ZONA E PROGRESSO
Pedro Luís (2001)
2001
MP,B
3259120035523
Crítica
Cotação:
O esquema de Pedro Luís e sua Parede continua a ser a liquidificação de fragmentos vindos de todo o lugar - samba, funk, pop, maracatu, africanidade e não pára por aí - tudo "organizado" sob a égide da batucada. Ainda que visando primordialmente a fazer o ouvinte requebrar, PL&AP em seu terceiro álbum atinge um refinamento ausente em seus outros trabalhos. Letras mais consistentes e sutilezas inesperadas em meio ao batuque fazem com que o conjunto de canções aqui brilhe mais. Além disso, chama a atenção a consciente tentativa de criar um conceito que amarre as músicas, a partir do próprio título do disco - que sumariza o método de composição do grupo e se desenha nas letras, encharcadas de pasmo sobre a zona nacional, mas sem perder o bom humor. Mais: há um equilibrio maior entre a instintiva (e inteligente) barragem sonora do grupo e a qualidade das canções, que antes (ocasionalmente) sucumbiam à força dos arranjos. Em suma, é um progresso para o grupo, que parece achar cada vez mais sentido em sua zona particular.
Sem precisar prestar contas a ninguém, o grupo se apropria de leve da onda samba-rock e trama suingue de rara extração em faixas como Do Leme ao Leblon e na própria música-título. Mas o suíngue de PL&AP tem assinatura própria, mesmo relendo canções alheias; vide o tratamento "sacundin" dado a Saudação a Toco Preto, de Candeia, e o surpreedente resgate de Nega de Obluaê (um Wando setentão, ainda imerso no samba-rock e antes das calcinhas). A ponte com o Nordeste, às vezes não muito clara na fusão sonora da banda, marca presença em Ciranda do Mundo e Dez de Queixo, ambas nutridas de sons tipicamente pernambucanas. Como também pernambucana é a talvez melhor canção do álbum, Morbidance (de Lula Queiroga, Lucky Luciano e Felipe Falcão). Se o clima pesa nesta e em outras faixas do disco (como Batalha Naval ou na discursiva Não ao Desperdício), Pedro Luís rebate com delicadeza e equilibra tudo, ao som de Parte Coração, sambinha ortodoxo e sutil.(Marco Antonio Barbosa)
Sem precisar prestar contas a ninguém, o grupo se apropria de leve da onda samba-rock e trama suingue de rara extração em faixas como Do Leme ao Leblon e na própria música-título. Mas o suíngue de PL&AP tem assinatura própria, mesmo relendo canções alheias; vide o tratamento "sacundin" dado a Saudação a Toco Preto, de Candeia, e o surpreedente resgate de Nega de Obluaê (um Wando setentão, ainda imerso no samba-rock e antes das calcinhas). A ponte com o Nordeste, às vezes não muito clara na fusão sonora da banda, marca presença em Ciranda do Mundo e Dez de Queixo, ambas nutridas de sons tipicamente pernambucanas. Como também pernambucana é a talvez melhor canção do álbum, Morbidance (de Lula Queiroga, Lucky Luciano e Felipe Falcão). Se o clima pesa nesta e em outras faixas do disco (como Batalha Naval ou na discursiva Não ao Desperdício), Pedro Luís rebate com delicadeza e equilibra tudo, ao som de Parte Coração, sambinha ortodoxo e sutil.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas