SIMPLESMENTE MAYSA
Maysa (2000)
2000
Som Livre
00982
Crítica
Cotação:
Uma cantora que nos deixou há quase 25 anos, mas ainda soa atual e é capaz de arrepiar a cada vez que seus discos são tocados não pode ser esquecida assim. Seu nome é Maysa. Entre 1956 e 74, a cantora gravou discos na RGE, Columbia, Elenco, RCA, Copacabana, Philips e Evento. A caixa de quatro CDs Simplesmente Maysa que a Som Livre está vendendo exclusivamente por telefone e pelo seu site na Internet traz fonogramas de várias fases de sua carreira. Apesar de dispensar as datas das gravações, traz belas fotos e textos, como aquele em que o poeta Manoel Bandeira comparou seus olhos a "dois oceanos não pacíficos". O lançamento é oportuno para mostrar ao público porque "Maysa é Maysa é Maysa é Maysa" – como diria o nome de um de seus velhos LPs. Trata-se de uma cantora única. Sempre inquieta musicalmente, Maysa além de tudo sempre teve um bom gosto extremo para escolher repertório. E com sua voz quente e densa, totalmente climática, ela passeia por pérolas que vão do samba-canção à bossa nova e standards internacionais. Simplesmente Maysa traz na sua maioria o repertório da RGE – sua fase áurea –, mas pinça também preciosidades das outras gravadoras. Caso da Philips, onde a cantora gravou o LP Ando Só Numa Multidão de Amores, em 1970, produzida por Roberto Menescal. São desse disco As Três Lágrimas (Ary Barroso) e Molambo (Jayme Florence e Augusto Mesquita). Do LP ao vivo no Canecão (Copacabana, 1969), há preciosos registros, como o hit do grupo The Doors, Light My Fire (!), o rock Se Você Pensa (Roberto e Erasmo) e um Ne Me Quittes Pas de cortar os pulsos. Ainda ao vivo, do álbum gravado na boate Au Bon Gourmet (Elenco, 1964), há o bolero La Barca e a antológica dobradinha com Demais (que virou seu prefixo, "Todos acham que eu falo demais/ E que ando bebendo demais") e I’ve Got You Under My Skin, que deveria vir precedida de um aviso antes de ser executada – é capaz de levar ao êxtase o ouvinte desavisado. No entanto, da Columbia, há uma versão de O Barquinho (61), na qual ela quase o afunda graças a sua interpretação densa demais. As demais faixas são de sua rica fase na RGE, da qual fazem parte sambas-canções clássicos de sua autoria (Ouça, Meu Mundo Caiu, Adeus, Resposta e a superfossa Felicidade Infeliz) ou de outros autores (Bouquet de Isabel, Bom Dia Tristeza, Suas Mãos, Franqueza). Maysa canta sambalanços e bossas deliciosos, como Murmúrio, Cheiro de Saudade, E Daí?, Quem Quiser Encontrar o Amor, A Mesma Rosa Amarela, A Felicidade, além de sua sublime versão para Nós e o Mar. No âmbito internacional, é interessante ouvir o que ela consegue fazer com boleros tão batidos como Besame Mucho. É inacreditável. De lambuja, o ouvinte pode se deliciar com as americanas What’s New? e I Love Paris ou com a francesa Um Jour Tu Verras. Não há como resistir. Maysa é Maysa é Maysa etc...(Rodrigo Faour)
Faixas
DISCO 1
DISCO 2
DISCO 3
I've got you under my skin (Cole Porter)
DISCO 4
