A MÚSICA BRASILEIRA DESTE SÉCULO POR SEUS AUTORES E INTÉRPRETES - PAULINHO DA VIOLA E OS QUATRO CRIOULOS
Elton Medeiros / Nelson Sargento / Jair do Cavaquinho / Anescar do Salgueiro / Cinco Crioulos, Os / Paulinho da Viola (2000)
Crítica
Cotação:
Gravado em julho de 1990, o programa Ensaio que teve como convidado Paulinho da Viola foi uma espécie de "pegadinha" de bom gosto. Os entrevistadores puxam o assunto do espetáculo Rosa de Ouro, estréia profissional de Paulinho (1965) e pedem para que cante a música que introduzia os músicos, Quatro Crioulos, de Elton Medeiros e Joacyr Santana. Neste instante, o sambista é surpreendido pela presença dos próprios Crioulos - Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Anescar do Salgueiro e Nelson Sargento. Mesmo surpreso, Paulinho não perde a pose, e continua cantando enquanto os quatro entram tocando seus instrumentos. E quando termina a música, Paulinho trata de improvisar uma completa apresentação de cada um daqueles velhos amigos, como se tivesse decorado o texto. Um luxo. A partir de então, tudo ganha caráter de improviso, com os violões de Paulinho e Nelson, o cavaquinho de Jair, o tamborim de Anescar e a caixa de fósforo de Elton. "Anescar, canta um samba que você tenha composto para a quadra do Salgueiro, que, se cantar hoje lá todo mundo vai cantar junto". "Água do Rio", responde o salgueirense, já dando a deixa para os primeiros acordes.
Os sambas cantados pelos cinco são ótimos, sem dúvida, mas o que mais interessa neste disco é a discussão encetada pelo grupo sobre o samba, as escolas, as diferenças entre os carnavais passados e os atuais (de 1990), a presença de carnavalescos e outros profissionais em detrimento da comunidade na indústria do carnaval... É um clima informal, com todos entrevistando todos. "Há uma incompatibilidade do meu temperamento como fazedor de samba e o clima que existe hoje na escola de samba; o perfil da escola hoje não condiz com o meu perfil de sambista", analisa Elton. "A nossa alegria era fazer um samba de quadra, chegar na quadra, ver todo mundo cantando o samba da gente... hoje não tem", lamenta o portelense Jair, acrescentando: "mas como eu sou daquele tempo, também quero mostrar um samba aqui". E tome Em Meu Barracão de Zinco. Entre os sambas, em sua maioria muito conhecidos (O Sol Nascerá, Agoniza Mas Não Morre, Rosa de Ouro), há pelo menos uma pérola rara: Um Barracão de Madeira, do sambista Colher, da Aprendizes de Lucas, escola de Elton Medeiros, cantada por Elton como exemplo de samba de quadra dos velhos tempos. E também tem Paulinho cantando Doce Melodia (que logo depois foi gravada por Marisa Monte), numa época em que quase ninguém "fora da comunidade" do samba conhecia os versos de Bubu e Jamelão.
Alguns dos momentos de maior empolgação são quando lembram os sucessos do espetáculo Rosa de Ouro, que na ocasião completava 25 anos: Só pra Chatear, Pam Pam Pam, Se Eu Pudesse (de que ninguém se lembrou direito) e Rosa de Ouro, e ainda um samba que integrou o repertório do disco Roda de Samba, do conjunto A Voz do Morro, do qual todos participaram: Pecadora. São ótimas versões, promovendo a volta - mesmo que momentânea - desses dois conjuntos (Rosa de Ouro e Voz do Morro) que nos anos 60 deixaram marcas profundas na história do samba dito de raiz. De estranhar mesmo só o cavaquinho na última faixa (Rosa de Ouro), incrivelmente desafinado. Vale lembrar que os discos desta coleção não são vendidos separadamente. Mais informações no site do Sesc-SP.(Nana Vaz de Castro)
Os sambas cantados pelos cinco são ótimos, sem dúvida, mas o que mais interessa neste disco é a discussão encetada pelo grupo sobre o samba, as escolas, as diferenças entre os carnavais passados e os atuais (de 1990), a presença de carnavalescos e outros profissionais em detrimento da comunidade na indústria do carnaval... É um clima informal, com todos entrevistando todos. "Há uma incompatibilidade do meu temperamento como fazedor de samba e o clima que existe hoje na escola de samba; o perfil da escola hoje não condiz com o meu perfil de sambista", analisa Elton. "A nossa alegria era fazer um samba de quadra, chegar na quadra, ver todo mundo cantando o samba da gente... hoje não tem", lamenta o portelense Jair, acrescentando: "mas como eu sou daquele tempo, também quero mostrar um samba aqui". E tome Em Meu Barracão de Zinco. Entre os sambas, em sua maioria muito conhecidos (O Sol Nascerá, Agoniza Mas Não Morre, Rosa de Ouro), há pelo menos uma pérola rara: Um Barracão de Madeira, do sambista Colher, da Aprendizes de Lucas, escola de Elton Medeiros, cantada por Elton como exemplo de samba de quadra dos velhos tempos. E também tem Paulinho cantando Doce Melodia (que logo depois foi gravada por Marisa Monte), numa época em que quase ninguém "fora da comunidade" do samba conhecia os versos de Bubu e Jamelão.
Alguns dos momentos de maior empolgação são quando lembram os sucessos do espetáculo Rosa de Ouro, que na ocasião completava 25 anos: Só pra Chatear, Pam Pam Pam, Se Eu Pudesse (de que ninguém se lembrou direito) e Rosa de Ouro, e ainda um samba que integrou o repertório do disco Roda de Samba, do conjunto A Voz do Morro, do qual todos participaram: Pecadora. São ótimas versões, promovendo a volta - mesmo que momentânea - desses dois conjuntos (Rosa de Ouro e Voz do Morro) que nos anos 60 deixaram marcas profundas na história do samba dito de raiz. De estranhar mesmo só o cavaquinho na última faixa (Rosa de Ouro), incrivelmente desafinado. Vale lembrar que os discos desta coleção não são vendidos separadamente. Mais informações no site do Sesc-SP.(Nana Vaz de Castro)
Faixas