O SERESTEIRO
Silvio Caldas (1958)
1958
Mocambo
40.235
Crítica
Cotação:
Um dos quatro grandes da época de ouro ao lado de Francisco Alves, Orlando Silva e Carlos Galhardo, o carioca Silvio Narciso de Figueiredo Caldas (1908-1998) invadiu a era da MPB moderna conservando sua pegada seresteira com notas alongadas debruçadas sobre glissandos orquestrais. Neste disco, presumivelmente lançado em 1958 (não há qualquer informação no encarte da reedição em CD), já às vésperas da bossa nova, Silvio tem um de seus desempenhos mais grandiloqüentes com a luxuriante ajuda do maestro Renato de Oliveira. O arranjo sinfônico que abre a bela Rosa de Maio (Custódio Mesquita/ Evaldo Ruy) seria até interessante não fosse a barroca escadaria de teclados que irrompe várias vezes na faixa. Também o megaclássico Carinhoso (Pixinguinha/ João de Barro) recebe seu glacê, porém em doses menores e mais palatáveis. O samba-canção pré-bossa novista Um Cantinho e Você (José Maria de Abreu/ Jair Amorim) do repertório inovador de Dick Farney, ganha uma roupagem conservadora enquanto a Manhã de Carnaval (Luis Bonfá/ Antonio Maria), já enquadrada no movimento, recebe uma aragem jazzística num leve solo de sax. Silvio, por sua vez inflama-se nas modinheiras Azulão (Heckel Tavares/ Luiz Peixoto) e Coração (Marcelo Tupinambá/ Ariovaldo Pires) com violinos em massa. As pretensões eruditas do arranjador conjugadas ao derramamento do intérprete adequam-se pelo menos à Modinha (Serestas - peça no. 5) de Villa-Lobos (letra de Manduca Piá). Mas o desengonçado arranjo da marchinha junina O Balão do Amor (Francisco Alves/ Orestes Barbosa) injetada de um coro chapado no final do disco mostra que a concepção deste O Seresteiro desafinou. E isso nada tem a ver com a composição de Tom Jobim e Newton Mendonça que estava saindo do forno naquela época para virar a MPB de pernas para o ar.(Tárik de Souza)
Faixas