Valsa
"Tu és divina e graciosa,
Estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada"
(Rosa, valsa de Pixinguinha e Otávio de Souza)
Embora conhecida desde o século XV, quando surgiu na Alemanha, a valsa só seria aprovada na Europa no início do século XIX, quando se expandiu como uma das danças de salão mais apreciadas no mundo ocidental. Foi por essa época (1808) que a família real portuguesa a trouxe para o Brasil. Gênero ternário, o primeiro a ser dançado por pares enlaçados, a valsa adquiriu formas distintas ao adaptar-se ao gosto dos países que a importaram. Assim aconteceu no Brasil, onde está presente em todos os níveis musicais, do folclórico ao erudito, destacando-se principalmente no popular.
A mais antiga notícia que se tem de valsas brasileiras encontra-se no diário de Sigismund Neukomm, músico austríaco que viveu no Rio de Janeiro entre 1816 e 1821. Lá, nos dias 6 e 16/11/1816, estão registrados a realização de uma fantasia sobre uma pequena valsa e os arranjos para orquestra, com trios, de outras seis compostas por S.A.R., o príncipe Dom Pedro. Pertenceria assim a Sua Alteza Real, o então jovem príncipe, depois Imperador Pedro I, a primazia da autoria de valsas no Brasil.
Embora viesse a se tornar um dos gêneros mais difundidos, a valsa só começou a se firmar entre nós na segunda metade do século XIX, a princípio como composição instrumental e depois, já na virada do século XX, como canção. A partir de então consolidou-se como forma preferida de música romântica, hegemonia que só veio a perder no final da década de 1940 para o samba-canção. Seu prestígio chegou a influenciar a própria modinha, que acabou adotando o padrão três-por-quatro. Fizeram valsas no século XIX compositores como Salvador Fábregas, Francisco Libânio Colás, João Batista Cimbres, Antônio dos Santos Bocot, o erudito Carlos Gomes e os grandes Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Anacleto de Medeiros.
Da sertaneja à carnavalesca
No século XX, a valsa está presente na obra de quase todos os nossos compositores, diversificada nos mais variados estilos. Assim, por exemplo, temos a valsa sertaneja (Saudades do Matão, de Jorge Galati e Raul Torres), a valsa sentimental, quase modinha (Caprichos do Destino, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano), valsa cômica (Romance de uma Caveira, de Alvarenga, Ranchinho e Chiquinho Sales), a comemorativa de efemérides (Bodas de Prata, de Roberto Martins e Mário Rossi), a mística (Ave Maria, de Erotides de Campos), a carnavalesca (Nós Queremos uma Valsa, de Nássara e Frazão), a de homenagem a cidades (Tardes em Lindóia, de Zequinha de Abreu, e Valsa de uma Cidade, de Ismael Neto e Antônio Maria) e muitas outras mais.
Comprova ainda a força do gênero a existência de um período, entre 1935 e 1942, auge da popularidade dos cantores Orlando Silva, Silvio Caldas e Francisco Alves, em que dezenas de valsas se consagraram como clássicos de nossa música popular: Lábios que Beijei (J.Cascata e Leonel Azevedo), Rosa (Pixinguinha e Otávio de Souza), Deusa da Minha Rua (Newton Teixeira e Jorge Faraj), Velho Realejo (Custódio Mesquita e Sadi Cabral), Canta Maria (Ary Barroso), Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo e Francisco Matoso)...
Finalmente, com o crescimento do samba-canção e, em seguida, a chegada da bossa nova, a valsa perdeu terreno, figurando esporadicamente na produção de nossos compositores. Mesmo assim, sobrevive em composições como Eu Te Amo (Tom Jobim e Chico Buarque) e Luíza (Tom Jobim), que Jobim chamava de "minhas francesas".
Músicas
Grande Valsa da Bravura (Carlos Gomes) – Arthur Moreira Lima
Elegantíssima (Ernesto Nazareth) – Arthur Moreira Lima
Ave Maria (Erotides de Campos) – Augusto Calheiros
Branca (Zequinha de Abreu) – Abel Ferreira
Saudades do Matão (Jorge Galati/ Raul Torres) – Altamiro Carrilho
Lábios que Beijei (J.Cascata/ Leonel Azevedo) – Orlando Silva
Rosa (Pixinguinha/ Otávio de Souza) – Orlando Silva
Deusa da Minha Rua (Newton Teixeira/ Jorge Faraj) – Silvio Caldas
Canta Maria (Ary Barroso) – Orlando Silveira
Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo/ Francisco Matoso) – Francisco Alves
Velho Realejo (Custódio Mesquita/ Sadi Cabral) – Silvio Caldas
Nós Queremos uma Valsa (Nássara/ Frazão) – Carlos Galhardo
A Mulher que Ficou na Taça (Orestes Barbosa/ Francisco Alves) – Francisco Alves
A Você (Ataulfo Alves/ Aldo Cabral) – Carlos Galhardo
Alma dos Violinos (Alcir Pires Vermelho/ Lamartine Babo) – Leo Peracchi
Boa Noite, Amor (José Maria de Abreu/ Francisco Matoso) – Elis Regina
Súplica (Otávio Gabus Mendes/ José Marcílio/ Déo) – Orlando Silva
Eu Te Amo (Antonio Carlos Jobim/ Chico Buarque) – Quarteto em Cy e MPB-4
Luiza (Antonio Carlos Jobim) – Antonio Carlos Jobim
Estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada"
(Rosa, valsa de Pixinguinha e Otávio de Souza)
Embora conhecida desde o século XV, quando surgiu na Alemanha, a valsa só seria aprovada na Europa no início do século XIX, quando se expandiu como uma das danças de salão mais apreciadas no mundo ocidental. Foi por essa época (1808) que a família real portuguesa a trouxe para o Brasil. Gênero ternário, o primeiro a ser dançado por pares enlaçados, a valsa adquiriu formas distintas ao adaptar-se ao gosto dos países que a importaram. Assim aconteceu no Brasil, onde está presente em todos os níveis musicais, do folclórico ao erudito, destacando-se principalmente no popular.
