos 60, que gravou discos memoráveis como Desenhos(1966), Trajeto (1968), Toca Tom Jobim (1971) e Ao Vivo no Teatro Galeria (1974) - domina o CD. Em Arroio, com percussão levemente salseira, Nico Assumpção cita no improviso de seu baixo cantante Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso. Também utilizando o formato facilmente jazzificável da valsa, Waltzing ganha o tempero de Chovendo na Roseira(Tom Jobim) pelos dedos de Avellar. Ele utiliza todo o seu vigor do seu toque no suingado intenso (pontuado por muitas escalas) de Onix, servido por um aliciante solo de rufos do baterista Kiko. A participação do sax tenor mineiro Nivaldo Ornellas em Balada para Nadia só reforça o clima (John) coltraneano do tema, que remete ao disco de baladas divinamente interpretadas pelo mestre americano. A guitarra de Ricardo Silveira baliza Blues For Mr. Saltzman através de solos chorados, mas há espaço para outros improvisos do trio na mais longa das faixas do CD (ultrapassa 14 minutos). A jam session fecha com o veloz e balançado Tema pro Einhorn (dedicado ao gaitista e compositor Mauricio Einhorn), pontuado pelo baixo jazzy de Nico, outra perda irreparável para as hostes instrumentais do país. O CD acaba tocando também em sua memória.
(Tárik de Souza)
A liberdade de improviso à serviço da imaginação, que sempre norteou a carreira do saxofonista - um dos ases da cena jazz & bossa a partir dos anos 60, que gravou discos memoráveis como Desenhos(1966), Trajeto (1968), Toca Tom Jobim (1971) e Ao Vivo no Teatro Galeria (1974) - domina o CD. Em Arroio, com percussão levemente salseira, Nico Assumpção cita no improviso de seu baixo cantante Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso. Também utilizando o formato facilmente jazzificável da valsa, Waltzing ganha o tempero de Chovendo na Roseira(Tom Jobim) pelos dedos de Avellar. Ele utiliza todo o seu vigor do seu toque no suingado intenso (pontuado por muitas escalas) de Onix, servido por um aliciante solo de rufos do baterista Kiko. A participação do sax tenor mineiro Nivaldo Ornellas em Balada para Nadia só reforça o clima (John) coltraneano do tema, que remete ao disco de baladas divinamente interpretadas pelo mestre americano. A guitarra de Ricardo Silveira baliza Blues For Mr. Saltzman através de solos chorados, mas há espaço para outros improvisos do trio na mais longa das faixas do CD (ultrapassa 14 minutos). A jam session fecha com o veloz e balançado Tema pro Einhorn (dedicado ao gaitista e compositor Mauricio Einhorn), pontuado pelo baixo jazzy de Nico, outra perda irreparável para as hostes instrumentais do país. O CD acaba tocando também em sua memória.
(Tárik de Souza)
Faixas