RAÍZES DO SAMBA - OS CINCO CRIOULOS
Nelson Sargento / Elton Medeiros / Mauro Duarte / Cinco Crioulos, Os (2000)
Crítica
Cotação:
Reunindo faixas dos três discos lançados pelos Cinco Crioulos pela Odeon em 1967, 68 e 69, a coletânea que a EMI põe agora no mercado é fundamental em qualquer discoteca de samba. Os cinco bambas acima de qualquer suspeita – Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Mauro Duarte, Nelson Sargento, Anescar (Nescarzinho) do Salgueiro –, egressos dos conjuntos A Voz do Morro e Rosa de Ouro (grupo que nasceu do show de mesmo nome e que incluía Paulinho da Viola, substituído aqui sem prejuízo por Mauro Duarte), fizeram uma seleção de sambas (antigos e inéditos) que engloba diversas escolas e compositores. São cinco crioulos representando cinco escolas: Aprendizes de Lucas (Elton), Mangueira (Sargento), Portela (Jair), Império Serrano (Mauro) e Salgueiro (Anescar). As pérolas vão se sucedendo, passando por sambas-enredo (O Mundo Encantado de Monteiro Lobato, enredo da Mangueira campeã de 1967; e Chica da Silva, que deu ao Salgueiro o campeonato de 1963), Ary Barroso (Eu Nasci no Morro), Ataulfo Alves e Wilson Batista (Oh! Seu Oscar, lançado por Cyro Monteiro em 1940 e aqui interpretado por Jair) e até o mítico (controvérsias à parte) "primeiro samba gravado da história", Pelo Telefone (Donga/Mauro de Almeida), tendo Elton Medeiros como solista. E muito antes da moda, Anescar do Salgueiro já fazia em 69 uma "releitura" de Gargalhei, gravada originalmente por Carlos Galhardo trinta anos antes. Os arranjos são deliciosos e dão ao disco todo o clima de roda de samba bem cuidada e bem produzida, como em Fica Doido Varrido, Arrasta a Sandália, A Primeira Escola e Abre a Janela. Além da base regional impecável de violão, cavaquinho e percussão afinadíssima, flautas, saxofones e trombones dão o incremento diferencial, graças à maestria de Altamiro Carrilho, Abel Ferreira, Maestro Nelsinho e companhia (Só Vou Dizer, Em Cima da Hora, Lamentação). O encarte é pobre em informações, limitando-se ao nome das músicas e seus autores, mas a direção musical nos três discos do conjunto deveu-se ao maestro Lyrio Panicalli. Não por acaso, os dois primeiros discos do conjunto se chamaram Samba no Duro. Hoje os integrantes do grupo – defasado com as perdas de Anescar e Mauro – continuam em atividade. Seu Jair do Cavaquinho é uma das estrelas do último disco da Velha Guarda da Portela (Tudo Azul); Elton Medeiros continua compondo, se apresentando e escrevendo, e organiza para o próximo carnaval um rancho carnavalesco como nos velhos tempos; Nelson Sargento acaba de comemorar 76 anos com um show dedicado a Geraldo Pereira. Personalidades atuantes no mundo do samba, que há mais de trinta anos já diziam a que vinham. Imperdível.(Nana Vaz de Castro)
Faixas