REALEJO FORROZEIRO - RILDO HORA INTERPRETA LUIZ GONZAGA
Luiz Gonzaga / Rildo Hora (2000)
2000
Paulus
7339-3
Crítica
Cotação:
Pernambucano de Caruaru, Rildo Hora prefere chamar a gaita de realejo, o nome usado por seus conterrâneos, o que não deixa de conferir uma conotação ainda mais redutora ao instrumento de tão poucos recursos. As limitações, no entanto, parecem operar como desafio na sustentação deste disco de 10 faixas (19 músicas, na maioria acopladas duas a duas) em torno do vasto repertório do rei do baião Luiz Gonzaga (1912-1989), lançado em LP em 1988 e agora em CD. O projeto parece ter-se originado nas performances do Festival da Gaitas nos domingos antigos da rádio Nacional apresentado por Paulo Gracindo, onde Rildo (hoje o mais destacado produtor do samba de raiz) já pontificava tocando Asa Branca. É a faixa que abre o disco, adicionada a outro clássico, Assum Preto (ambas da dupla Gonzaga/ Humberto Teixeira) com uma introdução de acordes em dissonância que lembra o estilo de um mestre do instrumento, Edu da Gaita (Eduardo Nadruz, 1916-1982). O centro da gaita, digo, realejo, é dividido com o acordeon de outro ás, o gaúcho forrozeiro de Santa Cruz do Sul Romeu Seibel, o Chiquinho do Acordeon (1928-1993) numa tabelinha permanente. Outros destaques são o baixo de Luizão e o violão de Neco.
O grupo formado traça com habilidade xotes, cocos, baiões, quadrilhas e xaxados da lavra de Gonzaga e parceiros (além de Teixeira, Zé Dantas e Hervê Cordovil). No xadrez quase sempre arbitrário dos pot-pourris, Xote das Meninas casa (bem) com Cintura Fina, Baião tem tudo a ver com A Dança da Moda, mas a dolente Qui Nem Jiló contrasta com a espevitada Xanduzinha. A gaita de Rildo não se limita a uma transcrição literal do tema. Enfia alguns contrapontos de improviso quase jazzístico como em A Volta da Asa Branca e incrementa o picotado ritmico na dupla dançante Forró no Escuro e Vem Morena. É disco para ouvir as nuanças com atenção e ainda arrastar a sandália dos neoforrozeiros universitários.(Tárik de Souza)
O grupo formado traça com habilidade xotes, cocos, baiões, quadrilhas e xaxados da lavra de Gonzaga e parceiros (além de Teixeira, Zé Dantas e Hervê Cordovil). No xadrez quase sempre arbitrário dos pot-pourris, Xote das Meninas casa (bem) com Cintura Fina, Baião tem tudo a ver com A Dança da Moda, mas a dolente Qui Nem Jiló contrasta com a espevitada Xanduzinha. A gaita de Rildo não se limita a uma transcrição literal do tema. Enfia alguns contrapontos de improviso quase jazzístico como em A Volta da Asa Branca e incrementa o picotado ritmico na dupla dançante Forró no Escuro e Vem Morena. É disco para ouvir as nuanças com atenção e ainda arrastar a sandália dos neoforrozeiros universitários.(Tárik de Souza)
Faixas
Assum preto (Humberto Teixeira - Luiz Gonzaga)
Cintura fina (Luiz Gonzaga - Zé Dantas)
Xanduzinha (Humberto Teixeira - Luiz Gonzaga)
A volta da asa branca (Zé Dantas - Luiz Gonzaga)
A dança da moda (Luiz Gonzaga - Zé Dantas)
Baião da garoa (Luiz Gonzaga - Hervê Cordovil)
No meu pé de serra (Humberto Teixeira - Luiz Gonzaga)
Vem morena (Luiz Gonzaga - Zé Dantas)
Impertinente (Luiz Gonzaga)