A mais antiga notícia que se tem de valsas brasileiras encontra-se no diário de Sigismund Neukomm, músico austríaco que viveu no Rio de Janeiro entre 1816 e 1821. Lá, nos dias 6 e 16/11/1816, estão registrados a realização de uma fantasia sobre uma pequena valsa e os arranjos para orquestra, com trios, de outras seis compostas por S.A.R., o príncipe Dom Pedro. Pertenceria assim a Sua Alteza Real, o então jovem príncipe, depois Imperador Pedro I, a primazia da autoria de valsas no Brasil.
Embora viesse a se tornar um dos gêneros mais difundidos, a valsa só começou a se firmar entre nós na segunda metade do século XIX, a princípio como composição instrumental e depois, já na virada do século XX, como canção. A partir de então consolidou-se como forma preferida de música romântica, hegemonia que só veio a perder no final da década de 1940 para o samba-canção. Seu prestígio chegou a influenciar a própria modinha, que acabou adotando o padrão três-por-quatro. Fizeram valsas no século XIX compositores como Salvador Fábregas, Francisco Libânio Colás, João Batista Cimbres, Antônio dos Santos Bocot, o erudito Carlos Gomes e os grandes Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Anacleto de Medeiros.
Da sertaneja à carnavalesca
No século XX, a valsa está presente na obra de quase todos os nossos compositores, diversificada nos mais variados estilos. Assim, por exemplo, temos a valsa sertaneja (Saudades do Matão, de Jorge Galati e Raul Torres), a valsa sentimental, quase modinha (Caprichos do Destino, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano), valsa cômica (Romance de uma Caveira, de Alvarenga, Ranchinho e Chiquinho Sales), a comemorativa de efemérides (Bodas de Prata, de Roberto Martins e Mário Rossi), a mística (Ave Maria, de Erotides de Campos), a carnavalesca (Nós Queremos uma Valsa, de Nássara e Frazão), a de homenagem a cidades (Tardes em Lindóia, de Zequinha de Abreu, e Valsa de uma Cidade, de Ismael Neto e Antônio Maria) e muitas outras mais.
Comprova ainda a força do gênero a existência de um período, entre 1935 e 1942, auge da popularidade dos cantores Orlando Silva, Silvio Caldas e Francisco Alves, em que dezenas de valsas se consagraram como clássicos de nossa música popular: Lábios que Beijei (J.Cascata e Leonel Azevedo), Rosa (Pixinguinha e Otávio de Souza), Deusa da Minha Rua (Newton Teixeira e Jorge Faraj), Velho Realejo (Custódio Mesquita e Sadi Cabral), Canta Maria (Ary Barroso), Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo e Francisco Matoso)...
Finalmente, com o crescimento do samba-canção e, em seguida, a chegada da bossa nova, a valsa perdeu terreno, figurando esporadicamente na produção de nossos compositores. Mesmo assim, sobrevive em composições como Eu Te Amo (Tom Jobim e Chico Buarque) e Luíza (Tom Jobim), que Jobim chamava de "minhas francesas".
Músicas
Grande Valsa da Bravura (Carlos Gomes) – Arthur Moreira Lima
Elegantíssima (Ernesto Nazareth) – Arthur Moreira Lima
Ave Maria (Erotides de Campos) – Augusto Calheiros
Branca (Zequinha de Abreu) – Abel Ferreira
Saudades do Matão (Jorge Galati/ Raul Torres) – Altamiro Carrilho
Lábios que Beijei (J.Cascata/ Leonel Azevedo) – Orlando Silva
Rosa (Pixinguinha/ Otávio de Souza) – Orlando Silva
Deusa da Minha Rua (Newton Teixeira/ Jorge Faraj) – Silvio Caldas
Canta Maria (Ary Barroso) – Orlando Silveira
Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda (Lamartine Babo/ Francisco Matoso) – Francisco Alves
Velho Realejo (Custódio Mesquita/ Sadi Cabral) – Silvio Caldas
Nós Queremos uma Valsa (Nássara/ Frazão) – Carlos Galhardo
A Mulher que Ficou na Taça (Orestes Barbosa/ Francisco Alves) – Francisco Alves
A Você (Ataulfo Alves/ Aldo Cabral) – Carlos Galhardo
Alma dos Violinos (Alcir Pires Vermelho/ Lamartine Babo) – Leo Peracchi
Boa Noite, Amor (José Maria de Abreu/ Francisco Matoso) – Elis Regina
Súplica (Otávio Gabus Mendes/ José Marcílio/ Déo) – Orlando Silva
Eu Te Amo (Antonio Carlos Jobim/ Chico Buarque) – Quarteto em Cy e MPB-4
Luiza (Antonio Carlos Jobim) – Antonio Carlos Jobim
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