AMOR, MEU GRANDE AMOR - NORA NEY e JORGE GOULART
Nora Ney / Jorge Goulart (2000)
Crítica
Cotação: 
Casal na vida real, de intensas afinidades políticas, os cantores Jorge Goulart (Jorge Neves Bastos, Rio, 1926) e Nora Ney (Iracema de Souza Ferreira, Rio, 1922) sempre soaram distantes no plano estético. Nora começou cantando repertório internacional e diplomou-se nos sambas canções de fossa do início dos anos 50 com uma curiosa recaída: uma gravação em inglês do emblemático Rock Around the Clock, sucesso fundador do gênero por Bill Halley. Goulart, remanescente dos vozeirões do bel canto, sempre navegou pela MPB mais tradicional. Esta garimpagem do pesquisador e produtor Leon Barg desenterra raridades e em alguns momentos faz convergir a dupla musicalmente. Jorge invade a área de Nora em Fulana de Tal, um típico samba canção de dor de cotovelo dos que celebrizaram a cantora, da lavra de um de seus principais fornecedores o cronista Antonio Maria. Dele, Nora canta o megaclássico Ninguém Me Ama (com Fernando Lobo) e Onde Anda Você? (com Reinaldo Dias Leme), mas é na seresteira valsa Amor, Meu Grande Amor (H. Crolla, versão de Caribé da Rocha) que ela aproxima-se do padrão tradicionalista do parceiro na antologia. A maior surpresa do baú, no entanto, são as quatro primeiras gravações de Goulart (Paciência Coração, A Volta, Nem Tudo É Possível, Feliz Ilusão), de 1945, em que ele imitava Orlando Silva – embora o contracapista prefira compara-lo ao copista do original, Nelson Gonçalves. Da fase "normal" de Goulart, já à bordo do vozeirão aberto, destacam-se Mês de Maria, Laura, Falua e Além do Céu. Fora os supracitados, Nora esmalta a voz seca em grandes sucessos pessoais como De Cigarro em Cigarro, Bar da Noite, Duas Lacraias e o Tom Jobim inicial do samba canção Solidão (com Alcides Fernandes).(Tárik de Souza)
Faixas
